terça-feira, 10 de setembro de 2019

As incongruências do líder do PAIGC.

Por Dauda Sanó 

Há dias, eu acompanhava pela rádio, o comício do líder do PAIGC, nos bairros de Luanda e impantcha, naquilo que parecia ser uma pre-campanha antecipada, durante o qual ele proferiu um discurso em que tenta explicar as razões da sua candidatura, como se para isso tivesse alguma obrigação ou ônus de fundamentação/justificação política.

Afirmava ele em comício, que se candidatou às eleições presidenciais para garantir que o governo do partido de que é lider chegue ao termo do seu mandato.

Na hora pus-me a pensar se este seria, realmente, aquele homem sobre cuja inteligência se falou muito? Não quis e nem pude acreditar que um homem da dimensão que dizem ele possuir, escolheria uma frivolidade para justificar a sua candidatura a um cargo de supremo valor, como seja a presidência da República.

Cá por mim, quem se candidata ao cargo do Primeiro magistrado da nação deve ter uma razão ou um motivo nobre que o mova a tomar tal decisão, como tal e qual o bem estar social colectivo: como sejam direito Liberdade e garantias dos cidadãos. Ou servir de árbitro para que nenhum cidadão seja molestado em seus Direitos individuais.

Candidatar-se apenas, para defender o governo de um partido político é um incongruente paradoxo.

Desde logo porque o cargo da suprema magistratura deve ser supra-partidária, por isso mesmo diz a Constituição da República Guuneense, que ela é incompatível com quaisquer outras funções públicas ou privadas.

Um presidente deve ser arbitro entre poderes, por isso mesmo não deve ter programa, plano ou estratégia próprios. Deve ter, sim, visão saliente, ouvidos apurados e acima de tudo, bom senso.

Não parace ser isso que ouvimos da boca do presidente do PAIGC e candidato apoiado pelo mesmo partido. Em comício realizado no espaço verde, para o lançamento da sua candidatura, sempre a seu jeito de quem gosta de fazer uso barato das palavras, sem se ocupar do seu real sentido e significado, dizia o líder PAIGC o seguinte:

ser presidente é algo de muita responsabilidade. E prossegue: um candidato à presidência deve ter um programa e uma estratégia. Noutra passagem ainda, afirmou que muitos dizem que as funções de um Presidente da República, num sistema semi-presidencialista do nosso mdelo, é de corta fitas. E disse que assim deve ser. Um presidente, segundo ele, não deve intervir em assuntos da governação por ser a matéria da exclusiva competência do governo.

Ouvi-lhe e deu-me a vontade de rir. Como é que um indivíduo ou um candidato à presidência, que afirma ter estratégia e planos próprios, pode dizer que, em caso da sua vitória eleitoral, será um presidente isento e não intervencionista em assunto de governação? Ou então não sabe o que significa estratégia? Será que ele sabe que a estratégia pressupõe, sempre, a existência de um adversário contra o qual se pretende tirar proveito? Quem será então o seu adversário? Um árbitro em campo não deve possuir estratégia e nem tática, basta que ele esteja atento a execução dos planos e estratégias dos treinadores contentores de modo a sanciaonar as infrações, caso houverem.

Tal como árbitro, assim também deve agir um Presidente da República. Ele não tem a equipe. Não está para o governo e nem para oposição. Ele deve estar pela Paz e bem estar de todos. Numa só palavra, um presidente é sempre pelo povo.

Bem-haja a todos!

Dauda Sanó

10.09.2019

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