Há perto de 5.000 estudantes africanos na cidade chinesa de Wuhan, onde foram detetados os primeiros casos de coronavírus. Os jovens estão preocupados com a rápida propagação do vírus, que já fez mais de 560 mortos.
Controlo de passageiros no aeroporto de Addis Abeba, capital da Etiópia
Uma semana depois da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado o coronavírus como caso de emergência de saúde pública internacional, estudantes africanos a viver em Wuhan, cidade chinesa onde surgiu o vírus, dão conta do agravamento da situação.
Wuhan acolhe atualmente cerca de cinco mil estudantes africanos. Provenientes de vários países, como Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Nigéria e Etiópia, estes estudantes dizem-se cada vez mais preocupados com a situação na cidade. Falam da dificuldade em obter dinheiro, na falta de comida e na vontade de regressar a casa.
Um regresso que se adivinha demorado. "Estamos fechados em casa desde o dia 23 de janeiro. Não saímos a não ser para ir ao supermercado e só em caso de necessidade extrema. Quando saímos colocamos máscaras para cobrir o nariz e a boca", cotna Abdul Salam Aji Suleiman, jobem nigeriano que estuda na Universidade Huazhong, em Wuhan.
Abdul Suleiman diz falar pela maioria dos estudantes nigerianos em Wuhan quando diz que quer que a Embaixada da Nigéria providencie o seu regresso a casa, como aconteceu com os estudantes de Marrocos. No entanto, este é um cenário improvável, justificado por muitos países africanos pela falta de meios e infraestruturas.
Cidade de quarantena
A cidade de Wuhan está de quarentena. Os transportes são escassos e há muitos supermercados fechados, o que tem feito disparar os preços dos produtos alimentares. Também os bancos se encontram encerrados, o que dificulta ainda mais a vida dos estudantes, como já tinha relatado à DW, na semana passada, a guineense Jéssica Mendes Silva, também residente em Wuhan.
"Queremos que nos ajudem a sair desta cidade, mesmo que seja para outra cidade aqui da China. Só queremos sair daqui. Nem dá para receber comida, não há comida, para comprar comida aqui é díficil. Realmente estamos aflitos", contou a estudante.
Uma realidade também frisada por Séidou Kéita, natural da Guiné: "Não temos praticamente dinheiro. Têm sido os nossos compatriotas que nos têm ajudado. A pouca comida que temos está a acabar. As nossas condições de vida estão um pouco difíceis".
Para já, não há ainda nenhum caso de coronavírus confirmado no continente africano. Todos os casos suspeitos foram já despistados. No entanto, e em jeito de prevenção, as companhias aéreas africanas estão gradualmente a suspender os voos de e para a China. Apenas a Ethiopian Airlines mantém atualmente os seus voos para este país.
O número de mortos provocados pelo coronavírus subiu, esta quarta-feira (06.02), para 563 mortos. O número de infetados ultrapassa já os 28 mil - entre eles deverá estar, segundo avança a BBC, um camaronês, que se encontra em Wuhan.
Apesar dos números elevados, Sylvie Briand, diretora do departamento de preparação global para os riscos infeciosos da OMS, afirmou, na terça-feira (04.02), que o surto não é ainda uma pandemia. "Atualmente, não estamos em situação de pandemia. Estamos numa fase epidémica com múltiplos focos e vamos tentar extinguir cada um destes focos. Não estou a dizer que é fácil, mas achamos que é possível", disse.
DW.COM
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