Por CNEWS Novembro 16, 2020
O procurador geral da república, Fernando Gomes, está sem saídas perante os factos constatados pela comissão por ele instituída, para recuperar os bens do Estado, alegadamente adquiridos, de forma fraudulenta ou indevida, estando a “equipa de inquérito” confrontada com o envolvimento dos oficiais militares, atuais e ex-governantes, que estariam na posse de algumas casas em Bissau, constituindo desde já, um “obstáculo” ao avanço dos trabalhos.
Segundo as revelações feitas ao Capital News, por um membro da comissão em causa, constatou-se que várias casas foram adquiridas pelos atuais e ex-governantes, sem qualquer documentação para o efeito e houve casos em que “foi oferecido casa do Estado a um ex-presidente da república, por um antigo presidente da Câmara Municipal de Bissau (CMB), com apenas uma carta em que se informa que o imobiliário é ofertado a essa figura”, começou por explicar ao CNEWS.
Outro caso, segundo a mesma fonte, tem a ver com alguns oficiais militares que ocuparam imobiliários de elevado valor, inicialmente, para pagar a “renda simbólica” de 14 mil francos CFA, mas que não está a ser verificado. “Um tenente coronel não paga renda há mais de 300 meses”, afirmou o confidente do Capital News.
Mediante esses factos, o procurador geral da república, Fernando Gomes, “foi informado e posto a par da situação, tendo ficado perplexo e sem uma saída”, relata a fonte, que ainda acrescentou: “Não há saídas. Há que deixar e nos preocuparmos com outros assuntos mais relevantes. Se é para trabalhar, há que começar com esses casos que mencionei, caso contrário, não vale a pena”, disse.
O interlocutor do CNEWS disse acreditar que mais cedo ou tarde, os trabalhos para a recuperação dos bens do Estado vão dar em “fracasso”, tendo em conta os “interesses” à volta da missão incumbida aos magistrados, e que “nem o procurador geral da república será capaz de resolver”, perspetiva.
Em agosto, o procurador geral da república criou e deu posse à uma comissão presidida pelo magistrado Vitór Bacurim, para recuperar os bens do Estado guineese, que o titular do Ministério Público disse acreditar que estejam, “indevidamente”, na posse dos cidadãos.
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