Por CNEWS Novembro 10, 2020
O não pagamento de sete meses de salários aos funcionários do Serviço de Assistência Aeroportuária da Guiné-Bissau (SAA) tem a ver com a “má fé” do ministro dos Transportes e os assessores”, afirmou ao Capital News, o presidente do sindicato dos trabalhadores da empresa, Biem Embana.
“Estamos com sete e seis meses de salários em atraso, devido ao pagamento parcial que fizeram aos funcionários do SAA. A situação tem a ver com a covid-19, numa parte, mas na outra, tem a ver com a má fé do ministro dos Transportes (Jorge Mandinga) e os seus assessores”, afirmou o sindicalista, em entrevista ao CNEWS.
Biem Embana disse reconhecer que, com a pandemia da covid-19 e a suspensão dos voos, não havia receita no Serviço de Assistência Aeroportuária, e o sindicato sensibilizou os associados a manterem-se calmos até à normalização da situação. Mas depois a situação mudou-se e agora é complicada:
“Mesmo em tempo da pandemia nós trabalhamos, porque havia aviões que traziam materiais sanitários de luta contra a pandemia e nós continuamos a assisti-los normalmente. E Quando os voos foram retomados paulatinamente, nós exclamamos o porquê de não recebermos nada, apesar dos riscos que corríamos por causa da doença. Sabemos que havia fundos para a luta contra a pandemia e não nos deram nada”, explicou.
Ministério dos Transportes tem outras intenções:
“Mostramos ao Ministério que se houvesse uma administração rigorosa, o SAA tem a capacidade de gerar riqueza mais de que qualquer empresa pública na Guiné-Bissau. Mostramos esse pormenor e perspetivas de fontes de receitas, mas o Ministério na altura, afinal, não estava a ver isso e tinha o seu único objetivo que é de acabar com o SAA e criar uma nova empresa, através dos seus assessores”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço de Assistência Aeroportuária.
Biem Embana acusa o ministro dos Transportes, Jorge Mandinga, de conduta imprópria:
“Ministro faltou-nos respeito, pisou em cima de a gente e chamou-nos de incompetentes. Decidiu assinar memorando (para privatizar empresa) sem ouvir os funcionários”, atirou.
Embana afirmou ainda que: “SAA é uma empresa dividida por quotas. O Estado tem 95% e os funcionários têm 5%, e em nenhuma circunstância (o ministro) pode avançar para a sua privatização sem consultar os funcionários”, disse.
E há indícios de administração danosa no Serviço de Assistência Aeroportuária, por parte dos anteriores administradores da empresa, afirma o presidente do Sindicato dos Trabalhadores:
“O ministro só deu ouvidos aos seus assessores, alguns dos quais passaram como administradores do SAA e não tiveram boa passagem, tiveram séries de problemas com sindicatos e há indícios de gestão danosa, que levaram a empresa chegar onde está (situação difícil). O que o Estado deve fazer é responsabilizar essas pessoas para esclarecerem o porquê de a empresa chegar onde está. E nós estamos decididos para reivindicar os nossos direitos e o pagamento dos salários. Estamos cansados”, disse o sindicalista.
Biem Embana, que se encontra em Portugal a alguns meses, disse estar a acompanhar a situação que se vive na empresa e afirma estar a influenciar a resolução dos problemas, mas disse que está também “dependente” do pagamento dos salários, enquanto funcionário, para voltar ao país.
Os funcionários do Serviço de Assistência Aeroportuária vão iniciar sexta-feira (13.11), a greve de uma semana, que tem como ponto principal, o pagamento de sete meses de salários para uns e seis meses para outros funcionários.
O Capital News sabe que a reunião desta terça-feira, do administrador do Serviço de Assistência Aeroportuária, Alberto Sanhá, com os trabalhadores, deu em nada, e o responsável não deu quaisquer garantias de pagamento a curto prazo, dos salários aos trabalhadores.
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