sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Sobre o debate televisivo.

Por dokainternacionaldenunciante 

Data 27 de DEZEMBRO
Artigo feito por: nick clermont

Antes de mais, gostaria de felicitar os dois candidatos a segunda volta das eleições presidenciais, Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC e Umaro Sissoco Embalo, apoiado pelo MADEM G15, pela sua presença no debate televisivo desta noite de 26 de Dezembro de 2019.

Na minha perspectiva, o debate correu de acordo com aquilo que eram as expectativas do público, isto é, de forma civilizada. Mas o que me intrigou, desde o início das publicidades feitas a volta desse debate, é a carga que se colocou em relação a língua em que o debate ia ser conduzido. Tanta propaganda! Tanta fanfarronice a volta de uma língua de cuja projecção hoje no mundo é devido a existência dos PALOP.

“Debate em Português”, “debate em Português”, como se todos os Guineenses fossem formados da escola de Camões, ou seja fossem falantes da língua de Luís de Camões. 

A comunicação é a interacção verbal entre o emissor e o receptor, daí a razão porque quando o interlocutor é uma pessoa singular e existirem vários receptores, se deva utilizar a língua mais falada no devido espaço geográfico para transmitir a mensagem.

O político Guineense deve compreender que a língua mais falada pelos Guineenses de todos os horizontes e o Creolo, e essa língua serviu no passado para cimentar e reforçar a unidade entre os combatentes tendo permitido assim que os objectivos da luta de armada de libertação nacional fossem atingidos, na união e coesão do nosso povo. 

No debate, tivemos dois atores, um que quis impressionar o telespectador urbano, convencido de poder mobilizar os eleitores a votarem nele, e o outro, que é de uma escola de pragmatismo, que quis atingir o maior número de Guineenses eleitores, que além de não terem o domínio da língua portuguesa não têm acesso aos órgãos de comunicação áudio e nem tão pouco audiovisual.

Os debates são muito essenciais para o esclarecimento de certos aspectos relacionados com o exercício do cargo político ao mais alto nível, porquanto permite aos protagonistas exporem as suas ideias, falarem dos seus projectos ou manifestos, como é o caso do nosso regime em que o Presidente da República não tem poderes executivos, competências reservadas ao governo, nos termos da Constituição da Republica.

Pensar que no contexto africano os debates, os projectos, por mais bem concebidos que sejam, podem mudar o sentido do voto do eleitor é mera ilusão. Ao longo da história das eleições na Guiné-Bissau, os resultados conseguidos na primeira volta das eleições sempre se reconfirmaram na segunda volta, a fortiori, nestas eleições de um contra todos.

Por isso, “que le débat soit en Balante, en Swahili, en Créole et à plus forte raison en Portugais», a língua que está a resistir graças aos PALOP, isso não altera em nada e nem tem influência no eleitor.  

Mas qual é o público-alvo que queremos atingir? Uma meia dúzia de gatos-pingados da zona alcatroada ou a grande maioria da população da Guiné-Bissau? 

Daí, que facilmente o candidato do PAIGC compreendeu e mudou de táctica, indo jogar no campo do adversário, incorporando na sua tese o Creolo, facto que merece ser aplaudido, porquanto a promoção e a defesa desse património comum deve ser uma das prioridades dos decisores Guineenses.

“Comparaison n’est pas raison”, como dizem os Franceses, mas é bom lembrar aos nossos compatriotas ou informarem aqueles que disso ainda não tinham conhecimento de que em vários países Africanos os soi-disant académicos nunca se destacaram a testa dos países que dirigiram. 

Ao contrário da tese que muitos defendem, aqueles países que hoje apresentam maiores índices de desenvolvimento humano não foram ou não são dirigidos por académicos de renome, mas sim por patriotas comprometidos com a defesa dos sacrossantos interesses do seu povo. 

Em conclusão, aqueles que pensavam que com a utilização do Português no debate, o DSP vai melhorar o seu score no dia 29 de Dezembro ou que o USE sairia humilhado, estão enganados, porque nada vai mudar. 

O USE vai melhorar o seu score e os votos dos três candidatos que o apoiam vão permitir a sua eleição ao cargo de Presidente da República da Guiné-Bissau, abrindo assim uma nova era de esperança na pátria de Cabral. 

índices de desenvolvimento humano não foram ou não são dirigidos por académicos de renome, mas sim por patriotas comprometidos com a defesa dos sacrossantos interesses do seu povo. 

Em conclusão, aqueles que pensavam que com a utilização do Português no debate, o DSP vai melhorar o seu score no dia 29 de Dezembro ou que o USE sairia humilhado, estão enganados, por que nova era de esperança na pátria de Cabral. 

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