Por Lusa 24/03/2025
Dois jornalistas do Burkina Faso foram hoje detidos em Ouagadougou e levados para destino desconhecido, após uma associação de que são membros denunciar atentados à liberdade de expressão, adiantou a entidade.
Desde o golpe de Estado de 2022, liderado pelo capitão Ibrahim Traoré, são numerosos os relatos de raptos de vozes consideradas hostis ao regime militar.
"Guézouma Sanogo, presidente da AJB (Associação de Jornalistas do Burkina Faso), e Boukari Ouoba, vice-presidente, acabam de ser levados por indivíduos que se dizem polícias dos serviços de informação (...) para destino desconhecido", denunciou esta manhã a associação na rede social Facebook.
Também nas redes sociais, os apoiantes da junta militar saudaram as detenções dos dois jornalistas.
Os dois foram detidos em Ouagadougou, no Centro Nacional de Imprensa Norbert Zongo.
Num congresso da AJB, na sexta-feira, Guézouma Sanogo denunciou publicamente o número crescente de "violações da liberdade de expressão e de imprensa", que "atingiram um nível sem precedentes" no país.
Outros jornalistas recordaram que sete dos seus colegas foram raptados em 2024, alguns dos quais ainda estão desaparecidos.
Na semana passada, o movimento político Sens (Servir e não Servir) denunciou o rapto de cinco dos seus membros, incluindo um jornalista, depois de a organização ter denunciado massacres de civis atribuídos ao exército burquinabê e aos seus auxiliares, sob o pretexto da luta contra o fundamentalismo islâmico.
As Organizações Não-Governamentais (ONG) internacionais Repórteres sem Fronteiras (RSF), Amnistia Internacional e Human Rights Watch (HRW) denunciaram vários destes raptos.
As três ONG denunciaram igualmente casos de "requisição": alistamento forçado nas forças de segurança para participar na linha da frente da luta contra os fundamentalistas islâmicos, graças a um decreto de mobilização publicado em 2023, que, segundo aquelas organizações, visa as vozes críticas do regime.
O Burkina Faso é governado desde setembro de 2022 por uma junta milita golpista.
O país está mergulhado há dez anos numa espiral de violência fundamentalista islâmica, que já fez mais de 26 mil mortos, entre civis e militares, segundo a ONG Acled, que regista as vítimas dos conflitos.
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