Bissau, 23 Set 22 (ANG) - Alguns cidadãos guineenses dizem que deixou de ter sentido a libertação do país do jugo colonial, “porque os objectivos da luta pela independencia não foram cumpridos”.
Ouvidos hoje pela ANG, por ocasião de celebração do quadragésímo nono aniversário da independência da Guiné-Bissau, que se assinala amanhã, dia 24 de Setembro, os cidadãos Helder Nanque, Edmeusa João Pessy, Ludi da Silva e Jaquelina Santos Moreira, foram unânimes em dizer que a independência só fazia sentido se as pessoas que dirigem o país fossem capazes de cumprir com o que Amilcar Cabral chamou de “Programa Maior”, que passa pelo desenvolvimento do país.
O estudante Universitário Hélder Nanque disse o país está numa situação de retrocesso, pelo que não era necessário lutar pela independência, porque “desde a sua proclamação até esta parte, nada, mas nada foi feito para avanço da Guiné-Bissau”.
Acrescentou que os dirigentes preocupam-se apenas em viajar e levar os seus filhos para estudarem na Europa, nas melhores escolas ou receberem tratamento médico também em melhores condições.
Nanque diz entretanto que isso tem que ver com falta de visão da parte da população, e sustenta, “os guineenses não têm o hábito de reclamar, resignam-se com todo o que acontece, apercebendo-se disso, os politicos não fazem nada para além do que querem”.
“Imagina só hoje em dia, escolas públicas até ao momento não está a funcionar, enquanto que os privados estão a funcionar”, referiu Nanque.
Acusou que os politicos estão a fomentar o “tribalismo” cada vez mais para alcançarem o poder, situação que diz ser grave.
Por essas razões, Hélder Nanque diz preferir que o país continuasse nas mãos dos colonialistas português, “porque mesmo com todo o sacrifício que se consentia , pensava-se no bem comum, ao passo que os actuais dirigentes só pensam em intereeses pessoais”.
Hélder interroga como é possivel um país com 49 anos de independência não dispôr de um hospital de referência, nem tão pouco uma universidade pública que funciona normalmente.
Critica que a Universidade Amical Cabral está a inscrever estudantes, enquanto que os privados se preparam para iniciar as aulas. “Isto é injusto”, diz.
Para além disso, justificou a sua opinião com o estado avançado da degradação das infraestruturas rodoviárias e diz ser uma demostração clara de que nada foi feito de novo a não ser as construções deixadas pelos colonialistas.
Instado a falar sobre o que deve ser feito para mudar a situação Helder Nanque defendeu a aposta deve ser investimento forte no sector da educação, porque, segundo ele, nenhum país no mundo se desenvolveu sem um bom sistema de ensino”.
A Cidadã formada em Turismo, Edneusa João Pessy parabeniza os 49 anos da independência, devido ao sacrifício consentido para que hoje a Guiné-Bissau possa ser livre.
Acrescenta que a situação é, realmente, de muita tristeza, porque há 49 anos o país continua a ter estradas danificadas, falta de infra-estruturas escolares e sanitárias, razão pela qual diz, “sendo assim, não faz sentido a luta pela libertação do país”.
Criticou que que há falta de quase tudo, sobretudo de oportunidade para os jovens.
Edmeusa João Pessy disse que a independencia só valeria a pena se os objectivos da luta fossem cumpridos.
Interrogado sobre quais são os objectivos da luta pela independencia, Edmeusa Pessy disse que são a construção do país e garantia de uma educação e saúde para todos.
“O executivo mandou suspender admissão de novos ingressos nos sectores considerados chaves para qualquer país”, referiu.
Ludi da Silva por seu lado diz que a situação do país, há 49 anos da independencia, está cada vez pior, devido ao não funcionamento normal do ensino público, por causa das sucessivas greves, motivadas por várias exigências dos sindicatos do sector.
Para além disso, disse que nos últimos tempos registou-se um aumento significativo do preço dos produtos alimenticios e de transportes.
Para a professora de Inglês,Jaquelina Santos Morreira, de facto, não era preciso lutar pela independencia do país, porque os anseios dos combatentes de ver uma Guiné próspero fora abaixo, por causa da luta constante pelo poder da parte dos politicos.
“Essa divergência prolongará por muito tempo, pois, a cada dia, surge mais formações politicas, o que não é bom para um país como a Guiné-Bissau, onde quase tudo está em falta”, diz Jaquelina.
Dos Santos serviu-se do anormal funcionamento do sector do ensino e de saúde, bem como das péssimas condições das estradas e ainda o aumento de preço dos produtos da primeira necessidade como exemplos de maus desempenhos das autoridades dirigentes do país, e acusa-os de não se preocupar em aumentar o salário dos funcionários públicos para que estes possam estar a altura do atual contexto do país.
Para superar está situação, Jaquelina disse que é preciso trabalhar para reconquistar a união e confiança que existiam entre os guineenses outrora para juntos se desenvolver o país.
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