O Presidente do Sindicato de base dos Trabalhadores da Empresa da Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB), Mário Banca, responsabilizou o governo pela situação que os funcionários da empresa estão a passar.
Em entrevista ao jornal O Democrata, no âmbito da greve de três dias iniciada esta quarta-feira, 6 de abril de 2022, Mário Banca acusou o governo de contratar um consórcio português para gestão da EAGB, mas não fiscaliza se os acordos de performance estão ou não a ser respeitados.
A greve afetou os serviços de luz e água, mas há zonas com fornecimento de luz e água regular, resultado de um acordo com o patronato, apenas zonas com avaria ficarão sem manutenção, porque os técnicos associados estarão em greve até sexta-feira, 8 de abril.
O sindicalista defendeu que é necessário a intervenção urgente do governo para melhor se inteirar da real situação e, consequentemente, apresentar soluções consentâneas.
Segundo Mário Banca, na terça-feira o sindicato reuniu-se com o governo, o consórcio das empresas portuguesas, entidade que administra a EAGB, mas não chegaram a uma conclusão porque, segundo disse, não havia novidades nas soluções apresentadas pelas duas entidades.
“As duas entidades apenas apresentaram um pedido de levantamento da greve”, sublinhou Mário Banca.
O sindicato de base da EAGB exige o pagamento de dezoito meses de salários em atraso, de oito meses de providência social, harmonização e reajustes de salários, pagamento regular de salários e melhoria de condições de trabalho.
Mário Banca disse que os serviços mínimos serão garantidos apenas para os hospitais Nacional Simão Mendes e o Hospital Principal Militar, por uma equipa de cinco eletricistas e dois canalizadores.
Revelou que dada às irregularidades ocorridas na previdência social, os trabalhadores da EAGB não usufruem de nenhuma assistência, o que acaba por mexer com o fundo do sindicato para assistência médica e medicamentosa dos trabalhadores com problemas de saúde e reflete na eficácia da reforma.
Os dados estatísticos do sindicato indicam que a empresa conta com mais de 600 funcionários, incluindo os contratados e o salário mínimo na EAGB é de 60 mil francos.
Mário Banca denunciou que nos últimos temposo recrutamento, na empresa, tem sido na base da conveniência familiar, amizade e partidária e os salários são fixados de forma arbitrária devido à influência no recrutamento.
“Mediante um trabalho de inquérito feito em 2018 e 2019, o sindicato descobriu dez funcionários fantasmas”, revelou e disse que, se exigências dos trabalhadores não forem cumpridas, o sindicato entregará novo pré-aviso de greve de sete dias na próxima sexta-feira e depois marchas pacíficas para exigir que empresa e o governo satisfaçam as reivindicações dos funcionários.
“É inadmissível entrar hoje e ter um salário de quinhentos ou seiscentos e tal mil francos CFA, só porque tem licenciatura e outros com mais de dez anos de serviço continuam a receber duzentos mil francos CFA “, criticou.
Por: Epifânia Mendonça
Foto: E.M
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