Fonte: Bernardo Mário Catchura
CORDA DE SAFIM E JUSTIÇA SOCIAL
Aparentemente não existe nenhuma ligação entre ambas.
A justiça social é um conceito baseado no compromisso público com os princípios da igualdade, da distribuição e redistribuição de rendimento e no respeito pela diversidade.
A corda de Safim é uma invenção do governo da Guiné-Bissau para impor restrições á liberdade de circulação de pessoas e bens, dentro do território nacional.
O Estado da Guiné-Bissau, enquanto parte integrante da CEDEAO, subscreveu o acordo de livre circulação para os cidadãos do espaço comunitário.
Seria de esperar que, por maioria de razão, aplicasse esta medida à sua população.
Pois, mas não é o caso.
Não se compreende a quantidade de barreiras materializadas através de cordas mantidas por uma infinidade de forças da ordem, num País que não está em guerra (a não ser consigo próprio), com a única finalidade de aterrorizar, extorquir e violentar uma população esgotada por tantos abusos e desmandos.
Se transportam produtos agrícolas são obrigados a pagar taxas ilegais sob o risco de lhes serem confiscados os seus parcos bens.
Para além do evidente impacto negativo a nível económico e social, ressalta a tremenda injustiça que todos os dias é cometida contra os cidadãos mais desfavorecidos.
Às viaturas privadas, da nossa pequena elite local, não existe interdição de passagem nem necessidade dos seus utilizadores saírem para apresentação de documentos.
Os utentes dos toca-toca, sete place e táxis- mulheres com filhos às costas, crianças ou idosos- devem descer dos carros e atravessar a pé, sob o sol ardente ou chuva torrencial, a linha imaginária traçada pela corda, para se apresentarem às autoridades, antes de voltarem a subir para os respetivos transportes.
Incompreensível e inadmissível num País onde muitos se sacrificaram para restituir o respeito e a dignidade a este povo.
O Estado da Guiné-Bissau tem a OBRIGAÇÃO de adoptar medidas e políticas públicas destinadas a diminuir as desigualdades, onde os direitos humanos sejam assegurados, começando pela remoção de barreiras que nos dividem e separam cada vez mais!
Contribuição cidadã
Nelvina Barreto
Novembro 2020
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