Notícias ao Minuto 18/03/22
O papa Francisco condenou hoje "o perverso abuso de poder" patente na agressão russa à Ucrânia e pediu ajuda para os ucranianos, atacados na sua "identidade, história e tradição" e que têm direito a "defender a sua terra".
As declarações do papa, numa mensagem enviada a um encontro de representantes católicos europeus na Eslováquia, são algumas das mais contundentes por ele até agora emitidas sobre o direito da Ucrânia a existir enquanto Estado soberano e a defender-se da invasão da Rússia.
Foram proferidas apenas alguns dias depois de o chefe da Igreja Católica ter dito ao patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Kirill, que o conceito de "guerra justa" é obsoleto, porque as guerras nunca são justificáveis, e que os religiosos devem pregar a paz, não a política.
Tais comentários, feitos durante uma videochamada na quarta-feira com Kirill, foram um golpe indireto à aparente defesa da guerra feita pelo patriarca ortodoxo.
Próximo do Presidente russo, Vladimir Putin, o patriarca terá justificado a invasão descrevendo-a como parte de uma luta contra o pecado e a pressão de estrangeiros liberais para realizar "desfiles 'gay'".
Kirill culpou o Ocidente e outro patriarca ortodoxo por fomentar a inimizade entre a Ucrânia e a Rússia e fez eco das palavras de Putin ao insistir que os cidadãos dos dois países são "um só povo".
Nas suas declarações de hoje, o papa Francisco não mencionou a Rússia pelo nome -- prova da tradição do Vaticano de não identificar agressores e das suas tentativas de manter um diálogo aberto com a igreja de Kirill -, mas a sua defesa da Ucrânia foi clara.
"O grito desolador pedindo ajuda dos nossos irmãos ucranianos obriga-nos, enquanto comunidade de crentes, não apenas a uma séria reflexão, mas a chorar com eles e a esforçarmo-nos por eles; a partilhar a angústia de um povo ferido na sua identidade, história e tradição", disse Francisco na mensagem enviada ao encontro católico em Bratislava.
"O sangue e as lágrimas das crianças, o sofrimento das mulheres e homens que estão a defender a sua terra ou a fugir às bombas abalam a nossa consciência. Mais uma vez, a humanidade é ameaçada por um perverso abuso de poder e interesses sectários, que estão a condenar um povo indefeso a sofrer todas as formas de violência brutal", sustentou.
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