Refugiados africanos no centro de detenção de Holot, no deserto de Negev
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou que Israel vai deportar cerca de 40 mil requerentes de asilo africanos considerados ilegais "sem o seu consentimento”.
No início dos anos 2000, milhares de refugiados, maioritariamente do Sudão e da Eritreia entraram em Israel após a difícil travessia da Península do Sinai. Dados oficiais datados de 30 de junho apontam para 38,043 imigrantes africanos no país. Mais de 27 mil vêm da Eritreia e quase 8 mil do Sudão.
O afluxo de requerentes de asilo não foi bem recebido por muitos israelitas que consideram que estes não são verdadeiros refugiados, mas sim "infiltrados”. Israel considera que os refugiados são imigrantes ilegais e os pedidos de asilo são aprovados apenas em casos extremamente raros.
Benjamin Netanyahu |
Netanyahu disse ainda que a construção de uma barreira com o Egito reduziu o afluxo de refugiados praticamente a zero e que cerca de 20 mil "infiltrados” africanos já foram deportados através de vários acordos. Agora, segundo o primeiro-ministro israelita, o país entra na terceira fase dos esforços – "a remoção acelerada”.
Acordos com Uganda e Ruanda?
Um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro recusou comentar as declarações de Benjamin Netanyahu.
No mês passado, o diário israelita Haaretz noticiou que o primeiro-ministro chegou a um acordo com o Ruanda para deportar os requerentes de asilo. Ativistas dos direitos humanos afirmam que há também um acordo com o Uganda.
Protesto de requerentes de asilo no centro de detenção de Holot, em 2014
O Governo de Israel planeia ainda encerrar o controverso centro de detenção de migrantes de Holot, no deserto de Negev, e deu um prazo de três meses aos migrantes para abandonarem o país, caso contrário, serão deportados.
A Agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) já expressou "grande preocupação” com a segurança dos deportados. O centro de Holot, com capacidade para mil e 200 migrantes, foi descrito pelo ministro da Segurança Pública, Gilad Erdan, como "um hotel para infiltrados às custas dos contribuintes que não encoraja a sua saída” que custa 58 milhões de euros por ano.
Uma coligação de organizações dos direitos humanos em Israel condenou o anúncio feito este domingo, afirmando que Israel está a fugir às obrigações internacionais de proteção dos requerentes de asilo. "Em vez de rejeitar refugiados no seu território, Israel pode e deve proteger os requerentes de asilo tal como outros países, em vez de os deter ou deportar para continuarem a sua viagem como refugiados”, dizem as organizações.
Dw.com
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