© Reuters Lusa 10/12/2024
Ucrânia. EUA libertam 20 mil milhões de dólares através do Banco Mundial
Os Estados Unidos anunciaram hoje a libertação de 20 mil milhões de dólares para a Ucrânia, no âmbito de um empréstimo de 50 mil milhões de dólares prometido por países do G7, em colaboração com o Banco Mundial.
"Os Estados Unidos cumpriram o seu compromisso de outubro (...), transferindo estes fundos" para a iniciativa do Banco Mundial dedicada à Ucrânia, "através da qual serão disponibilizados" a Kiev, explicou o Departamento do Tesouro norte-americano, num comunicado.
Esta contribuição dos Estados Unidos -- para um fundo aprovado pelo conselho executivo do Banco Mundial, em outubro, para apoiar a Ucrânia com contribuições dos Estados Unidos, Canadá e Japão - será reembolsada através da devolução dos juros dos ativos russos congelados devido às sanções ocidentais.
O montante de ativos russos congelados nos países do G7 - uma grande parte na Bélgica, através da câmara de compensação Euroclear - ascende a cerca de 300 mil milhões de euros, o que gera até três mil milhões de euros em receitas por ano.
Após meses de discussões, os líderes do G7 chegaram a um acordo em outubro para utilizar os juros gerados pelos ativos soberanos russos congelados nas suas jurisdições, devido a sanções aplicadas pelos países ocidentais, para garantir um empréstimo de 50 mil milhões de dólares (cerca de 45 mil milhões de euros) a favor da Ucrânia.
"Estes fundos -- financiados por receitas inesperadas provenientes dos ativos fixos da Rússia -- proporcionarão à Ucrânia um apoio fundamental", afirmou a secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen.
O Governo do Presidente Joe Biden está a esforçar-se para acelerar a sua ajuda à Ucrânia antes da transferência do poder para a administração do republicano Donald Trump, em 20 de janeiro, e já anunciara, no sábado, uma ajuda estimada em 988 milhões de dólares (cerca de 940 milhões de euros) a Kiev.
O Presidente eleito republicano deixou clara a sua intenção de reduzir a ajuda norte-americana à Ucrânia.
Numa entrevista televisiva, este fim de semana, Trump reiterou que Kiev deveria esperar menos ajuda dos Estados Unidos.
Yellen disse acreditar que o Presidente russo, Vladimir Putin está a tentar ganhar tempo, esperando que o Ocidente atenue as sanções a Moscovo, assegurando que os Estados Unidos querem passar uma "mensagem inequívoca de determinação" no apoio a Kiev.
Os aliados europeus da Ucrânia temem que os Estados Unidos se retirem do apoio à Ucrânia com a chegada de Trump à Casa Branca.
Donald Trump ameaça também afastar os Estados Unidos da NATO, pedindo aos Aliados que contribuam mais financeiramente para a defesa comum.
"Apoiar a Ucrânia é também vital para o interesse nacional dos Estados Unidos. Falhar com a Ucrânia encorajaria ainda mais a agressão liderada por [Vladimir] Putin e colocaria em risco a segurança dos nossos aliados da NATO na Europa, que somos obrigados pelo tratado a defender", disse hoje o Departamento de Tesouro norte-americano.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.
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