sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Guiné-Bissau: Horta Inta-a nega que militares tenham impedido conclusão do processo eleitoral

 

Com CAPGB 

Bissau, 19 de Dezembro de 2025 – O Presidente de Transição da Guiné-Bissau, Major-General Horta Inta-a, refutou as declarações da Comissão Nacional de Eleições (CNE) que apontam as Forças Armadas como as principais responsáveis pela não conclusão do processo eleitoral de novembro.

Em conferência de imprensa realizada para esclarecer as causas do levantamento militar de 26 de novembro, evento que interrompeu o calendário eleitoral um dia antes da divulgação dos resultados provisórios, o governante justificou a intervenção do Alto Comando Militar como uma medida de contenção de danos.

Inta-a contestou a versão da CNE, que acusou os militares de inviabilizarem o processo e de subtraírem atas de votação. Segundo o Presidente de Transição, a paragem deveu-se à instabilidade no terreno.

"Não concordo com a posição da CNE ao afirmar que fomos o motivo da não conclusão do processo, ao ponto de roubarmos atas. Todos testemunhamos uma forte tensão apenas duas horas após o fecho das urnas, o que resultou em confrontos violentos em várias Comissões Regionais de Eleições (CREs), como Mansoa, Catió, Bolama e Bubaque", afirmou.

Segundo o Major-General, o cenário obrigou ao envio imediato de reforços de segurança para evitar um "derramamento de sangue" entre apoiantes de candidatos rivais que tentavam controlar a distribuição de boletins e atas.

Durante a mesma declaração, o Presidente de Transição garantiu que os detidos nos incidentes de novembro, incluindo figuras da oposição, serão submetidos ao rigor da lei. Inta-a mencionou especificamente que o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, e os seus colaboradores, deverão responder perante as autoridades.

"Todos os detidos antes e depois das eleições simultâneas de novembro vão responder à justiça. Cada crime cometido terá uma resposta judicial. Não estamos contra ninguém; pelo contrário, estamos aqui para promover a paz e o entendimento entre nós", declarou.

Ao encerrar a conferência, Horta Inta-a lançou uma reflexão sobre o papel das eleições na estabilização do país. Para o oficial, o modelo atual não tem sido eficaz para resolver a crise político-militar que abala a nação.

"Mais uma vez, as eleições nunca serão a solução, considerando o que acompanhamos nos últimos anos no seio dos cidadãos e, particularmente, nos partidos políticos. Devemos apostar num diálogo sério para encontrar uma solução duradoura", concluiu, apelando à colaboração de todos os setores da sociedade guineense.

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