Por Santos Fernandes Capitalnews.gw Dezembro 9, 2020
É reconhecida a minha sensibilidade sobre a problemática da juventude e do empreendedorismo face à problemática do desempregado estrutural guineense.
Muito longe das teóricas macroeconómicas “chatas”, um cidadão ou leigo guineense poderá formular a seguinte pergunta (?)
Quanto custa 1 pão no mercado guineense?
Quem produz esses pães?
Quem faz a distribuição desses pães? São jovens ou não?
Qual é a nacionalidade desses jovens?
Face ao tesouro público guineense “esgotado”, com uma dívida pública que obsorve 80% do PIB; com a massa salarial a “consumir” 76% do OGE – orçamento geral do estado; face à nossa dependência estrutural da castanha de caju.
Enfim, o que a nossa juventude poderá esperar vislumbrar nos próximos anos? No período pós pandemia?
Os dados “objetivos” da realidade sócio-económica da Guiné-Bissau indicam que pouco mais 60% da população guineense tem até 25 anos. Essa faixa etária é e, certamente, será determinante nos desafios presentes e do futuro, na medida em que os JOVENS estão, cada vez mais, atentos, clarividentes e com mais interesse em relação à situação política, social e económica da Guiné-Bissau.
No entanto, há um fenómeno – “Moratorium Social” – que tem afetado, sobremaneira, os jovens guineenses, obrigando-lhes retardar a sua “juventude” devido aos seguintes fatores:
– Falta de meios económico-financeiros; falta de emprego; falta de formação de qualidade, falta de casa própria; falta de bens primários, entre outros.
– Os “efeitos colaterais” dessa moratória juvenil “obrigam” os jovens guineenses a “prolongar” sua dependência “económica”, em relação aos seus pais, familiares e amigos, por vezes extensivos até aos 40 anos de idade ou mais, por falta de emprego e de oportunidades várias.
No entanto, os “poucos” espaços existentes para iniciar seus negócios, designadamente no “serviço precário” e/ou no “comércio ambulante”, nas artérias de Bissau e no interior do país, são “controlados”, por omissão ou inação, pelos cidadãos estrangeiros:
Quer sejam da vizinha Guiné Conakry, de Mauritânia, do Senegal, do Mali, etc.
Por outro lado, “empreender” ou “fazer negócio” na Guiné-Bissau continua a ser uma “miragem”, considerando que o exercício do “empreendedorismo” pressupõe, em grande medida, formação e criação de mecanismos de financiamento (crédito) junto às instituições financeiras, nomeadamente banca e outras instituições financeiras descentralizadas.
Mas, no que concerne aos JOVENS guineenses, o acesso ao sistema financeiro é, praticamente, INEXISTENTE, por razões relacionadas à falta de GARANTIAS (colaterais) exigidas pelas entidades financiadoras. Os JOVENS, por conseguinte, não são ELEGÍVEIS para o financiamento, salvo algumas excepções.
Ora, o que resta aos jovens guineenses é, infelizmente, continuar a “mendigar” junto aos seus “vaidosos patrões”, à troco de ninharias para, assim, continuar a ser “pedintes”, sobretudo em épocas de pré-eleições, em que se revelam mais “vulneráveis” aos interesses político-partidários ou dos candidatos.
É, por conseguinte, fundamental o papel desempenhado pelos JOVENS guineenses no processo de desenvolvimento nacional, uma vez que, repito, constituem mais de 60% da população guineense, com até 25 anos de idade.
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Bissau, 09/12/2020
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