sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

ANÁLISE DO DEBATE DA TGB

Por Ciro Batchicann 

FIQUEI ADMIRADO, ADMIRADO NÃO FIQUEI

TGB - fiquei confuso:

▪Por que o debate decorreu em português, diferente do habitual?
▪A mensagem deixada no debate tinha a quem como público alvo?
▪Como ficou a TGB ao assistir a um debate promovido por ele em que é transmitido em duas línguas entre os dois candidatos convidados?
▪Aquilo foi tempo de antena dos candidatos ou querem mesmo nos dizer que aquilo foi o debate dos candidatos?

Ora,

Se é verdade que no passado todos os debates do género decorreram em crioulo, para o bem do próprio organizador, quando surge uma necessidadede de ser em português, não deve ser o candidato a se preocupar em adivinhar ou a perguntar se vai ou não participar num debate onde as regras habituais irão ser deixadas de lado, mas sim, o próprio organizador é quem deve informar aos candidatos sobre quaisquer quebras que anteriormente se aplicavam.

Introduzir uma nova regra fora do habitual em pleno jogo, só pode ser classificado como ANTI-JOGO encomendado. Se há quem deve interessar-se em ver os dois candidatos a expressarem-se em uma única língua, para melhor compreensão do público, esse alguém chama-se Organizador. Porque antes de qualquer avaliação aos candidatos, o primeiro a ser avaliado é quem organiza, independentemente se o que acontece é positivo ou não, pois os futuros debates irão depender da qualidade de organização de hoje. Organizar um debate sem poder assistir ao mesmo como tal, desacredita a própria organização. Quando digo 'não poder assistir', estou a referir-me aos candidatos, pois cada um se expressa e rebate os argumentos do adversário em uma língua diderente, ou seja, um falando a língua diferente. Sendo assim, o que custava a TGB comunicar aos dois candidatos previamente sobre as regras preestabelecidas (para não dizer que tudo foi premeditado)?

Conclusão:

• o maior prejudicado dessa dessintonia é, sem sombra de dúvida, a pessoa que acompanhou o debate, vendo aquela barbaridade desorganizacional nunca antes vista na democracia guineense.
• o outro prejudicado é quem facilitou a dessintonia - neste caso a TGB.
• o terceiro prejudicado não podia ser outro além daquele que deixou-se levar pela dessintonia arquitetada, sem levar em conta o próprio eleitorado a quem dirige a mensagem.

1 - Suponhamos que, uma pessoa não entende bem uma das línguas, que relação ela irá fazer em relação ao discurso dos dois candidatos?

2 - Se para eleger um presidente é necessário uma maioria, entre crioulo e português, que diferença podemos encontrar em termos numéricos em relação ao eleitorado guineense?

3 - Por que todas as campanhas eleitorais no terreno são feitas em crioulo e o debate em português, se as mensagens são direcionadas a mesmas pessoas?

4 - Afinal qual era a finalidade do debate?

5 - A quem interessa o debate em português se a maioria dos votantes nem sequer atinge 20%?

COM ISSO, EU REITERO O MEU APOIO INCONDICIONAL E ALTERNATIVO AO CANDIDATO UMARO SISSOCO EMBALÓ.

Por quê?

Para mim, apoiar o Sissoco, como sempre disse, significa contrariar o joguinho maquiavélico do paigc e seus jornalistas encomendados contra os seus adversários, desde a abertura democrática na Guiné-Bissau até a data presente. Quando digo seus adversários, não estou apenas a referir-me o Sissoco, mas todos os futuros adversários do paigc. Pois o que está a acontecer contra Sissoco, não constitui novidade nenhuma, porque foi sempre assim contra os outros no passado. Para cada adversário do paigc, independentemente do seu nível académico, preparação política, sempre arruma algo para sujá-lo, com a finalidade de jogá-lo contra o povo. Se formos ver, em todas as eleições, o paigc sempre teve como candidato uma figura com menos preparação em relação a alguns dos seus adversários. Mas sempre fez de tudo para engrandecê-lo de qualquer forma diante dos adversários. O paigc não tem um único perfil para os seus candidatos, vende o que tem, e denegre tudo que aparece na sua frente, foi sempre assim. Quem perde com esse joguinho maquiavélico é sem sombra de dúvida, a democracia guineense.

Se os guineenses não lutarem para acabar com isso, vamos continuar a assistir coisas como as que estão sendo feitas contra o Sissoco. Se não colocarmos um ponto final nisso, nenhum bom filhos da Guiné-Bissau se sentirá motivado para participar no engrandecimento da democracia guineense. Hoje, é com o Sissoco, amanhã pode ser com qualquer outro, idependetemente do seu nível académico ou sua preparação política.

SOBRE O DEBATE EM CONCRETO,

Eu, como um observador atento, entre os dois candidatos, nada me surpreendeu.

Ao Sissoco,
Em nenhum momento me passou pela cabeça de que ele iria fazer algo diferente do que nos tem habituado. O Sissoco foi sempre Sissoco, de primeiro minuto a último minuto. Pois pela minha experiência como ser humano, eu estaria sendo injusto comigo mesmo se tivesse pensado que o Sissoco iria fazer contrário. Sissoco é de poucos homens que eu já vi que não exibe duas faces no que diz respeito à parte teórica. Pessoas como ele, não mudam de dia para noite quando assunto é fala. Comportamentos assim, são motivadas por natureza de cada um, em conjugação com o ambiente no qual se tornou homem. O Sissoco do debate não passava daquele homem que conhecemos como primeiro-ministro da Guiné-Bissau, que tivemos a oportunidade de ver como homem prático, talvez por vir da classe castrense, onde o pragmatismo fala mais alto.

A forma como o Sissoco foi surpreendido com o debate em português, mexeu fortemente com o seu psicológico, eu vi isso na sua cara durante o debate. Aliás, se eu que não estive no local fiquei machucado imagina uma pessoa que estava sozinho no meio de uma orquestra bem montada contra ele. Eu não vi a Televisão da República da Guiné-Bissau, uma emissora que devia pautar por equilíbrio desde o convite para o debate até o último abraço da noite, mas que optou por cair na armação montada por um sistema que subjugou todas as instituições da República, incluindo a própria TGB. O problema que se coloca não está em saber falar português ou não, mas sim, atingir o público alvo, e a combinação prévia a cerca da língua única para o debate. Ninguém merece estar a assistir um debate entre dois candidatos em que cada um fala uma língua diferente. Isso é tudo menos debate.

Por outro lado,
eu vi um candidato apoiado por um partido que de democracia, nada tem, a não ser usá-la para alcançar o poder a todo custo, para depois ativar aquilo mais sabe fazer, desrespeito às regras democráticas. Um candidato que se sentiu como quem está na sede do seu partido, por causa do ambiente montado a seu favor, desde a plateia, microfones, ausência total da resistência por parte dos moderadores em momentos de rebatimento. Um candidato que contradiz o tempo todo, usando a velha tática de exibicionismo da intelectualidade disfarçada, para enganar o povo que ele não quis passar a mensagem, direcionando a sua bateria a uma camada de complexados (incluindo os seus patrões além fronteira) que não representa nem 10% de votos.

O povo guineense saiu humilhado e ao mesmo tempo desrespeitado pela TGB e por Domingos Simões Pereira.

Pondo de lado a parte pessoal, o Sissoco conseguiu dignificar mais o povo guineense, ao deixar sua mensagem em crioulo para o seu público alvo, a quem pertence o maior número de voto. Se a maioria do público eleitor sequer consegue avaliar um discurso em crioulo imagina em português, uma língua que nem sabe falar!¿ O que aconteceu não passa de propaganda enganosa por parte de um candidato que não tem outra alternativa além de vender sonhos irrealizáveis.

A você que é guineense, aceite os meus respeitosos conselhos: no momento em que estamos, não é o Sissoco que está em causa, olhe para o seu futuro candidato, faça por aqueles que amanhã talvez queiram participar, porque tudo que está a acontecer contra Sissoco, não vai ser diferente amanhã contra o seu político favorito. Tudo que estão a semear contra Sissoco, tinha acontecido com os grandes políticos intelectuais da RGB - MOVIMENTO BAFAFÁ, PRS, Francisco José Fadul, Henrique Pereira Rosa, Paulo Gomes, e etc.. Nenhum candidato do paigc era comparado com esses grandes políticos que a Guiné-Bissau teve a honra e prazer de ter.

Como Sissoco, todos eles, de maneira diferente, foram silenciados pelo partido que está sendo dirigido por Domingos Simões Pereira.

Com o Sissoco eleito, vai ser uma porta aberta para que os grandes guineenses se interessarem para a político guineense. A contrário disso, vamos continuar a ver esse tipo de ditadura na democracia e o flagrante desrespeito contra os valores da República.

Ciro Batchicann - 27/12/2019.

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