Os magistrados dos serviços de Inspeção do Ministério Público da Guiné-Bissau acusaram hoje o Procurador-geral da República, Bacari Biai, de estar a fomentar uma crise interna no órgão e suspenderam as suas atividades de inspeção.
Através de uma deliberação, a que a Lusa teve acesso, cinco magistrados que integram os serviços de inspeção do Ministério Público, Cipriano Naguelin, Pansau Natcharé, Quintino Inquebi, Romelo Barai e Victor Bacurim, acusam o Procurador, Bacari Biai de tentativa de "encobrimento de condutas ilegais de certos magistrados" alvos de sindicância.
Os cinco magistrados, todos com a categoria de procuradores gerais adjuntos, afirmam que negam "qualquer tratamento privilegiado" do Procurador-Geral da República, visando "encobrir a conduta de magistrados" alvos de investigações laborais.
Os magistrados acusam Bacari Biai de ter mandado anular uma decisão de inspeção feita sobre a atuação de alguns delegados do Ministério Público no âmbito de um processo que envolve uma empresa que tinha solicitado a sindicância do comportamento daqueles magistrados.
Por não concordarem com a atuação de Biai, os cinco membros da inspeção decidiram "suspender toda atividade imediatamente" até quando forem criadas as condições de "isenção, objetividade, imparcialidade por parte do Procurador-Geral da República", lê-se ainda na deliberação hoje divulgada em Bissau.
Os cinco magistrados "lamentam a crise interna" que afirmam ser alimentada pelo Procurador-Geral da República, o que, dizem, "não abona em nada a imagem" do Ministério Público e da própria justiça guineense, senão sustentar "única e exclusivamente condutas indevidas".
A Lusa tentou, sem sucesso, obter uma reação da procuradoria.
dn.pt/lusa
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