▲"Não consigo encontrar as palavras certas para pedir perdão ao povo ucraniano", afirmou o tenente-coronel Astakhov Dmitry Mikhailovich, numa conferência de imprensa
Quando o coronel viu os pugilistas ucranianos Oleksandr Usyk e Vasyl Lomachenko pegar em armas, teve “vergonha” de ter participado na invasão” e agora pede perdão ao povo da Ucrânia.
Um coronel das forças armadas russas capturado pelos ucranianos disse estar “envergonhado” por a Rússia ter invadido a Ucrânia, pediu perdão e apelou aos soldados russos para se rebelarem contra os seus superiores: “Sejam corajosos. Vocês estão numa situação difícil, ir contra o vosso próprio comandante, mas isto é genocídio. A Rússia não pode vencer aqui, mesmo que se vá até ao fim. Podemos invadir o território, mas não podemos invadir as pessoas.”
Astakhov Dmitry Mikhailovich, que pertence à unidade de resposta rápida da Guarda Nacional russa, foi um dos três elementos das forças armadas russas capturados a participar numa conferência de imprensa, organizada pela agência de notícias ucraniana Unian, na passada quinta-feira.
Depois de garantir que não foi coagido pelos seus captores, o tenente-coronel recordou que a ordem de invasão à Ucrânia foi recebida com surpresa na sua unidade, mas que lhes foi dito que o país estava a ser controlado por “um regime fascista” e que era preciso libertar o povo ucraniano dos “nacionalistas” e dos “nazis” que estavam no poder.
“Obviamente esta informação era unilateral”, afirmou Mikhailovich, citado pelo jornal espanhol Marca e pelo neo-zelandês The New Zealand Herald, admitindo que teve algumas dúvidas em relação ao que lhes foi dito, especialmente depois de ver os pugilistas ucranianos Oleksandr Usyk e Vasyl Lomachenko pegarem nas armas para defender o seu país.
Sempre gostei de os ver lutar, são os meus pugilistas favoritos. Quando os vi pegar em armas e dizer que não tinham outra hipótese, foi quando tive vergonha de ter vindo à Ucrânia.”
O comandante acrescentou que parte da população russa está a ser alvo de uma “lavagem cerebral”, porque não tem acesso a outras fontes de informação a não ser as controladas pelo Kremlin, e pediu aos ucranianos para serem “misericordiosos” com os militares russos que se rendam.
“Só espero sinceramente que sejam misericordiosos para com as pessoas que venham ter convosco com as mãos no ar, ou para com aqueles que estão feridos. Não devemos semear a morte. É melhor semear a vida.”
O tenente-coronel disse ainda estar disposto a ir preso por ter participado na invasão: “Não consigo encontrar as palavras certas para pedir perdão ao povo ucraniano e compreenderia se a Rússia nunca fosse perdoada.”
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Kyiv reivindica morte de mais de 11.000 soldados russos
A Ucrânia indicou hoje que mais de 11.000 soldados russos foram mortos desde o início da invasão do país pela Rússia, em 24 de fevereiro.
Num boletim hoje publicado pelo Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia na rede social Facebook, as forças ucranianas reclamam ainda ter destruído um total de 290 tanques, 46 aviões e 68 helicópteros russos.
O balanço, cujos dados não podem ser verificados de forma independente, não refere quaisquer baixas de militares ou veículos ucranianos, mas indica que 999 veículos de combate blindados russos foram neutralizados, segundo a agência noticiosa Efe.
As Forças Armadas ucranianas disseram que o cálculo dos danos nas fileiras inimigas "é complicado dada a alta intensidade das hostilidades".
Apesar de o relatório não contar as perdas do Exército ucraniano, os serviços estatais de emergência da Ucrânia relatam mais de 2.000 mortos entre civis -- um balanço que também não foi validado por fontes independentes.
Por sua vez, o gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos confirmou, no domingo, 1.123 vítimas civis, entre feridos e mortos, no conflito na Ucrânia, admitindo que o número real é "consideravelmente mais alto, em particular no território controlado pelo Governo".
Ainda que não tenham anunciado os prisioneiros de guerra feitos, a Ucrânia capturou vários soldados russos.
Na sexta-feira, as forças ucranianas voltaram a apresentar à comunicação social vários soldados russos capturados, tendo estes chegado ao local vendados com fita adesiva, segundo a agência noticiosa France-Presse (AFP).
Após a iniciativa, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) emitiu um comunicado em que afirmava que cada parte do conflito deve tratar os prisioneiros de guerra e civis capturados com dignidade.
"Os prisioneiros de guerra e os civis detidos devem ser tratados com dignidade e estar completamente protegidos contra maus-tratos e exposição à curiosidade pública, o que inclui a divulgação pública de sua imagem em redes sociais", lê-se no comunicado divulgado na sexta-feira.
Contactados pela AFP sobre estes métodos, o Ministério da Defesa da Ucrânia e os serviços de segurança ucranianos não responderam.
Num vídeo, Oleksiy Arestovich, alto conselheiro da Presidência ucraniana, limitou-se a apelar para um "tratamento humano dos prisioneiros", recordando a vigilância pelos parceiros ocidentais sobre este tema.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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