Covid-19: OMS na tormenta inicia Assembleia Geral virtual
Tedros Adhanom Ghebreyesus, director-geral da OMS, na abertura da Assembleia Geral (virtual) da agência da ONU a 18 de Maio de 2020 em Genebra, Suiça. Christopher Black/OMS/Handout via ReutersTexto por: Isabel Pinto Machado com AFP
A Organização Mundial de Saúde organiza a sua Assembleia Geral anual até 21 de Maio, em plena pandemia de Covid-19, com uma forte polémica em torno da gestão desta crise pelo seu director-geral, o etíope Tedros Adhanom Gebreyesus, acusado de conivência com a China.
A Assembleia Geral da OMS acontece anualmente e normalmente apenas interessa os peritos do sector dos 194 países membros, mas este ano realizada por video-conferência, esta deverá transformar-se num campo de batalha geopolítica, o que tem sucedido igualmente com a pandemia de Covid-19, pois como todas as instâncias da ONU, esta organização reflecte as relações de força internacionais.
Dois temas vão dominar esta Assembleia Geral: o lançamento de um inquérito imparcial, completo e independente sobre a resposta à pandemia de Covid-19 defendido pela União Europeia e o lugar de Taiwan na organização, que se pretende mundial.
Mas também a futura comercialização e distribuição de uma vacina contra a pandemia de Covid-19.
A OMS é acusada pelo Presidente Donald Trump de conivência com a China, onde foi despoletado o epicentro da pandemia, com o primeiro caso em Wuhan a 17 de Novembro, mesmo se em Janeiro Donald Trump felicitou este país pela forma como combatia o novo cornavírus, em Abril Trump suspendeu a contribuição norte-americana à organização, que rondava entre 400 e 500 milhões de dólares anuais.
A China por sua vez anunciou uma contribuição de cerca de 10% deste valor, o que Donald Trump denunciou num tweet este fim de semana, continuando a denunciar que a "praga ou flagelo veio da China" o que enerva Pequim, mas reconforta o seu eleitorado.
Mas Donald Trump não é o único a criticar a OMS, vários Estados e peritos estimam que a organização tardou em reconhecer a transmissão do virus entre seres humanos e deixou Pequim ditar o momento de declarar o alerta sanitário internacional, uma decisão capital.
Alguns acusam a China pela sua falta de transparência e oposição à presença de Taiwan na OMS, a Europa pede um inquérito internacional imparcial, completo e independente logo que possível, sobre a resposta internacional à pandemia, mas em estreita ligação com a OMS e não contra ela, que poderia ter o apoio de uma centena de países.
A proposta europeia é menos constrangedora do que a da Austrália que queria que fosse efectuado um inquérito independente sobre a origem da novo coronavirus SARS-CoV-2.
A China saúda a proposta europeia, mas considera que "o momento não é oportuno" e que o mais importante é "combater o virus até à vitória final", admitindo no entanto "não se opor a um inquérito científico sobre a origem do virus, sob a égide da OMS ou de uma organização regional, com a inclusão de dados relativos à China, mas também aos Estados Unidos e outros países".
Em 2005 após a epidemia de SARS, os Estados reforçaram o "regulamento sanitário internacional" ou RSI na sigla inglesa, a "bíblia" da OMS, atribuindo-lhe um poder supranacional, mas tal não foi utilisado no contexto actual da pandemia de Covid-19, que já causou mais de 300.000 mortes no mundo e 4,8 milhões de infectados.
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