quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Vice-presidente do PAIGC : “PGR ESTÁ DISPOSTO A TIRAR ARISTIDES GOMES DA SEDE DA ONU PARA PRISÃO, SEM PROCESSO”

Por Jornal Odemocrata 09/02/2021 

O terceiro vice-presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e igualmente líder da bancada Parlamentar do mesmo partido, Califa Seidi, denunciou que o Procurador-Geral da República, Fernando Gomes, está disposto a tirar o antigo primeiro-ministro, Aristides Gomes, das instalações das Nações Unidas em que se encontra refugiado para levá-lo à prisão, sem nenhum processo formal das acusações de eventuais crimes de que é acusado.

O político fez essa denúncia em entrevista concedida ao Jornal O Democrata sobre o estado de saúde do antigo chefe do governo que se encontra há quase onze meses refugiado nas instalações das Nações Unidas, em Bissau, alegando “ameaças sérias” contra a sua integridade física por parte dos atuais governantes.

Califa Seidi frisou que a Procuradora Geral da República está a inventar e falsificar processos, apenas para incriminar o dirigente do PAIGC e antigo chefe do Governo, Aristides Gomes.  

“Aristides Gomes deve estar em liberdade para depois ser notificado. Nós mostramos à representante do Secretário-geral das Nações Unidas, na altura, que se as Nações Unidas continuassem a dizer que existe estabilidade política na Guiné-Bissau estariam erradas, porque de contrário Aristides Gomes deveria ter estado em liberdade, ou seja, fora das instalações da ON”, salientou.

Explicou que Aristides Gomes terá sido retirado da sua residência pelas forças da ECOMIB e por altos funcionários das Nações Unidas para salvar a sua vida, porque “se não fosse a intervenção dessas estruturas estaríamos a falar agora de outra coisa, tendo em conta as ameaças sérias que estava a receber na altura”.  

Sobre as alegadas acusações do “crime” contra o antigo chefe do governo, o vice-presidente do PAIGC afirmou que a Procuradoria-Geral da República continua a inventar e falsificar processos só para incriminá-lo. Contudo, assegurou que os advogados do antigo primeiro-ministro defendem que não existe nenhum processo contra Aristides Gomes no Ministério Público, mas “infelizmente o PGR, Fernando Gomes, vem ao público afirmar que existe processo, mas não chegou de apresentar o processo a ninguém”.

“O Procurador-Geral da República está disposto a tirar Aristides Gomes da sede das Nações Unidas em que se encontra refugiado para a prisão sem processo nenhum. Não pode acusar uma pessoa sem, no entanto, mostrar esse processo para que o seu advogado possa defendê-lo. Portanto isto é pura e simplesmente perseguição política”, enfatizou o político.

Questionado sobre a situação de saúde de Aristides Gomes, o terceiro vice-presidente do PAIGC disse que na situação em que se encontra o antigo chefe do governo há quase um ano fechado, quiçá num quarto, requer um controlo ou exame médico sério para saber qual é o seu verdadeiro estado de saúde.

O líder da bancada parlamentar do PAIGC referiu que o dirigente dos libertadores vai continuar nas instalações das Nações Unidas, em Bissau, sob a proteção daquela organização internacional até que a sua situação seja resolvida de uma forma clara e segura junto de atuais autoridades.

Perante esses fatos, Califa Seidi exige que o governo pare com a perseguição política em particular dos dirigentes e militantes do partido libertador. Questionou neste particular sobre quem é que garantirá segurança ao antigo chefe do governo, se sair das instalações das Nações Unidas onde se encontra refugiado. 

“Apenas o governo é que pode garantir que nada acontecerá ao antigo primeiro-ministro, se sair das instalações das Nações Unidas. Aliás, o PAIGC não tem armas e nem forças de segurança para colocar à disposição de Aristides Gomes, por isso as autoridades vigentes devem dar um sinal claro e que transmita a confiança, mostrando que não têm nada contra o cidadão Aristides Gomes”, notou.

Califa Seidi indicou que se houver um processo contra Aristides Gomes que seja apresentado aos seus advogados para permitir que responda à justiça como qualquer cidadão guineense, porque “é assim que as coisas funcionam num estado do direito democrático”. 

Por: Assana Sambú

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