Por Francisco Jose Gomes Fernandes
Pelas minhas asserções, o PAIGC de Amílcar Cabral era um partido Socialista/Comunista. Um partido que foi criado para libertar o povo e consequentemente servir o povo.
Nos dias de hoje, o nome e a figura de Cabral é vastamente referenciado por todos os seus membros para angariar votos ou simpatias. Falam das ideias de Cabral, dos sonhos de Cabral, das ambições de Cabral, mas durante quarenta e tal anos de poder, o partido PAIGC nunca praticou ou pôs em prática as ideias de Amílcar Lopes Cabral.
Se Cabral era um socialista/ comunista, e o partido PAIGC e os seus membros sejam da mesma ideologia política, sim, porque um partido político é uma organização de indivíduos que partilham a mesma ideologia ou tem os mesmos pensamentos em relação à direção do País, o maior objetivo de um partido, é atingir o poder para depois implementar as ideologias e ideias do partido.
O PAIGC, Governou a Guiné-Bissau mais de quatro décadas, e sendo um partido de raiz e convicções socialistas, pergunto eu, que obras de caráter socialista fez o PAIGC na Guiné-Bissau? Que instituições ou serviços foram criados na ideologia do socialismo para servir o povo?
Na Guiné-Bissau, o povo, já pobre financeiramente, tem de pagar tudo, inclusive o serviço nacional de saúde, que mesmo com péssimas condições de serviços, ainda cobram as pessoas no ponto de entrada, no hospital Simões Mendes, só para ser visto por um médico, tens de pagar, o médico faz o diagnóstico e remete-te para outro serviço, ao chegar no outro serviço, pagas outra vez, receitam os medicamentos, pagas outra vez, ora num país onde o partido que nos deu a independência, e manteve-se no poder por mais de quatro décadas, e que se diz ser de cariz socialista/ comunista, é uma aberração e uma ignorância inacreditável!
Se a minha memória não me falha, no último Governo do PAIGC liderado pelo Simões Pereira, estava na mesa o dossiê de privatizações de vários companhias pertencentes ao Estado da Guiné-Bissau, inclusive aquela que arrecada mais dinheiro para os cofres do estado, ( Portos de Bissau) será que privatizações são parte integrante da ideologia socialista? Será que o PAIGC de Cabral, está perdido e sem rumo?
Fiz várias perguntas, não porque não tenhas as respostas para as mesmas, mas porque quero ouvir das bases do suporte do partido PAIGC, quero que me digam a mim e aos Guineenses, quem são, em que acreditam.
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ResponderEliminarComentário A. Keita – Parte 1/2
ResponderEliminarDefendendo categoricamente, de que, pelas suas “ASSERÇÕES, O PAIGC DE AMÍLCAR CABRAL ERA UM PARTIDO SOCIALISTA/COMUNISTA”, o autor deste artigo cá comentado se baseia numa “tese” ou melhor, num preconceito; ou melhor ainda, numa ETIQUETAGEM colada outrora ao PAIGC, totalmente falsa.
ETIQUETA essa, colada a este Partido, sobretudo e mais gritantemente, a partir do mês de Maio de 1968, pelo Brigadeiro (advindo General nos solos da atual Guiné-Bissau) António Ribeiro Sebastião de Spínola (vulgo General Monóculos) e sua equipe, para a execução, na altura, do seu último ato de aldrabice e hipocrisia colonial da “Guiné Melhor”.
Pois que, na realidade, o PARTIDO AFRICANO DA INDEPENDÊNCIA (P.A.I. – União dos Povos da Guiné e Cabo Verde), a composição inicial no ato da fundação deste Partido, tendo essa evoluída entre a data deste ato, executado em Setembro de 1956 e o Julho de 1962, para o PARTIDO AFRICANO DA INDEPENDÊNCIA DA GUINÉ E CABO VERDE (P.A.I.G.C.), a composição final, mantida até aos nossos dias; este Partido teve e continua a ter como OS FUNDAMENTOS DA SUA BASE IDEOLÓGICA, o consubstanciado primeiramente e intrinsecamente nessa sua sigla.
Consubstanciada primeiramente e intrinsecamente, por uma escolha então procedida objetiva e programaticamente, passo a passo. Tendo-se preferido primeiramente ao termo, “PARTIDO”, em vez de União, Movimento, Frente, Liga, Congresso, Convergência, Aliança ou Plataforma etc.; depois, agindo metodologicamente da mesma maneira, para se passar à escolha do termo de “AFRICANO”, para findar na do da “INDEPENDÊNCIA” na composição da parte I (PAI) da sigla deste Partido (para não se centrar aqui que nesta parte I).
Sendo a BASE DO FUNDAMENTO IDEOLÓGICO estabelecida desde então, esta seguinte:
(1) a organização criada é uma organização sociopolítica de tipo Partido. Quer dizer, do IDEAL REVOLUCIONÁRIO E DA VISÃO DE VANGUARDA;
(2) de um lado, ele (o Partido), é «AFRICANO». Para se mostrar e demonstrar a todos, de que se trata, com efeito, de uma organização partidária EXCLUSIVA, quando virada para fora do continente africano. A saber, em relação (ou em oposição) sobretudo ao Europeu (colonizador), mas também ao Americano, Asiático ou Australo-oceaniano (potenciais colonizadores). É a IDEIA E O IDEAL intrínseco do PAN-AFRICANISMO nesta sigla. O PARTIDO é AFRICANO ponto final;
(3) de outro lado, este mesmo Partido, é «AFRICANO» para se mostrar e demonstrar a todos, de que se trata, com efeito, de uma organização partidária INCLUSIVA E EXCLUSIVA AO PAR, quando virada para o interior do continente africano. Aí, sendo um Partido que é AFRICANO, ele não é um Partido Guineense, nem Cabo-verdiano, nem Mauritaniano, nem Angolano e aí por fora; e ainda muito menos um Partido Nalu, Mandinga, Balanta, Sanvicentiano/Mindelense, Badio, Sampadxudo ou de qualquer outro grupo social ou religioso; e muito, muito menos um Partido de «pretos», «burmedjos» ou «brancos». Nesta IDEIA E IDEAL se exprime a IDEIA, ATITUDE E O COMPORTAMENTO POLÍTICOS DE NACIONALISMO PAN-AFRICANO. Quer dizer, sim, a um nacionalismo abrangente de todo o continente africano, mas não, tanto ao nacionalismo nativista (jus soli) assim como etnicista/tribalista (jus sanguinis) ou racista (jus sanguinis/geneos). Sendo o PARTIDO, também partindo desta perspetiva, o PARTIDO AFRICANO ponto final;
Comentário A. Keita – Parte 2/2
ResponderEliminar(4) o P.A.I.[...] = Partido Africano da Independência [...]. A INDEPENDÊNCIA, É ENTENDIDA NO SENTIDO DE UMA INDEPENDÊNCIA IMEDIATA, VERDADEIRA E TOTAL; como uma que é e será da e pela definitiva NEGAÇÃO de qualquer espécie de dependência (desrespeito, violação, amedrontamento, subjugação, servidão, humiliação, espoliação, dominação, exploração de qualquer espécie, tutelagem...) por qualquer grupo humano ou força de qualquer origem, de fora ou dentro do continente africano, no espaço e no tempo (hoje e amanhã, na expressão de camarada Cabral). Sendo logo, essa INDEPENDÊNCIA, a RAZÃO e a CONDIÇÃO da existência do PARTIDO AFRICANO, ao par, o seu OBJECTIVO CENTRAL e seu IDEAL, à volta do qual o PROJETO DE SOCIEDADE aspirado por este será construído.
Eis apenas uns ELEMENTOS DO FUNDAMENTO IDEOLÓGICO DO PAIGC fundado pelo Cabral e seus companheiros. Elementos intrinsecamente encravados neste Partido desde então até hoje. Um Partido que, sob a direção deste seu Líder fundador durante 16 anos 04 meses e 01 dia, nunca se definiu ser nem Socialista, nem comunista. Esta ETIQUETA tendo-lhe sido atribuída pelos seus mais ferrenhos inimigos, enquanto seus mais chegados amigos lhe pediam a adotar uma tal definição de ser Partido Marxista Leninista e/ou Socialista/Comunista. Que nunca atendeu favoravelmente.
Atualmente, o PAIGC se posiciona em como «UM PARTIDO INDEPENDENTE, PROGRESSISTA E MODERNO, IDEOLOGICAMENTE ASSENTE NO SOCIALISMO DEMOCRÁTICO E […]» (Cif., Preâmbulo, p. 1/52 do Estatutos adotado no seu IX Congresso realizado em Janeiro/Fevereiro de 2018). Isso, para se situar no quadro e contexto desses nossos tempos do pluralismo democrático e da democracia multipartidária. Mas sem contudo, se despedir dos VALORES DOS SEUS FUNDAMENTOS POLÍTICO-IDEOLÓGICOS INTRÍNSECOS DE BASE gravados mais acima.
Para dizer concluindo que, se furtar de tudo isso para defender ainda hoje, a etiqueta de outrora, colada a este Partido, do “PAIGC DE AMÍLCAR CABRAL ERA UM PARTIDO SOCIALISTA/COMUNISTA” é estar pura e simplesmente na fantochada.
Obrigado.
Pela honestidade intelectual, infalível...
Por uma Guiné-Bissau de Homem Novo (Mulheres e Homens), íntegro, idôneo e, pensador com a sua própria cabeça. Incorruptível!
Que reine o bom senso.
Amizade.
A. Keita