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Sicnoticias.pt 15.12.2020
Relatório da agência de desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) alerta que as metas de desenvolvimento têm de trabalhar "com e não contra a Natureza".
A "próxima fronteira" para as metas do progresso humano exigirá trabalhar "com e não contra a Natureza", transformando ao mesmo tempo normas sociais, valores e incentivos governamentais e financeiros, defendeu hoje a agência de desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD).
Esta é uma das principais conclusões do Relatório de Desenvolvimento Humano 2020 lançado hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e que será apresentado numa sessão de alto nível coorganizada pela Suécia.
Sob o tema "A Próxima Fronteira: Desenvolvimento Humano e o Antropoceno", o relatório do PNUD, que assinala este ano o seu 30.º aniversário, observa que, pela primeira vez, "numa relação de 300 mil anos" em vez de ser o planeta a moldar os humanos, são os humanos que estão a moldar o planeta.
"Este é o Antropoceno: a era dos humanos", frisa o relatório, que se propõe nesta edição analisar como a Humanidade pode caminhar nesta nova era e mostrar como as ações humanas e o respetivo impacto no planeta (como por exemplo, as emissões de gases com efeito de estufa e a pegada material dos países) interagem com as desigualdades entre as sociedades.
Para o especialista português, a forma como as pessoas estão a vivenciar as pressões em relação ao planeta Terra está ligada à forma como as sociedades funcionam e atualmente, segundo frisa no relatório, "sociedades fraturadas estão a colocar as pessoas e o planeta em rota de colisão".
A atual pandemia da doença covid-19 é a mais recente grande crise que o mundo enfrenta e, segundo o PNUD, não será a última, "a menos que os humanos libertem o seu domínio sobre a Natureza".
"Os humanos têm mais poder do que nunca sobre o planeta. Perante as repercussões da covid-19, o nível recorde das temperaturas e a desigualdade em espiral, chegou a hora de usar esse poder para redefinir o que entendemos por progresso, onde as nossas pegadas de carbono e de consumo não estão mais escondidas", declara, por sua vez, o administrador do PNUD, Achim Steiner, citado no relatório.
Neste sentido, o PNUD apresenta uma escolha difícil e decisiva para os líderes mundiais: "Tomar medidas ousadas para reduzir a imensa pressão que está a ser exercida sobre o ambiente e o mundo natural, ou o progresso da Humanidade irá estagnar".
"Como este relatório demonstra, nenhum país do mundo alcançou ainda um desenvolvimento humano muito elevado sem colocar uma enorme pressão sobre o planeta. Mas nós poderemos ser a primeira geração a corrigir esse erro. Essa é a próxima fronteira para o desenvolvimento humano", defende Achim Steiner no documento, que argumenta que chegou o momento de todos os países redesenharem os seus caminhos.
Para ilustrar este ponto, o PNUD decidiu incluir novos parâmetros experimentais no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
"Ao ajustar o IDH, que mede a saúde, a educação e os padrões de vida de uma nação, para incluir mais dois elementos, as emissões de dióxido de carbono de um país e a sua pegada material, o índice mostra como o panorama do desenvolvimento global mudaria se tanto o bem-estar das pessoas como o do planeta fossem centrais para definir o progresso da Humanidade", destaca o documento.
Por exemplo, e à luz destes novos parâmetros, mais de 50 países deixariam de constar no grupo de nações de alto desenvolvimento humano, na sequência da sua dependência de combustíveis fósseis e da respetiva pegada material.
"A próxima fronteira para o desenvolvimento humano não é a escolha entre pessoas ou árvores; é o reconhecimento, hoje, que o progresso humano impulsionado por um crescimento desigual e intensivo em carbono acabou", defende Pedro Conceição.
E conclui: "Ao combater a desigualdade, capitalizar a inovação e trabalhar com a natureza, o desenvolvimento humano poderá dar um passo transformador para apoiar as sociedades e o planeta em conjunto".
O PNUD apresenta-se como a principal organização das Nações Unidas para o combate às injustiças relacionadas com a pobreza, desigualdade e alterações climáticas.
A agência trabalha com uma rede de especialistas e parceiros em 170 países.
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