Numa missão nas Ilhas e apesar de conhecer a situação difícil enfrentada pela população insular, não deixou de me chocar o que vi na Ilha de Caravela:
- Uma dramática falta de água para as mais elementares necessidades da população; não há água suficiente para beber, lavar, regar, um único fontanário serve as 9 tabancas da ilha;
- O minúsculo hospital só tem 2 camas;
- Uma única escola de 4 ensino básico serve toda a Ilha;
- Não existem barcos que façam carreira regular entre as ilhas e entre estas e o continente;
- O transporte de pessoas e principalmente de doentes, é feito em condições perigosas, com canoas periclitantes que muitas vezes afundam-se a meio da travessia;
- As atividades económicas estão limitadss ao corte de taras para fazer esteiras que são vendidas em Bubaque e Bissau;
- A atividade da pesca que deveria ser o meio natural de sobrevivência dessas comunidades, está monopolizada por pescadores da Guiné Conackry, da Serra Leoa, do Senegal e da Libéria;
- Esses estrangeiros vindos dos países vizinhos,montaram acampamentos ao longo da costa, onde cortam o tarrafe e as árvores para fazer a fumagem do peixe, destruindo o frágil ecossistema existente;
- As autoridades administrativas são coniventes com essa "invasão", tomando partido pelos estrangeiros sempre que existe um conflito com a população autóctone, para além de não assumirem nenhuma medida de protecção do interesse das comunidades nem soluções aos seus graves problemas, utilizando somente a face repressiva do Estado para controlar a insatisfação da população.
A governação é mais do que a periódica "dança de cadeiras" em Bissau, um país inteiro está a desintegrar-se sob os nossos olhos!
Bubaque, 26 de Maio de 2022
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