O jardim infantil “Nossa senhora da Fátima” de Bissau foi o grande vencedor do carnaval infantil 2020 na categoria de grupos com 17,3 pontos e levou como prémio um cheque de quatrocentos mil (400.000) francos CFA e deste montante, duzentos mil (200.000) francos CFA serão revertidos em materiais didáticos a favor da escola para a utilidade das crianças.
Em segundo lugar figurou a escola de Surdos/Mudos de Gardete, arredores de Cumura, setor de Prabis, com 16,7 pontos e terá o direito a um prémio monetário de trezentos e cinquenta mil (350.000) francos CFA e a metade deste valor será compensada em materiais escolares. Na terceira posição, com 16,2 pontos, está o jardim “Nhima Sanhá” e foi atribuído um cheque de trezentos mil (300.000) francos CFA. Igualmente a metade do valor será revertida em materiais didáticos.
Para além de premiações do primeiro, segundo e terceiro lugar, a comissão decidiu atribuir todos os grupos (jardins) concorrentes um prémio de participação em materiais didáticos. A nível de rainhas não houve premiações. Contudo, as rainhas das escolas e jardins concorrentes no desfile infantil foram unânimes em apelar à união no seio dos guineenses e lembraram que a cultura é a identidade de qualquer povo e defenderam que tanto a cultura como a biodiversidade devem ser protegidas.
FILME DO CARNAVAL INFANTIL 2020
Entre risos e corações cheios de aflições, o carnaval infantil decorreu num ambiente de muita tranquilidade, onde se podiam ouvir gritos, palmas para incentivar as crianças a dançarem com mais fervor. Tudo isso aconteceu perante o secretário de Estado da Cultura, Antônio Spencer Embaló, que não se cansava de rir e carregado de emoções ao assistir as crianças, às vezes encarava a dinâmica do desfile para perceber o que as crianças queriam transmitir nas suas mensagens.
Dos quinze grupos participantes (9 escolas e 6 seis jardins) que exibiram a tradição guineense, apresentaram-se em formas de danças, músicas, poesias, demonstração de lutas das diferentes etnias que compõe o museu tecnográfico da Guiné-Bissau.
Com os pés descalços no alcatrão, atrás da direção geral de cultural, podiam-se notar as crianças determinadas num chão árido e põem-se a dançar mesmo antes de chegar sua vez, uma estratégia montada pelos monitores para esquecer o tal pormenor e focalizar-se em ganhar o prémio de vencedor do carnaval infantil 2020.
Um espaço lotado de pessoas que assistiam o desfile, uma mãe desatou a chorar por tanta emoção ao ver sua filha trajeitada de rainha a declamar por muitos olhos com firmeza e com aquela voz de criança que encanta qualquer ser humano. O tal fato suscitou reações e a pessoas se envolveram em “empurrões” para poder ganhar espaço e contemplar o ambiente.
REPRESENTANTE DA ESCOLA DE SURDOS/MUDOS CRITICA DESCRIMINAÇÃO CONTRA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Em declaração à imprensa, a educadora infantil da Nossa Senhora da Fátima, Nani Isabel José, não escondeu a sua satisfação pela posição que a sua escola ocupou e destaca carnaval como fator de união entre os guineenses, pelo que lançou um apelo a outros jardins que não conseguiram ganhar a redobrarem esforços para o futuro. Apesar de reconhecer que é difícil organizar as crianças em grupos, Nani Isabel José enfatizou que elas são fonte de inspiração profissional.
“O grande segredo do nosso complexo escolar e jardim infantil está assente na união, porque a união faz a força. Tendo crianças de diferentes culturas, aproveitamos um pouco de cada para enriquecer o nosso trabalho”, descreveu.
Por sua vez, China N´Dum-pá, diretor financeiro da escola Surdos/Mudos, começou por criticar a descriminação contra as pessoas com deficiência e a forma como foram colocados há muito tempo fora de circuito familiar e social.
“Desta vez não nos excluíram. Há vários anos não éramos tidos e nem achados tanto na sociedade como na própria família, onde há a maior descriminação. Mas com a instituição da escola concluiu-se que pessoas com deficiência podem fazer o que uma pessoa normal faz e estão a resultados positivos e a concorrem em pé de igualdade com pessoas sem deficiência. Prova disso foi o que vimos hoje nesse desfile do carnaval infantil”, criticou.
Para China N´Dum-pá, a posição que a escola alcançou não foi um favor nenhum, mas sim um mérito e lembrou que a única diferença é na fala.
“Pessoas normais têm a fala e as com deficiência têm gestos e é na base de gestos que estabelecemos a nossa comunicação”, sublinhou.
China N´Dum-pá lembrou que o lema da escola é claro nesse sentido”: “ com gestos somos iguais”.
Por: Djamila da Silva
OdemocrataGB
Sem comentários:
Enviar um comentário