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POR LUSA 28/03/23
A justiça senegalesa anunciou hoje quatro detenções de um grupo que pretendia "semear o caos e a insurreição" para "impedir" o julgamento na quinta-feira em Dacar do político da oposição Ousmane Sonko, acusado de difamação por um ministro.
As investigações estabeleceram "factos que põem em jogo a estabilidade do país", disse em conferência de imprensa o procurador-geral, Ibrahima Bakhoum.
"A intenção (deste grupo) era realizar atos subversivos e atentar contra figuras públicas na magistratura, no aparelho de Estado, nos círculos religiosos e na imprensa", acrescentou o magistrado.
Ibrahima Bakhoum avançou que a investigação permitiu descobrir "o fabrico" por este grupo de "produtos explosivos, fumígenos e 'cocktails molotov' [engenhos explosivos de fabrico artesanal]" bem como uma viagem dos seus membros para obter armas num mercado sub-regional perto da Guiné-Conacri.
Quatro pessoas foram detidas por "associação criminosa, atos e manobras suscetíveis de perturbar a ordem pública, fogo posto" e foram emitidos mandados de detenção de mais 19, de acordo com o procurador-geral.
Um dos detidos "afirma ser do MFDC [a rebelião pró-independência da região senegalesa de Casamansa] e será o organizador de todas as manifestações violentas do Pastef [o partido de Ousmane Sonko) em Bignona", zona de forte influência do dirigente da oposição, no sul do país, onde um jovem foi morto em 20 de março durante os confrontos entre manifestantes e a polícia.
Este indivíduo "apresentou-se como a pessoa responsável pelos assuntos místicos de Sonko", referiu o procurador-geral.
Pelo menos uma outra pessoa morreu em consequência dos confrontos em Dacar em 16 de março, dia do início do julgamento de Sonko, que foi adiado para quinta-feira.
O Governo anunciou em junho de 2022 a detenção em Dacar de rebeldes de Casamansa durante uma manifestação da oposição, o que foi refutado por Ousmane Sonko.
O Senegal, conhecido como um oásis raro de estabilidade numa região conturbada como é a África Ocidental, entra numa nova semana de tensões com o reinício do julgamento por difamação contra Sonko na quinta-feira, e apelos da oposição para manifestações na quarta-feira e na quinta-feira, bem como em 03 de abril.
O presidente da câmara de Dacar, Mor Talla Tine, proibiu as marchas previstas para quarta e quinta-feira na capital, para o que invocou "ameaças reais à ordem pública".
Sonko e os seus apoiantes acusam o Governo de utilizar o setor da justiça para o impedir de concorrer à Presidência em fevereiro de 2024.
O campo presidencial acusa Sonko, também acusado num caso de alegada violação que nega, de usar a agitação popular nas ruas rua para escapar à justiça.
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