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Por LUSA 20/10/22
A primeira-ministra britânica, Liz Truss, demitiu-se hoje após seis semanas em funções marcadas por turbulência económica e caos político, sendo o nome do sucessor esperado na próxima semana.
Numa declaração junto à residência oficial, em Downing Street, Truss lembrou ter sido eleita com a promessa de promover uma "economia de impostos baixos e crescimento elevado que procuraria beneficiar das liberdades do 'Brexit'".
"Reconheço, no entanto, dada a situação, que não posso cumprir o mandato com que fui eleita pelo Partido Conservador. Por conseguinte, falei com Sua Majestade, o Rei, para o notificar de que me demito de líder do Partido Conservador", afirmou.
Truss mantém-se em funções como primeira-ministra até que seja escolhido um sucessor por deputados e militantes 'tory'. Ainda assim, o mandato será o mais curto da história britânica.
O partido quer concluir a seleção de um novo líder e primeiro-ministro até ao final da próxima semana, sexta-feira, 28 de setembro, num formato mais célere do que as oito semanas que durou o escrutínio para substituir Boris Johnson.
Os candidatos precisarão do apoio de pelo menos 100 colegas para serem elegíveis, reduzindo a um máximo de três possíveis entre os 357 deputados Conservadores. Se existirem dois finalistas, os militantes vão escolher o vencedor por voto eletrónico.
O objetivo, explicou o presidente do chamado Comité 1922, conselho do partido que organiza as eleições internas, Graham Brady, é "ter um novo líder a postos antes da declaração fiscal que terá lugar a 31 de outubro".
Enquanto líder do partido que ganhou as eleições em 2019 com uma maioria parlamentar absoluta, o líder dos conservadores é automaticamente indigitado pelo monarca chefe do Governo.
Os partidos da oposição criticaram a situação, que significa que o país terá três primeiros-ministros no espaço de dois meses sem consultar diretamente os britânicos.
O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, exigiu a convocação de eleições legislativas "já", criticando a "porta rotativa caótica" do Partido Conservador que "muda as pessoas no topo sem o consentimento do povo britânico".
O Partido Liberal Democrata, através do líder Ed Davey, instou os deputados conservadores a "cumprirem o dever patriótico, colocarem o país em primeiro lugar e darem ao povo uma palavra a dizer".
Para a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, líder do Partido Nacional Escocês (SNP), o segundo maior partido da oposição, "uma eleição nacional é um imperativo democrático".
Analistas políticos consideram esta possibilidade improvável porque a vantagem de cerca de 30 pontos percentuais do 'Labour' nas sondagens mais recentes aponta para uma vitória esmagadora, dizimando os 'tories'.
Numa sondagem publicada hoje pela revista New Statesman, o Partido Trabalhista obtém 53% das intenções de voto, mais do dobro dos 22% dos Conservadores.
Truss, de 47 anos, foi declarada líder do Partido Conservador em 05 de setembro, com 57% dos votos, derrotando Rishi Sunak na eleição interna para substituir Boris Johnson. Foi indigitada primeira-ministra em 06 de setembro.
Na origem da queda está uma crise política e económica desencadeada pela turbulência nos mercados financeiros registada após a apresentação de um "mini orçamento" em 23 de setembro com várias reduções de impostos.
O Governo não forneceu qualquer análise independente, nem explicou como iria financiar as medidas, criando o receio de a dívida pública poder aumentar para níveis insustentáveis.
Criticada pelo Fundo Monetário Internacional e outras instituições, Truss foi obrigada a pedir desculpa pelos "erros", cancelar quase todos os cortes fiscais e a substituir Kwasi Kwarteng por Jeremy Hunt como ministro das Finanças.
O descontentamento no partido no poder agravou-se após alegações de coação física na quarta-feira à noite no Parlamento sobre deputados Conservadores para apoiarem o Governo numa votação contra a proibição da exploração de gás de xisto.
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