quinta-feira, 28 de setembro de 2017

CONSIDERACOES GERAIS DO PRESIDENTE CESSANTE ALBERTO MBUNHE NAMBEIA.


1-R - O Senhor dirige o PRS desde Dezembro de 2012. Que balanço faz destes quatro anos a frente da segunda maior força politica do país?

AN - Foram quatro anos de altos e baixos, reflexos da constante instabilidade do país. Mas, de forma geral, foram coroados de êxito. Consegui unir militantes com opções e pontos de vista diferentes em determinados assuntos, promovi diálogo constante entre os militantes, reuniões de apaziguamento entre partes desavindas, encontros constantes entre a Direcção superior do partido e a Base, visitas e auscultação às estruturas do partido em todo o território nacional. Outras acções que ajudaram-me a conduzir com êxito esse partido foram os bons conselhos que recebi das diferentes sensibilidades do país, designadamente, ex-políticos e ex-Governantes nacionais e estrangeiros, Chefes Religiosos, Régulos, Mulheres, jovens, inclusive crianças.

2-R – O Senhor Presidente falou sempre em unir o PRS. Certo que encontrou o partido dividido?

AN - Não. O PRS não esteve dividido e nunca estará dividido. O que existia sempre era divergência de pontos de vista sobre determinados assuntos, o que muitos entenderam por divisão. Hoje o PRS dispõe de inúmeros e competentes quadros em diferentes sectores de desenvolvimento, facto que não permite todos esses quadros pensar da mesma maneira sobre uma determinada matéria. Mesmo os mais críticos do partido continuam a ser fiéis militantes e continuam a trabalhar arduamente para o avanço do Partido. É preciso saber diferenciar as coisas.

3-R - Alguns elementos da sua direcção foram criticados por militantes do Partido. O que o senhor pensa fazer no futuro?

AN – Habitualmente na Guiné quando uma pessoa é criticada por outrem, o criticado passa a considerar o crítico de inimigo. Mas, muita das vezes, o critico de boa fé quer a melhoria de acções ou do comportamento da entidade criticada; por isso, algumas críticas são bem-vindas. As críticas a outras pessoas não existem apenas no PRS, elas existem em todas as esferas da vida nacional e além fronteiras. Como exemplo, no país existem críticas na governação, no parlamento, na justiça, nas forças armadas, na polícia, etc, mas tudo isto são comportamentos normais num país de carência como o nosso e obviamente numa democracia.

4-R – Quais foram as maiores dificuldades que o Senhor encontrou durante o seu mandato?

AN – Certo que a direcção deparou com dificuldades enormes, sobretudo falta de materiais para o bom exercício das nossas funções, nomeadamente, falta de uma casa própria para o PRS funcionar em pleno, falta de meios financeiros, falta de viaturas, falta de equipamento informático, falta de formação contínua dos militantes, tanto no país como no estrangeiro. A Sede que dispomos não é suficiente para todos os serviços necessários e a mesma carece ainda de secretárias, assentos, aparelhos de ar condicionado, entre outros equipamentos.

5-R – E como o Senhor pensa superar essas dificuldades?

AN – Através de um trabalho árduo de todos os militantes, a fim de conquistarmos maior reputação e dignidade no país e no estrangeiro. Através da coesão interna e confiança mútua de Base à Direcção Superior do Partido. E, por último, pagamento regular de quotas tal como está estipulado nos estatutos do Partido.

6 – R - O PRS e o PAIGC divergem em relação a aplicação do acordo de Conacri. O Senhor acredita numa convivência pacífica entre os dois partidos no futuro? 

AN - Sem dúvida. Aliás, desde a implantação do multipartidarismo no país, os dois partidos conviveram num espírito sã e de cordialidade, não obstante algumas divergências políticas em certos assuntos. Prova disso são as duas formações políticas terem convivido em vários governos inclusivos, de consenso e de unidade nacional. Em nome da paz, estabilidade e coesão interna, estou optimista que os dois partidos voltarão a conviver em governos e no parlamento. Por outro os dois partidos tem em comum uma coisa que é a Guiné-Bissau, e certo que trabalharão juntos para a edificação da paz, aprofundamento da democracia, para o bem-estar do povo guineense.

7 – R – Onde reside essa divergência em relação ao acordo de Conacri?

AN – Ela reside na interpretação que cada partido faz do referido acordo. Mas é certo que no acordo não existe nenhum nome para a figura do Primeiro-ministro. O Presidente da República, de antemão, tinha enviado ao mediador três nomes que são: Umaro Sissocó Embaló, Aladje Fadiá e Augusto Olivais. O certo é que em Conacri muitos não concordaram com esses nomes propostos e apresentaram por sua vez novos nomes que também não mereceram aval de outras delegações presentes. E ficou retido que após o regresso a Bissau o Presidente da Republica iria escolher uma figura da sua confiança e de consenso entre os signatários do acordo. Na audição aos partidos políticos após o regresso de Conacri pelo Presidente da República, o PRS garantiu apoiar toda e qualquer figura que vier a ser nomeada por José Mário Vaz. Essa escolha recaiu na pessoa de Umaro Embaló, e decidimos apenas honrar a nossa palavra, isto é, apoiar o novo Primeiro-ministro. Por isso, lanço um vibrante apelo aos signatários deste acordo para apoiarem a sua aplicação não só em palavras como também em acções visíveis.

7-R – O PRS saiu de 28 para 41 Deputados no último escrutínio realizado em Abril de 2014. O que é devido a essa subida de 13 Deputados?

AN – Isto é devido ao esforço incansável e boa vontade de todos os seus militantes em não poupar energias durante as campanhas eleitorais e a compreensão do povo guineense de que o PRS é um partido com objectivos bem definidos, a saber: instaurar no país um verdadeiro estado de direito e consequentemente promover a unidade nacional e a justiça social. O PRS desde sempre lutou e continuará a lutar para a paz e sossego deste povo, para a convivência pacífica das suas etnias, para compreensão mútua entre as diferentes confissões religiosas e pelo respeito à dignidade humana. Tudo isto levou ao povo guineense acreditar no PRS e nos seus dirigentes.

08 – R- O que o Senhor espera das próximas eleições?

AN – Vitoria do PRS, se Deus quiser. Vitoria Eleitoral em 2018. Toda a máquina do PRS estará mobilizada a trabalhar para isso. Mas o mais importante é que os guineenses já compreenderam a verdadeira luta do nosso partido, facto que irá facilitar a nossa vitória com maioria absoluta. Hoje a maioria dos guineenses e alguns estrangeiros já compreenderam onde reside a constante instabilidade política deste país, quem é o defensor da paz e estabilidade do país, quem são os instigadores de problemas para conseguirem alguns proveitos e quem são os obstáculos ao desenvolvimento. Tudo isto facilitará a vitória do PRS nas próximas eleições legislativas.

9 – R – Então o senhor será o futuro Primeiro-ministro?

AN – Ser ou não Primeiro-ministro é menos relevante. Os meus desígnios são a unidade nacional, justiça social, convivência pacífica, estabilidade duradoura e o respeito às nossas diferenças. Isto é mais importante do que ser Primeiro-ministro ou Presidente da República.

10 – R - Quero saber apenas se o senhor será o futuro Primeiro-ministro da Guiné-Bissau?

AN – Como já lhe disse, isso é menos relevante. E se eu não for Primeiro-ministro, garanto ao senhor jornalista que no PRS existem muitas figuras com competência invejável, com larga experiencia profissional e governativa, que podem ser, sem dúvida, Primeiro-ministro.

11-R – Conquistada a vitoria nas eleições legislativas do próximo ano, como é que o PRS pensa governar?

AN – O PRS vai governar com todas as forças vivas da nação. Partidos com e sem assento parlamentar, entidades singulares, técnicos de reconhecido mérito residentes no país ou na diáspora e demais interessados para o desenvolvimento harmonioso do nosso país. Um Governo inclusivo com figuras que deram provas de maturidade e responsabilidade. Figuras capazes de tirar o país do marasmo em que se encontra, sobretudo, a constante instabilidade política e governativa.

12 – R - Como o senhor avalia o desempenho da Comunidade Internacional no país?

AN – Positiva. A Comunidade Internacional fez tudo e continua a fazer o que pode por este país. Desde a nossa independência concedeu inúmeros fundos que poderiam servir de um baluarte para o desenvolvimento sustentável, mas infelizmente foram mal aproveitados pelos sucessivos governos deste país. A actual crise também mereceu atenção da Comunidade Internacional. E até então continua a apelar ao diálogo inclusivo a todas as forças vivas da nação, para a saída desta crise. Também uma parte de organismos internacionais fiéis a esse governo disponibilizou alguns fundos para alguns sectores de desenvolvimento, nomeadamente, UEMOA, BOAD, FMI, Banco Mundial, entre outros. Ainda alguns países amigos da Guiné-Bissau estão a dar apoios significativos ao país na cooperação bilateral e multilateral, sobretudo na área social. Em suma, até aqui a comunidade Internacional está apoiar o país, não obstante as divergências que existem entre os actores de desenvolvimento, sobretudo no aspecto político. (F)

Jornalista Saliu Seide

Prs Bissau

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