Milhares de liberianos saíram segunda-feira às ruas da capital, Monróvia, para protestar contra a corrupção e exigir que o Presidente George Weah tome medidas para melhorar a economia. Pelo menos uma pessoa ficou ferida.
Dezenas de membros da polícia de choque foram destacados para a capital e, ao início da noite, dispararam gás pimenta contra os manifestantes. A manifestação foi a segunda mais popular em menos de um ano contra a forma como George Weah, ex-jogador de futebol eleito Presidente da Libéria em 2017, está a lidar com os problemas económicos do país.
O Conselho dos Patriotas, que organizou o protesto, exige que Weah despeça toda a sua equipa económica. "Queremos que o Presidente tome medidas específicas para solucionar as questões que estão na base das nossas queixas. A economia, a corrupção e a cultura da impunidade: são esses os temas nos quais queremos que o Presidente trabalhe", disse Henry Costa, presidente do Conselho dos Patriotas e porta-voz dos manifestantes.
A economia da Libéria declinou durante os dois anos de mandato de George Weah. São comuns os atrasos no pagamento de salários, os bancos já não podem emprestar dinheiro e há hiperinflação no preço de bens de primeira necessidade.
"Eu votei em George Weah, mas estou muito insatisfeita. Nada mudou, as coisas estão mesmo a piorar", lamenta Vivian Reeves, uma manifestante liberiana que, em 2017, votou em no ex-jogador de futebol.
Os manifestantes também pediram explicações sobre os 25 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros) que o executivo de Weah retirou da reserva federal do país. Insatisfeito, o liberiano Abel Blackie questiona: "Há algum resultado sobre essas investigações?"
Condomínios e viagens geram críticas
George Weah também tem sido criticado por construir propriedades privadas - que englobam cerca de 50 condomínios - logo após ter tomado posse como Presidente, apesar dos seus apoiantes afirmarem que as construções foram feitas com o dinheiro pessoal do ex-jogador.
As viagens com comitivas extensas é outra das críticas apontadas ao chefe de Estado liberiano.
Nascido em Monróvia, em 1966, Weah foi o primeiro africano negro condecorado como melhor jogador de futebol do mundo pela FIFA, em 1995. Jogou em clubes como o Chelsea, AC Milan, Paris Saint-Germain e Manchester City antes de regressar, em 2003, ao país natal para se envolver na política.
O movimento de contestação queria inicialmente a demissão do Presidente, mas a população considerou que a atitude era antidemocrática e pediu que o chefe de Estado se responsabilize apenas pela fraca economia do país.
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