Por SIC Notícias 17/03/23
Nada melhor do que uma noite bem dormida. Quem nunca pensou assim umas quantas vezes? Mas sabia que metade dos portugueses tem sono insatisfatório ou de má qualidade? Quem o diz é a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), após realizar um estudo, no âmbito do Dia Mundial do Sono, que se assinala a 17 de março.
Uma noite bem descansada é o que todos queremos ter, no entanto, os distúrbios de sono são cada vez mais frequentes e apresentam uma “tendência crescente inerente aos acontecimentos mundiais: pandemia; guerra, instabilidade económica mundial que crescem em paralelo com aumento das taxas de depressão e ansiedade".
Quem o diz é a pneumologista na Unidade Medicina do Sono, no Hospital CUF Tejo e Hospital CUF Descobertas, Susana Teixeira de Sousa, que em entrevista à SIC Notícias explicou, por exemplo, por que motivo deve ser evitada a medicação para dormir.
Distúrbios respiratórios do sono: do que se trata?
Se os números de obesidade teimam em subir, o aumento de distúrbios respiratórios do sono, nomeadamente de síndrome de apneia obstrutiva do sono, também acompanham este ritmo.
A síndrome de apneia obstrutiva do sono pode afetar 9 a 24% da população adulta e apresenta-se “como principal fator de risco para o excesso de peso e obesidade”, acrescentou a pneumologista.
“Os distúrbios respiratórios do sono, por seu lado, associam-se a um aumento do risco cardiovascular, nomeadamente de enfarte e arritmia, mas também à dificuldade no controlo do peso e podem agravar o prognóstico de doenças pré-existentes”, disse a especialista.
Por outro lado, “a síndrome do sono insuficiente relaciona-se com aumento de incidência de doenças cardiovasculares e de alguns tipos de cancro”, explicou.
Síndrome do sono insuficiente: posso tomar medicação para dormir?
O estudo da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono revela que há cada vez mais pessoas a necessitar de medicação para dormir. Contudo, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia mostra-se preocupada com esta forma de contornar a situação.
“A medicação para dormir parece ser um atalho para a resolução de um problema sem entender de facto de que problema se trata. Sendo um atalho, muitas vezes não é o caminho correto para a identificação de um distúrbio do sono que pode ter um tratamento específico”, esclarece Susana Teixeira de Sousa, em entrevista à SIC Notícias.
“Na maioria das doenças do sono, nomeadamente nas mais prevalentes: insónia e síndrome de apneia do sono, a abordagem terapêutica não passa por medicação para dormir”, garante.
Quando o sono deixa de ser reparador e passa a existir uma “dificuldade em iniciar ou manter o sono”, “ressonar”, “paragens na respiração”, “falar durante o sono”, ou “movimentos/comportamentos estranhos” enquanto dorme, “é necessário procurar ajuda especializada de forma a implementar o tratamento adequado".
Pandemia contagiou o sono
Não é novidade que “a pandemia associou-se ao aumento das taxas de ansiedade e depressão e, consequentemente, a um aumento dos distúrbios de sono”.
E se o mundo conheceu uma nova realidade com a covid-19, sobretudo o mundo do trabalho, que passou a ser em regime remoto, é certo que na hora de descansar algo também mudou.
Isto porque “o sono não é imune a esta mudança de rotinas”, afirma a pneumologista.
E que efeitos podem ter noites mal dormidas? Desde logo, "sonolência diurna, que se associa ao aumento do número de acidentes de viação ou acidentes de trabalho, mas que também pode ser responsável pelo baixo rendimento académico ou má performance física ou laboral”, esclareceu em entrevista à SIC Notícias.
Sono tem de ter uma boa higiene
Para evitar o recurso a medicação e para garantir uma noite bem dormida, há alguns hábitos designados por medidas de higiene do sono que os especialistas recomendam, entre as quais:
- evitar bebidas estimulantes ou alcoólicas antes de dormir;
- evitar refeições pesadas ao jantar;
- não fumar antes de dormir;
- estar num “quarto confortável, com temperatura adequada e sem luz ou ruído”.
Não sendo uma novidade, mas o que muitos se esquecem é de “evitar a exposição a luz azul proveniente de telemóveis, tablets ou computadores”, concluiu Susana Teixeira de Sousa.
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