SIC Notícias 6 Abril, 2022
Em 71 dos relatórios médicos analisados pelos investigadores, o estado de morte cerebral do prisioneiro “não podia ser declarado”.
Existem suspeitas de que a China esteja a retirar órgãos a prisioneiros vivos, com o objetivo de utilizar em transplante. A denúncia é feita por um estudo, desenvolvido pela Universidade Nacional da Austrália e publicado no American Journal of Transplantation, onde foram analisados milhares de relatórios médicos.
A lei chinesa permite a recolha de órgãos de prisioneiros que foram executados para transplante. No entanto, este novo estudo afirma que os prisioneiros ainda estavam vivos quando foi realizada a cirurgia.
Os investigadores, Matthew Robertson e Jacob Lavee, analisaram os relatórios médicos para perceber se os prisioneiros estavam em morte cerebral quando foi realizado procedimento de remoção dos órgãos. Em 71 dos casos analisados, os relatórios chineses referiam que o estado de “morte cerebral não podia ser declarado”.
“Nestes casos, a remoção do coração durante a colheita de órgãos deve ter sido a causa da morte do dador”, afirma Matthew Robertson, citado pela Sky News – parceira da SIC. “Como estes dadores de órgãos só poderiam ter sido prisioneiros, a nossa descoberta sugere fortemente que os médicos na República Popular da China participaram na execução por remoção de órgãos.”
Os dois autores do estudo acreditam também que o número de vítimas mortais por remoção de órgãos pode ser muito maior do que as identificadas, afirmando que esta prática decorre há décadas. A China nega as acusações.
As cirurgias de remoção de órgãos são realizadas em prisioneiros condenados a pena de morte, mas também em presos de consciência – ou seja, pessoas que cumprem pena de prisão pelas suas crenças ou por terem estilos de vida não aceites no país.
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