terça-feira, 15 de maio de 2018
IX CONGRESSO DO PAIGC - VEREDICTO FINAL
Os rumores que dão conta das reais possibilidades do IX Congresso do PAIGC vir a ser anulado pelo Supremo tribunal de justiça, têm fundamentos muito consistentes, julgando pela forma arcaica como foi organizado, assim como pelas graves irregularidades que marcaram os eventos (Assembleias e Conferências) que precederam a sua realização.
Tristemente célebre pelas clivagens internas resultantes de divergências recalcadas, do inconformismo e descontentamento interno, derivados de questões mal resolvidas que transitaram do Congresso de Cacheu, mormente caracterizado pelo espirito de exclusão e de expurga partidária, o IX Congresso Ordinário do PAIGC, reunido de 01 à 05 de Fevereiro do corrente ano de 2018 em Bissau, sob o lema “PAIGC Unido na disciplina pelos ideais de Amílcar Cabral ao serviço da paz, estabilidade e desenvolvimento da Guiné-Bissau”, entrará para a história como o evento magno mais controverso e mais decepcionante da história do Partido de Amílcar Cabral.
O percurso histórico do PAIGC, de Cacheu à Bissau, deixou bem evidentes as fragilidades das suas Estruturas e as debilidades dos seus Órgãos de decisão: Um Partido com a dimensão, as potencialidades e as experiências do PAIGC, derivadas das turbulências do seu passado histórico, devia estar suficientemente habilitado à encontrar um mecanismo eficiente de resolução dos seus problemas internos (na bom manera), estancar a crise e não permitir que mais uma vez este País e este povo paguem a factura do seu descalabro interno, considerando sobretudo que todos os actores políticos envolvidos neste diferendo pertencem à esta formação Política - O Presidente da República, o Presidente da Assembleia Nacional Popular, o Presidente do PAIGC e o Coordenador Nacional dos 15 Deputados da Nação expulsos da Fileira do PAIGC.
Em virtude da declarada aposta na confrontação, em detrimento do diálogo franco e construtivo, tanto a Constituição da República como os Estatutos do PAIGC se viram esvaziados de argumentos para estancar uma crise artificialmente engendrada, levando-nos a recorrer mais uma vez ao envolvimento da Comunidade Internacional, minando por conseguinte o nosso prestigio internacional e perigando a própria soberania nacional, a avaliar pela forma lastimável como os outros abordam as questões que se prendem com o nosso País, impondo-nos, quase sempre, soluções desajustadas, agravantes da crise, completamente desfasadas da nossa realidade e dos nossos padrões de vivência e convivência social.
Devemos repugnar com veemência a altivez e a arrogância com que somos tratados pelos nossos parceiros de desenvolvimento, sempre que a história os interpela à envidar esforços para nos assistir na resolução dos nossos diferendos, e fazer da Guiné-Bissau um espaço livre e propicio de convivência e interacção pacifica de povos, culturas e tradições, respeitando as diferenças naturalmente existentes, promovendo e fazendo da diversidade uma poderosa arma na luta contra a pobreza e a injustiça social, exigindo de cada um de nós consoante as suas capacidades e contemplando cada um conforme o seu desempenho.
A provável anulação do IX Congresso do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, não deve ser encarado como um desastre, um Tsunami, suscetível de provocar um cataclismo social e político, mas sim como uma exuberante oportunidade para a Guiné-Bissau, sobretudo para o próprio PAIGC que certamente aproveitaria esse momento único para arrumar a casa, reintegrar os seus Militantes, não com base em qualquer acordo e muito menos o de Conakry, mas sim, com base no pragmatismo, na boa-fé, no espirito de solidariedade e do saber perdoar, tendo em conta a imperfeição humana e aquela manifesta capacidade de arrepiar caminho, avaliando a nossa trajectória, para evitarmos os erros do passado e evitarmos
novos erros, na esperança de que, juntos e de mãos dadas, tornamos a nossa caminhada mais segura e mais eficiente rumo ao futuro preconizado por Amílcar Cabral e por todos os que hipotecaram o melhor da sua vida em prol da nossa autodeterminação e independência.
A agenda política nacional interpela à imprescindibilidade do diálogo interno no PAIGC, visando primordialmente a definição duma plataforma de entendimento que consagre o princípio democrático de submissão à vontade e decisão da maioria e estabeleça os princípios básicos para a existência e o funcionamento de sensibilidades internas, cujos ideais não colidem com a linha mestra de orientação definida pelo Partido, criando por conseguinte as premissas para o abalizar das atividades e interações dos diferentes grupos de interesses nele instalados.
Nesta ordem de ideias, o anular do IX Congresso pelo Supremo Tribunal, seria paradoxalmente benéfico para o PAIGC, para o seu fortalecimento e sua coesão interna para o reforço da sua credibilidade e prestígio nacional e internacional, sobretudo para se situar na vanguarda da aquisição de conhecimentos e experiências práticas de resolução de conflitos deste caracter, sem recurso à medidas extremas, pouco ortodoxas e suscetíveis de provocar descontentamentos generalizados e ruturas internas, nomeadamente às expulsões, amplamente aplicadas no passado, sem quaisquer resultados dignos de menção, na medida em que o Partido continua a ser fustigado por conflitos internos, choques de interesses, injustiças na hora da partilha, crispações, discriminações, etc, etc, e etc.
Só um PAIGC unido, coeso, forte, tolerante, dialogante, estável e sobretudo imbuído do espírito democrático se logra reclamar um lugar de excelência no pódio das opções eleitorais do nosso povo.
O DESAFIO ESTÁ LANÇADO!!!
EDP - de Portugal com muita estima.
Fonte: dokainternacionaldenunciante
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