sexta-feira, 31 de maio de 2019

Na Guiné-Bissau e creio que em todo o mundo democrático, independentemente dos sistemas, não há eleições governativas!

Por Fernando Casimiro

É preciso desmentir categoricamente a tese de que o Povo votou para a nomeação de um Primeiro-ministro e de um Governo, nas eleições Legislativas de 10 de Março passado, na Guiné-Bissau!

Já escrevi e já disse para quem me quis ler e ouvir, e volto a repetir, para quem quiser ler ou ouvir, incluindo as diversas organizações internacionais credenciadas na Guiné-Bissau que, na Guiné-Bissau e creio que em todo o mundo democrático, independentemente dos sistemas, não há eleições governativas!

Na Guiné-Bissau, há eleições Presidenciais, Legislativas e Autárquicas, ainda que estas nunca tenham sido realizadas. E já agora, porquê? Na minha modesta opinião resumida, porque os mesmos de sempre nunca quiseram a descentralização e a desconcentração do poder Executivo e Administrativo do Estado, para que a autonomia institucional derivante dessa descentralização e desconcentração, não obrigasse a uma política virada para a autonomia da gestão dos fundos públicos, incluídos no Orçamento Geral do Estado, para uma execução e administração na perspectiva autónoma do Poder Local, quiçá, Autárquico, mas sim, eternamente executada e administrada pelo Poder executivo e administrativo, central, quiçá, do Governo. Tomem lá as migalhas, senhores governadores regionais, porque eu, Primeiro-ministro, assim decido...

É o que tem acontecido na Guiné-Bissau desde sempre e que tem impedido a realização das eleições autárquicas!

Voltando ao voto do Povo nas eleições legislativas de 10 de Março último, a esse Povo foi dado uma "formação cívica" financiada pelos parceiros internacionais.

Por acaso, na formação cívica, havia alguma referência de se estar a preparar o Povo para votar numa eleição governativa, ou era para votar nas eleições legislativas, quiçá, em listas de candidatos de Partidos Políticos à Assembleia Nacional Popular, e por via disso, para eleger Deputados, ou seja, os Representantes de TODO O POVO?

Um Deputado é sinónimo de Governante e vice-versa? NÃO!

O exercício de funções do Deputado é incompatível com uma série de outras funções, incluindo as de Governante!

Quem figurou nalguma lista de candidatura como candidato a Ministro, Secretário de Estado e por aí fora e foi votado nesse âmbito, nas eleições legislativas de 10 de Março passado na Guiné-Bissau?

Por acaso, a Assembleia Nacional Popular e o Governo, enquanto órgãos de soberania, têm as mesmas competências constitucionais?

É ou não um facto que a Assembleia Nacional Popular não depende de nenhum Governo para manter o exercício da legislatura, e sim, do Presidente da República e que um Governo não sustenta nenhum Parlamento, por depender precisamente do Parlamento?

É ou não um facto que, à luz da Constituição da República da Guiné-Bissau, no seu Artigo 103.º, o Governo é politicamente responsável perante o Presidente da República e perante a Assembleia Nacional Popular?

É ou não um facto que a base para a nomeação/manutenção de qualquer que seja o Governo, no nosso Regime Semi-presidencialista, depende da Confiança da Assembleia Nacional Popular (por via da sustentação de uma maioria parlamentar que garanta a estabilidade política e governativa)?

O que significa a realização de eleições Legislativas na Guiné-Bissau e para os Guineenses, afinal?

Que os guineenses votaram em listas de candidatos a Primeiro-ministro, Ministro, Secretário de Estado?

NÃO!

Não enganem mais o nosso POVO!

O Povo votou nos seus representantes (Deputados), para a Casa do Povo, quiçá, Assembleia Nacional Popular.

A Assembleia Nacional Popular não é o Governo e o Governo não é a Assembleia Nacional Popular!

A sede da Assembleia Nacional Popular não é o Palácio do Governo e o Palácio do Governo não é a sede da Assembleia Nacional Popular!

O Presidente da Assembleia Nacional Popular não é o Primeiro-ministro e o Primeiro-ministro não é o Presidente da Assembleia Nacional Popular.

Os Ministros e os Secretários de Estado não são Deputados em exercício de funções e os Deputados em exercício de funções não podem ser Ministros ou Secretários de Estado.

Posto isto, por que insistir na nomeação e legitimação de um Governo, sem a conclusão do processo das eleições legislativas, que não começa, nem acaba com a votação do Povo eleitor, mas sim, pela legitimação e validação do processo legal estabelecido quer pela Constituição da República, quer pela Lei-Eleitoral e pelo Regimento da Assembleia Nacional Popular e que tem na Assembleia Nacional Popular a sua sede de decisão/viabilização?

Se a Verdade Liberta, não menos Verdade é admitir que a Lucidez também complementa a libertação através da Verdade!

Positiva e construtivamente.

Didinho 31.05.2019

4 comentários:

  1. Boa tarde meu mano mas onde sai ou quem te paga para fazer estes comentarios sem sentido nenhum?
    Então agora para ter eleições governativa é a partir da eleição presidencial?
    Deixa polir ambiente com estes texto cheio de maldade ou sem objetividade.

    ResponderEliminar
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  3. Em todos os regimes da Democracia Parlamentar Representativa e de Estado de Direito, o que faz as eleições é, segundo os resultados saídos das urnas, o estabelecimento (inamovível), sempre, dos QUADROS POLÍTICOS PRECISOS DE GOVERNAÇÃO. Respondendo a interrogação de, QUEM DEVE, PODE E VAI GOVERNAR-NOS (na situação da maioria absoluta [e/ou qualificada] saída das urnas; o caso na Guiné-Bissau, na IX Legislatura)?, OU QUEM DEVE, PODE E VAI LIDERAR A GOVERNAÇÃO DO NOSSO PAÍS (na situação da maioria relativa e/ou dita simples; o caso atual na Guiné-Bissau, para a presente X Legislatura)?. Eis o que faz o soberano, se diz. Em poucas palavras. O resto é bla-bla.

    Obrigado.
    Que reine o bom senso.
    Amizade.
    A. Keita

    ResponderEliminar
  4. As tuas reflexões não são "palavras de rei" por favor para de pensar que es o único lúcido a pensar na Guiné-Bissau ...isto felizmente deixou de ser a terra dos cegos...as tuas opiniões guarda-os para ti...porque deixou de ter interesse...felizmente agora cada um pensa pela sua cabeça e tem as suas próprias ideias...tal como deve ser num estado democrático...positivamente e construtivamente...bem haja.

    ResponderEliminar