quinta-feira, 24 de março de 2022

Combates em Casamansa originam fuga de 5.600 pessoas para a Gâmbia numa semana

Banjul, 23 mar 2022 (Lusa) - Os combates entre o exército do Senegal e os rebeldes que lutam pela independência da região senegalesa de Casamansa, na fronteira com a Gâmbia, forçaram mais de 5.600 gambianos a deixar as suas casas desde dia 13.

De acordo com cita fontes da Agência Nacional de Gestão de Desastres da Gâmbia, citadas pela agência Efe, a violência obrigou dezenas de escolas e centros educativos a fecharem as suas portas, interrompendo as aulas de mais de sete mil alunos na última semana.

"Desde segunda-feira que vivemos com medo, estamos a receber mais pessoas, refugiados e deslocados internos, e a situação é preocupante", disse o chefe tradicional da localidade de Kampant, Modou Faal Bojang.

Os habitantes dizem que os projéteis das Forças Armadas do Senegal estão a cair em território gambiano, o que reduz a cinzas as hortas de muitos civis, numa região onde a agricultura é o principal meio de subsistência.

"Todos os nossos meios de subsistência foram destruídos, estamos desamparados e abandonados", afirmou o agricultor Musa Bojang, culpando os bombardeamentos do Senegal pela destruição.

"Desde ontem [terça-feira], o exército do Senegal bombardeia sem parar, com os seus aviões, muitas zonas perto das nossas casas", acrescentou Bojang.

Além dos deslocados internos na Gâmbia, o Governo adiantou que cerca de 700 senegaleses cruzaram a fronteira com a Gâmbia como refugiados, mas devido à ausência de campos de acolhimento, muitas destas pessoas foram acolhidas pelas famílias da região de Foni, na Gâmbia.

"O Governo faz um apelo enérgico a todos os parceiros e amigos da Gâmbia para que ofereçam assistência imediata à população afetada", disseram as autoridades gambianas num comunicado divulgado hoje.

Casamansa, no sul do país entre a Gâmbia e a Guiné-Bissau, tem sido o cenário de um dos conflitos mais antigos do continente desde que os combatentes da independência tomaram as ruas com armamento rudimentar após a repressão de uma marcha do MFDC, em dezembro de 1982.

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