Por Iancuba Dansó (Bissau) DW.COM 28/04/23
As próximas eleições legislativas, na Guiné-Bissau, prometem ser renhidas com a participação massiva de jovens de quase todos os partidos políticos. Os candidatos dizem ser uma "mais valia" para o futuro parlamento.
Na Guiné-Bissau, devido à carência em quase todos os setores da vida pública e à falta de oportunidade para o emprego, o ingresso nos partidos políticos é considerado a forma mais rápida para entrar no mercado de trabalho, levando centenas de pessoas a aderirem a diferentes formações políticas do país, principalmente nos períodos eleitorais.
Quem se tem destacado mais e aderido à política nos últimos tempos são os jovens, que, para as eleições legislativas de 04 de junho próximo, figuram em posições de elegibilidade nos diferentes partidos políticos. A ambição é clara, a juventude diz que quer afirmar-se, chegar à Assembleia Nacional Popular (ANP) e mudar o rumo da política guineense.
Hotna Cufuk Na Doha, do Partido da Renovação Social (PRS).Foto: Iancuba Danso/DW
Um dos jovens candidatos é Hotna Cufuk Na Doha, que figura em segunda posição, na lista do Partido da Renovação Social (PRS), no círculo eleitoral 04, no sul do país. O jovem candidato diz-se preparado para enfrentar o desafio e chegar à Assembleia Nacional Popular:
"Eu conheço a função do deputado. Sei que o deputado é um representante [do povo], sei que o deputado é um fiscalizador e legislador, é para isso que me candidato. Eu acho que o número dos deputados jovens vai aumentar no parlamento, nessas eleições legislativas. Eu estou a ver, em potenciais partidos que vão fazer assentos no parlamento, jovens a posicionarem-se em posições elegíveis", disse.
Os jovens acreditam que a entrada no futuro parlamento vai elevar o nível do debate político.Foto: Iancuba Danso/DW
Elevar o nível do debate público
Também o Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), a segunda maior força política da Guiné-Bissau, apresenta vários jovens na sua lista de candidatos a deputado. Carlos Sambú, concorrente do partido, na terceira posição da lista, no círculo eleitoral 08, no norte da Guiné-Bissau, acredita que a entrada dos jovens no futuro parlamento vai elevar o nível do debate político.
Carlos Sambu, do Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15).Foto: Iancuba Danso/DW
"A entrada de jovens [no parlamento] vai impor debates e vai suscitar muitas questões que não são levadas em consideração no parlamento. Haverá muitas exigências em relação ao Governo e isso vai ser importante", considerou.
Os últimos Indicadores Múltiplos (MICS), estimam que a população jovem na Guiné-Bissau seja pouco mais de 64%. Essa representatividade da juventude é visto como vantagem, por Malam Sissé, líder do Partido Africano para Paz e Estabilidade Social (PAPES).
Assembleia Nacional Popular da Guiné-BissauFoto: DW/B. Darame
Mudar a atual situação do país
Malam Sissé, do Partido Africano para Paz e Estabilidade Social (PAPES). Foto: Iancuba Danso/DW
Sissé, que também é jovem, apresenta-se para as legislativas de junho e apela à adesão da juventude à política partidária, como forma de mudar a atual situação do país.
"Nós não estamos a chamar os jovens para virem só para o nosso partido. Mas quem não se pode juntar a nós, que crie novos partidos políticos e com a proliferação dos partidos jovens, vamos assumir este país de uma vez por todas e levar os jovens para o parlamento para discutirmos o país e criarmos leis que possam pôr fim a desmandos e corrupção neste país", alertou o jovem.
Ussumane Camará, cabeça de lista do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), no círculo eleitoral 07, no norte da Guiné-Bissau, está confiante para tirar o país do "colapso".
Ussumane Camará, do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC)Foto: Iancuba Danso/DW
"As motivações da minha candidatura a deputado da nação prende-se com a necessidade de se reerguer um país em colapso, por culpa de alguns políticos, em particular os deputados da Nação, que constantemente têm transformado o hemiciclo guineense num mercado popular, em que tudo é venal, em que tudo se vende e tudo se compra, até as cabeças dos deputados da Nação", revelou.
A Guiné-Bissau está a menos de 40 dias das sétimas eleições legislativas da sua história democrática, mas ainda se aguarda a afixação da lista definitiva dos partidos que vão concorrer ao ato, por parte do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
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