segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

ANÁLISE DAS INCONGRUÊNCIAS CONSTANTES NO MANIFESTO POLÍTICO DO CANDIDATO PRESIDENCIAL DOMINGOS SIMÕES PEREIRA. PARTE I

Por Jorge Herbert

1. “Todos os guineenses, no país e na diáspora, de nascença ou de adoção devem ter no Presidente uma referência de amor e comunhão, a quem se referem e se dirigem para encontrar a inspiração maior a favor da pertença e convivência nacional."

COMENTÁRIO: Esse é o manifesto da candidatura do mesmo indivíduo que passou quase uma legislatura inteira a ofender publicamente quer verbalmente, quer por atos o Presidente da República Dr. José Mário Vaz? É esse indivíduo que esteve e pactuou com uma manifestação em que se simulava a morte do Presidente da República? Esse é o indivíduo cujos apoiantes femininos foram levantar a saia para exibir as partes íntimas em direção ao Palácio da República?

2. “Se por algum motivo fosse permitido a todos, visarem o bem-estar próprio de qualquer forma, a qualquer preço, sem regras nem ordem, em relativamente pouco tempo voltaríamos ao estado natural e correríamos sérios riscos de desagregação e desaparecimento enquanto sociedade.”

COMENTÁRIO: Essas são as palavras do manifesto de um indivíduo que, por causa da recuperação do poder, bloqueou todo um país, inclusive com o encerramento da casa da democracia e provocou sanções dos seus conterrâneos, inclusive civis, apenas e só para defender o seu bem-estar próprio?

3. “...Outro exemplo, são as manifestações “étnico-culturais” em espaços que podem não ser os mais apropriados, tanto para os que assistem, como eventualmente para os próprios intervenientes. Peguemos o exemplo dos “Toca Tchur”, que acontecem numa grande maioria no centro da cidade de Bissau e que envolvem rituais para os quais as infraestruturas não estão nem ajustadas nem compatíveis. Assim orientadas, estas manifestações não honram a cultura autóctone, pois acabam muitas vezes se transformando em ostentações por parte de gente pouco conhecedora da verdadeira tradição, que põem em causa a saúde pública, perturbam a convivência urbana e não trazem qualquer benefício, ou muito pouco para a riqueza nacional.

O Presidente da República pode e deve liderar o processo de diálogo, para o estudo e compreensão dessas especificidades e identificação do ritual que, aceite pelas autoridades tradicionais, possa conviver com as regras da higiene e da urbanidade. Conseguido esse pressuposto, são reenquadradas na tradição e fazem jus à convivência harmoniosa das partes, talvez mesmo passando a constituir fontes de rendimento local para essas comunidades e suas respetivas lideranças.”

COMENTÁRIO: Pura e simplesmente ESCANDALOSO! A mais alta manifestação do complexo do colonizado! Um candidato ao mais alto cargo da nação, num país multi-étnico e consequentemente multicultural como a Guiné-Bissau, considera uma cerimónia de cariz étnico-cultural como o “Toca-Tchur” não adaptada às regras da higiene e da urbanidade! Aparentemente pretende retirar essa manifestação étnico-cultural da cidade, compensando financeiramente essas comunidades e suas respetivas lideranças!

Sr. candidato Domingos Simões Pereira, para si uma procissão católica ou um cortejo fúnebre católico, que percorre as ruas da cidade, da igreja ao cemitério por ex, perturbando a circulação dos restantes transeuntes, está adaptado ás regras da urbanidade?! Uma festa popular de origem católica, com lançamento de foguetes ou fogos de artifício, para si já se enquadra nas regras da higiene e urbanidade? Sr. candidato, espero que fique mesmo pela candidatura, para que possa ter mais tempo para ler e perceber Amilcar Cabral e a dimensão da liberdade que desejou para o seu povo e pelo qual deu a vida…

Jorge Herbert

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