segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Vários mortos após tentativa de golpe de Estado em Benin... Várias pessoas morreram no Benin durante a tentativa falhada de golpe de Estado no domingo, anunciou hoje o Governo beninense, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.

Por LUSA 08/12/2025

No início da manhã de domingo, "violentos confrontos" opuseram amotinados e a guarda republicana na residência do presidente, Patrice Talon, causando "vítimas de ambos os lados", indicou o governo, citado pela Agência France-Presse.

Alguns golpistas foram detidos e outros estão em fuga.

"O pequeno grupo de soldados que organizou a revolta planeava destituir o presidente da República, subjugar as instituições da República e pôr em causa a ordem estabelecida", refere o secretário-geral do Governo, Edouard Ouin-Ouro, no comunicado do Conselho de Ministros.

De acordo com Edouard Ouin-Ouro, os golpistas "tentaram neutralizar ou sequestrar alguns elementos do exército".

Segundo o governo, o chefe do Estado-Maior da Guarda Nacional, Faïzou Gomina, e o general Abou Issa, chefe do Estado-Maior do exército, foram feitos reféns, acabando por ser libertados em Tchaourou, uma cidade situada a mais de 350 quilómetros de Cotonou.

Além disso, morreu a mulher do diretor do gabinete militar do presidente, o general Bertin Bada, "ferida mortalmente" umas horas antes, num outro ataque liderado pelos golpistas.

Um grupo de militares anunciou no domingo de manhã a destituição do presidente beninês e a instauração de uma junta militar liderada pelo tenente-coronel Pascal Tigri, sob o nome de Comité Militar para a Refundação (CMR).

No entanto, pouco depois começaram a surgir mensagens do governo do Benim, com o ministro do Interior, Alassane Seidou, a dar o golpe como abortado.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ordenou o destacamento imediato de tropas para o Benim, após o fracassado golpe de Estado.

A força regional é composta por tropas da Nigéria, Serra Leoa, Costa do Marfim e Gana, e tem como missão "apoiar o Governo e o Exército Republicano do Benim na preservação da ordem constitucional e da integridade territorial do país".

A CEDEAO já tinha condenado "veementemente" a tentativa de golpe e elogiado o Governo do presidente Patrice Talon por ter conseguido restabelecer a ordem.

Patrice Talon, de 67 anos, chegou ao poder em 2016 e foi reeleito em 2021, tendo lançado um programa político e económico centrado no desenvolvimento do país.

No entanto, os seus críticos acusam-no de ter conduzido a uma erosão das instituições democráticas, outrora consideradas exemplares na região.

As próximas eleições presidenciais no Benim estão previstas para abril de 2026 e Talon não será candidato, por ter cumprido os dois mandatos de cinco anos permitidos pela Constituição.

Porque a Comunidade Internacional Rompeu com Fernando Dias da Costa: As Cinco Razões que Anteciparam o Declínio do Apoio Externo

Por: Frits O. Cole – Jornalista    Nova Iorque, 04 de Dezembro de 2025

Num movimento pouco comum na diplomacia contemporânea, a comunidade internacional afastou-se de Fernando Dias da Costa ainda antes da divulgação oficial dos resultados eleitorais na Guiné-Bissau. Esse corte abrupto — perceptível nos corredores da CEDEAO, União Europeia, Nações Unidas e entre parceiros bilaterais — não surgiu por acaso. Foi o produto final de uma avaliação estratégica devastadora, conduzida em silêncio por capitais que não arriscam a sua credibilidade em aventuras políticas contaminadas.

A seguir, apresentam-se as cinco razões estruturais que explicam por que motivo Fernando Dias deixou de ser considerado um interlocutor aceitável e passou a ser, para os principais centros de decisão global, um fator de instabilidade e um risco geopolítico intolerável.

1. Ligações Diretas ao Narcotráfico Internacional

O elemento mais explosivo prende-se com a ligação direta e plenamente documentada entre Fernando Dias da Costa e Danilson “Nick” Gomes Ié — figura central do narcotráfico na África Ocidental. Dossiês partilhados por agências internacionais, incluindo unidades antidroga europeias e norte-americanas, apontam Nick como elo operativo entre cartéis colombianos e redes criminosas brasileiras.

A leitura dos parceiros internacionais foi inequívoca:

um eventual governo Fernando Dias significaria a entrada oficial dos cartéis no centro do poder político guineense.

Um diplomata europeu sintetizou o diagnóstico de forma crua:

> “Não podíamos apoiar uma candidatura cuja vitória implicaria a institucionalização do narcotráfico no topo do Estado.”

A partir desse momento, Fernando tornou-se politicamente radioativo.

2. Risco Elevado de Captura do Estado e Instauração de um Narco-Governo

As projeções estratégicas indicavam que uma vitória de Fernando aceleraria a captura total das instituições do Estado por redes criminosas. Para os parceiros internacionais, tratava-se do ponto de não retorno.

Os cenários eram claros:

colapso da autonomia das forças de segurança,

infiltração massiva do aparelho estatal,

multiplicação exponencial de rotas marítimas e aéreas de cocaína,

transformação da Guiné-Bissau no maior entreposto de droga do Atlântico.

A leitura em Bruxelas e Abuja foi simples:

um eventual governo Fernando Dias não seria um acidente institucional, mas um narco-regime consolidado por via eleitoral.

3. Instabilidade Militar e Risco Imediato de Fragmentação das Forças Armadas

Outra variável crítica foi a avaliação militar. A ascensão de Fernando teria gerado, segundo relatórios confidenciais, uma reação armada interna. Setores das forças armadas — historicamente sensíveis ao avanço desenfreado do narcotráfico — não aceitariam a consolidação de Nick como poder paralelo.

Os relatórios projetavam:

ruptura da cadeia de comando,

emergência de alas militares rivais,

elevado risco de golpe de Estado,

escalada de confrontos em Bissau e no interior.

Apoiar Fernando equivaleria, para a comunidade internacional, a patrocinar um conflito interno inevitável. Nenhum parceiro esteve disposto a assumir essa fatura.

4. Consequências Diplomáticas Catastróficas e Isolamento Imediato

Estados Unidos, União Europeia e Portugal deixaram claro que não reconheceriam nem dialogariam com um governo capturado por cartéis. As repercussões seriam automáticas:

congelamento de financiamento e cooperação,

sanções direcionadas,

bloqueio de ajuda técnica e securitária,

aumento de vigilância internacional sobre navios e aeronaves,

perda de credibilidade nos fóruns multilaterais.

A mensagem foi objetiva:

a Guiné-Bissau tornar-se-ia um pária diplomático caso Fernando fosse guindado ao poder.

5. Ameaça Existencial à Estabilidade da África Ocidental

Num contexto regional já saturado por golpes militares e por redes jihadistas, a CEDEAO avaliou que a vitória de Fernando funcionaria como acelerador de instabilidade em toda a região.

As projeções incluíam:

interação entre jihadismo e narcotráfico,

intensificação do fluxo de armas, drogas e capitais ilícitos,

pressão criminosa sobre Senegal, Guiné e Serra Leoa,

reorganização das rotas de cocaína com epicentro em Bissau.

A conclusão dos peritos foi categórica:

um governo Fernando Dias colidiria com os pilares de segurança coletiva da CEDEAO e colocaria toda a região em risco.

Uma Decisão Preventiva e Irreversível

Muito antes dos resultados eleitorais, os parceiros externos já haviam encerrado o dossiê Fernando Dias da Costa. A decisão de retirar apoio não foi movida por simpatias políticas, mas por cálculo estratégico.

Não se tratou de ingerência, mas de autoproteção.

Não foi idealismo, mas gestão de risco.

Não foi rejeição diplomática, mas um veto global a um projeto considerado perigoso.

A comunidade internacional enviou um aviso cristalino:

nenhum poder será reconhecido se servir como plataforma para interesses criminosos.

A Guiné-Bissau encontra-se numa encruzilhada histórica -- e desta vez, o mundo recusou-se a assistir passivamente à captura do Estado.

Guiné-Bissau: Alto Comando Militar publica Carta Política de Transição... O Alto Comando Militar para a Restauração da Segurança Nacional e Ordem Pública tornou pública, esta quinta-feira, a Carta Política de Transição.

O documento estabelece o quadro jurídico e institucional que orientará o país após a ruptura da ordem constitucional verificada em 26 de novembro de 2025.

Segundo o preâmbulo, o Alto Comando Militar justifica a assunção do poder com a existência de um alegado plano de desestabilização do país, envolvendo redes de criminalidade organizada ligadas ao narcotráfico, incitação ao caos e ao tribalismo, tentativa de manipulação dos resultados eleitorais e a descoberta de um depósito clandestino de armas de guerra. O órgão militar afirma ter atuado para evitar que tais acontecimentos degenerassem em conflito civil.

A Carta reafirma o compromisso com a segurança nacional, a preservação da ordem democrática, a proteção dos direitos fundamentais e o respeito pelos compromissos internacionais da Guiné-Bissau. Mantém em vigor a Constituição da República, exceto nos pontos que contrariem o novo quadro transitório.

A transição será conduzida por quatro estruturas centrais, nomeadamente,

Presidente da República de Transição, designado pelo Alto Comando Militar;

Alto Comando Militar, como órgão supremo de orientação política;

Conselho Nacional de Transição (CNT), composto por 65 membros e responsável por funções legislativas e de fiscalização;

Governo de Transição, liderado por um Primeiro-Ministro nomeado pelo Presidente de Transição.

O Presidente de Transição terá amplas competências, incluindo nomeações de altos cargos, direção da política externa, promulgação de decretos e convocação de eleições. 

Já o CNT será responsável por preparar a revisão constitucional, acompanhar o Governo e tutelar a Comissão Nacional de Eleições.

O Governo de Transição assume a condução política, administrativa e económica do país, devendo organizar as eleições presidenciais e legislativas, bem como executar programas de emergência para estabilização nacional.

A Carta fixa um período de transição de 12 meses, que terminará com a posse do novo Presidente da República e o início da próxima legislatura. Durante este período, o Presidente de Transição e o Primeiro-Ministro ficam impedidos de se candidatar às eleições que encerram o processo.

O documento prevê ainda a adoção de uma lei de amnistia para os atos relacionados com a ruptura constitucional de 26 de novembro.

O Supremo Tribunal de Justiça será o depositário oficial da Carta e responsável por dirimir conflitos relacionados à sua interpretação. A Carta estabelece que, em caso de contradição entre suas normas e a Constituição parcialmente em vigor, prevalecerá o texto transitório.

A Carta Política de Transição entra em vigor na data da sua assinatura e permanece aberta à adesão de todos os partidos políticos legalmente constituídos.👇👇👇

 TV VOZ DO POVO

O Primeiro-Ministro deTransição Ilídio Vieira Té, recebeu hoje em audiência o Embaixador da República do Senegal, para uma reunião de trabalho que reforçou as relações de cooperação entre os dois países.

COMUNICADO À IMPRENSA.

Dois militares reféns no Benim libertados mas líder do golpe continua em fuga... O líder do golpe fracassado no Benim continua foragido, e os dois oficiais de alta patente do Exército beninês que haviam sido mantidos como reféns pelos golpistas foram libertados em Cotonou, anunciou a imprensa.

Foto: Olympia de Maismont/AFP   Por JN/Agências  8 de dezembro, 2025 

Um grupo de soldados autodenominado Comité para a Refundação, liderado pelo tenente-coronel Pascal Tigri do exército do Benim, invadiu a estação de televisão nacional na madrugada de domingo, anunciando a destituição do presidente Patrice Talon, a dissolução do governo e a suspensão de todas as instituições estatais.

No entanto, pouco depois começaram a surgir mensagens do Governo do Benim, com o ministro do Interior, Alassane Seidou, a dar o golpe como abortado.

Segundo a AP, continua desconhecida a localização do líder do golpe fracassado no Benim.

Entretanto, segundo a AFP, dois oficiais de alta patente do exército beninês mantidos como reféns pelos golpistas foram libertados hoje em Cotonou.

O golpe foi frustrado pelos militares do Benim, apoiados pelas forças aéreas e terrestres nigerianas, que lançaram uma série de ataques contra os amotinados em fuga. Pelo menos uma dúzia de soldados foram presos, enquanto outros continuavam hoje a monte, sendo o paradeiro de Tigri ainda desconhecido.

Segundo a AFP, a capital económica do Benim estava calma na manhã de hoje e o trânsito estava a retomar gradualmente.

Após um dia de incerteza, o presidente Patrice Talon afirmou no domingo à noite que a situação estava "totalmente sob controlo".

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ordenou o destacamento imediato de tropas para o Benim, após o fracassado golpe de Estado ocorrido este domingo no país, anunciou o bloco regional em comunicado.

A força regional será composta por tropas da Nigéria, Serra Leoa, Costa do Marfim e Gana, e terá como missão "apoiar o Governo e o Exército Republicano do Benim na preservação da ordem constitucional e da integridade territorial do país", acrescenta a nota.

Talon, de 67 anos, chegou ao poder em 2016 e foi reeleito em 2021, tendo lançado um programa político e económico centrado no desenvolvimento do país. No entanto, os seus críticos acusam-no de ter conduzido a uma erosão das instituições democráticas, outrora consideradas exemplares na região.

As próximas eleições presidenciais no Benim estão previstas para abril de 2026, não sendo Talon candidato, por ter cumprido os dois mandatos de cinco anos permitidos pela Constituição.

Guerra na Ucrânia: Questão territorial continua a ser "questão mais problemática"... A questão territorial continua a ser a mais problemática nas negociações para o fim da guerra na Ucrânia, disse hoje à agência France-Presse um alto responsável próximo do dossiê.

© Kostiantyn Liberov/Libkos/Getty Images    Lusa   08/12/2025 

Segundo o alto responsável, que foi informado sobre as últimas rondas de negociações entre a Ucrânia e os Estados Unidos da América no fim de semana, aquela exigência "mantém-se e é a questão mais problemática". 

"Vladimir Putin [presidente russo] não quer concluir um acordo sem território. Por isso, eles [russos] estão a analisar todas as opções para garantir que a Ucrânia cede território no Donbass, na região leste do país parcialmente ocupada pela Rússia, adiantou.

A Rússia, que controla a maior parte dos Donbass, quer obter todo o território, uma exigência repetidamente rejeitada por Kyiv.

Segundo o responsável, Washington está a pressionar a Ucrânia para que aprove rapidamente um plano para terminar a guerra, mas Kyiv "não pode aceitar tudo sem examinar os detalhes", acrescentou.

Os Estados Unidos apresentaram há quase três semanas uma proposta inicial com 28 pontos, que a União Europeia e a Ucrânia consideraram que favorecia Moscovo, e que não incorporou contributos da União Europeia ou da Ucrânia.

O plano previa, entre outras questões, o reconhecimento da soberania russa no Donbasss e na Crimeia, anexada em 2014.

Previa também a redução do exército ucraniano para 600.000 efetivos, menos 200.000 do que atualmente, e a renúncia da Ucrânia à adesão à NATO (Organização do Tratado Atlântico Norte, na sigla inglesa) inscrita na Constituição do país.

Destinado a pôr fim ao conflito desencadeado pela ofensiva russa contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, o plano foi alterado substancialmente após várias sessões de negociações com os ucranianos em Genebra (Suíça) e na Florida (EUA), para tentar alterar o texto em favor de Kyiv.

O documento foi apresentado na terça-feira ao presidente russo, durante uma visita a Moscovo do enviado presidencial norte-americano, Steve Witkoff, e do genro do presidente norte-americano e mediador informal, Jared Kushner.

Após três dias de negociações na Florida entre as autoridades ucranianas e norte-americanas, não houve avanços significativos no sábado.

No entanto, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prometeu continuar as negociações em busca de uma "verdadeira paz", enquanto a Rússia tem feito novos ataques com drones e mísseis contra a Ucrânia.

A retirada do Donbasss, a renúncia ucraniana a ingressar na NATO, as garantias de segurança e as reparações russas no pós-guerra são algumas das questões que dividem as duas partes nas negociações sob mediação dos Estados Unidos.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, desencadeando o pior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, que fez centenas de milhares de mortos e milhões de refugiados.


Leia Também: Rússia lançou 149 drones de longo alcance contra Ucrânia desde domingo

A Rússia lançou, entre a tarde de domingo e a manhã de hoje, 149 drones de longo alcance contra o território ucraniano, dos quais 131 foram neutralizados pelas defesas ucranianas, segundo a Força Aérea da Ucrânia


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Migrações: UE concorda na definição de país seguro para retornos de migrantes... Os Estados-membros da União Europeia (UE) chegaram hoje a um acordo sobre as regras que catalogam países terceiros como seguros para o retorno de pessoas a quem foi negado direito de asilo no bloco.

© Lusa   08/12/2025 

Com este acordo, o Conselho da UE pode agora negociar com o Parlamento Europeu uma posição comum.

O Conselho da UE concordou que o conceito de país terceiro seguro pode ser aplicado quando, em primeiro lugar, há uma ligação entre o requerente e o país (deixando de ser obrigatório), a pessoa passou em trânsito pelo país terceiro antes de chegar à UE ou, em terceiro lugar, existe um acordo ou um regime com um país terceiro seguro que garanta que o pedido de asilo de uma pessoa será examinado no país em questão.

Este último caso não se aplica a menores não acompanhados, refere o Conselho em comunicado.

As novas regras estipulam que um requerente de asilo que recorra de uma decisão de inadmissibilidade com base no conceito de país terceiro seguro deixará de ter o direito automático de permanecer na UE durante o processo de recurso.

O conceito de país de origem seguro permite aos Estados-membros criar um sistema especial para a análise dos pedidos de proteção internacional.

Nos termos do regulamento relativo ao procedimento de asilo de 2024, adotado no âmbito do Pacto sobre Asilo e Migração, os Estados-membros devem aplicar um procedimento acelerado aos requerentes provenientes de um país de origem seguro e podem realizá-lo na fronteira ou em zonas de trânsito.

As regras relativas aos países de origem seguros baseiam-se no pressuposto de que os requerentes provenientes desses países beneficiam de proteção suficiente contra o risco de perseguição ou de violações graves dos seus direitos fundamentais. Os países não pertencentes à UE só podem ser designados como países de origem seguros quando cumprem um elevado nível de segurança.

Os países candidatos à adesão à UE, bem como Bangladeche, Colômbia, Egito, Índia, Kosovo, Marrocos e Tunísia estão classificados como seguros.


O Alto Comando Militar para a Restauração da Segurança Nacional e Ordem Pública divulgou a Carta Política de Transição que passa a orientar a organização do poder político na Guiné-Bissau após a ruptura da ordem constitucional verificada em 26 de novembro de 2025. O documento estabelece o quadro jurídico e institucional que regerá o país durante um período de transição fixado em 12 meses.

A Carta fundamenta-se na tomada do poder pelo Alto Comando Militar, que destituiu o Presidente da República, suspendeu parcialmente a Constituição, o ato eleitoral e o funcionamento das instituições, alegando a existência de um plano de desestabilização com recurso ao narcotráfico, manipulação eleitoral, incitamento ao ódio e descoberta de um depósito clandestino de armamento de guerra.

O texto mantém em vigor os capítulos constitucionais relativos aos direitos, liberdades e garantias, deveres fundamentais e poder judicial, e reafirma o compromisso do país com os acordos internacionais.

A estrutura política de transição inclui quatro órgãos principais: o Presidente da República de Transição, o Alto Comando Militar, o Conselho Nacional de Transição e o Governo de Transição. O Presidente de Transição será designado pelo Alto Comando Militar, investido em sessão solene e impedido de exercer funções partidárias ou cargos remunerados públicos ou privados. O mandato termina com a posse do próximo Presidente eleito.

O Conselho Nacional de Transição, órgão máximo legislativo e de fiscalização política durante o processo transitório, será composto por 65 membros designados pelo Presidente da República de Transição, pelo Alto Comando Militar, pelos partidos políticos e por organizações da sociedade civil. Compete-lhe preparar a revisão constitucional, acompanhar a atividade do Governo e adotar o plano de ação e o roteiro da transição.

O Governo de Transição, constituído pelo Primeiro-Ministro, Ministros e Secretários de Estado, assume a condução política, administrativa, económica, social e de segurança, sendo responsável por organizar as eleições presidenciais e legislativas, executar compromissos internacionais e gerir a administração pública. Os seus membros respondem civil e criminalmente pelos atos praticados no exercício das funções.

A Carta também define que o Presidente e o Primeiro-Ministro de Transição não poderão candidatar-se às eleições que marcarão o fim do processo. O Supremo Tribunal de Justiça é indicado como depositário do documento e órgão competente para dirimir conflitos de interpretação.

O período de transição terminará com a posse do Presidente da República eleito e o início da nova legislatura. Até à plena instalação dos órgãos previstos, o Alto Comando Militar manterá a adoção de medidas necessárias para garantir os poderes públicos e proteger os direitos dos cidadãos.

A Carta Política de Transição foi assinada em Bissau, a 27 de novembro de 2025, pelo Alto Comando Militar.

O novo Presidente do Tribunal de Contas Gamal Abdel Cassamá entra hoje em função e recebe os dossiês de transição das mãos do Presidente cessante, Amadú Tidjane Baldé .

Nigéria enviou tropas e aviões de combate para o Benim após tentativa de golpe... A Nigéria enviou este domingo tropas terrestres e aviões de combate para o Benim para ajudar as autoridades a frustrar o golpe de Estado de um grupo de militares, que pretendia derrubar o Presidente Patrice Talon, informou Abuja.

Por LUSA 

Num comunicado emitido no final do domingo, Bayo Onanuga, porta-voz do Presidente da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, afirmou que o Exército nigeriano respondeu ao pedido do Governo do Benim "para salvar a sua democracia, que já conta com 35 anos de história, dos golpistas".

Tinubu ordenou primeiro que caças da Força Aérea Nigeriana entrassem no Benim e assumissem "o controlo do espaço aéreo para ajudar a expulsar os golpistas da Televisão Nacional e de um acampamento militar onde se tinham reagrupado".

O Benim, através do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros, solicitou numa nota verbal o apoio aéreo "dada a urgência e gravidade da situação e para salvaguardar a ordem constitucional, proteger as instituições nacionais e garantir a segurança da população", segundo a Presidência da Nigéria.

Além disso, as autoridades beninesas solicitaram o envio de aviões nigerianos para o seu espaço aéreo para "realizarem operações de vigilância e intervenção rápida sob a coordenação do Benim", segundo a mesma nota.

O Governo do Benim, precisou Onanuga, também solicitou o envio de forças terrestres nigerianas "estritamente para missões aprovadas pela autoridade do Comando do Benim, em apoio à proteção das instituições constitucionais e à contenção de grupos armados".

Em declarações após o golpe ter sido abortado com a ajuda da Nigéria, Tinubu salientou que as Forças Armadas da Nigéria contribuíram para "a estabilização de um país vizinho".

O comunicado foi divulgado depois de a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ter informado que ordenou o envio de tropas do bloco regional para o Benim após o golpe de Estado frustrado.

A força regional é composta por tropas da Nigéria, Serra Leoa, Costa do Marfim e Gana.

O Presidente Talon anunciou na televisão pública do país no final do domingo que "a situação está completamente sob controlo" após a tentativa frustrada de golpe.

O discurso do Presidente foi transmitido depois de um grupo de militares, liderado pelo tenente-coronel Pascal Tigri, ter afirmado este domingo na televisão pública ter tomado o poder no Benim, alegando ter destituído o chefe de Estado.

De acordo com a imprensa local, a Guarda Republicana conseguiu restabelecer a ordem na sede da televisão pública, onde os golpistas foram neutralizados.

Rússia comete "crimes de guerra" ao russificar crianças ucranianas... A enviada especial do Conselho da Europa sobre a situação das crianças na Ucrânia denunciou hoje que a Rússia comete "crimes de guerra evidentes" ao sequestrar menores ucranianos e submetê-los a processos de "russificação" para apagar a sua identidade.

Por LUSA 

As acusações da islandesa Thórdís Gylfadóttir foram feitas no Fórum de Doha, no Qatar, sobre a paz e a segurança global.

Em declarações à Efe, Thórdís Gylfadóttir afirmou que "qualquer ser humano normal compreende o quão profundamente errado é roubar as crianças dos outros, tirar-lhes a identidade e proibi-las de falar a sua própria língua", o que classificou como "crimes de guerra evidentes".

A responsável apontou diretamente para a Federação Russa por simplificar os processos de adoção e mudar os nomes das crianças deportadas, com o objetivo de integrá-las à força na sua sociedade e eliminar sua identidade e raízes ucranianas.

A diplomata islandesa revelou que o Conselho da Europa documentou casos em que "especialmente os rapazes mais jovens estão a ser treinados para ir para a frente de batalha e lutar contra os seus próprios compatriotas, as mesmas pessoas que estão a sacrificar as suas vidas para lutar pelo futuro dessas mesmas crianças".

Segundo Gylfadóttir, este processo "fundamentalmente errado" de russificação inclui a reeducação ideológica e a proibição da língua ucraniana, o que o Tribunal Penal Internacional (TPI) classificou como crimes de guerra, pelo que emitiu mandados de detenção contra o presidente russo, Vladimir Putin, e a comissária dos Direitos da Criança, Maria Lvova-Belova, com base em "dados e provas".

A denúncia de Gylfadóttir insere-se num padrão sistemático de deportações forçadas que afetou pelo menos 20.000 crianças ucranianas desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, de acordo com dados da ONU.

A Assembleia Geral da ONU aprovou esta semana uma resolução não vinculativa que exige à Rússia a devolução imediata destes menores e o fim de práticas como a "mudança de estatuto" das crianças, vistas por Kyiv como "troféus de guerra".

Gylfadóttir insistiu que, para uma "paz justa e equitativa", as crianças devem ser devolvidas às suas famílias e o direito internacional deve ser respeitado.

"Todos que queremos que o direito internacional seja respeitado devemos garantir que essa paz seja justa e, para que isso aconteça, este problema tem de ser resolvido", concluiu a enviada especial, salientando o compromisso do Conselho da Europa com os "valores fundamentais" da proteção infantil em tempos de guerra.


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Para a administração Trump, a Europa é uma força decadente e em perigo de extinção nos próximos 20 anos. Quem quereria um protagonista como este à mesa das negociações? É a investigadora e analista Diana Soller que o interroga, em entrevista ao podcast “O Mundo a Seus Pés”, traçando um cenário de desalento para as nações europeias. Para Vladimir Putin, afirma Diana Soller, a guerra continua a ser existencial



Nigéria confirma ataques aéreos e envio de tropas para o Benim... A presidência da Nigéria confirmou hoje ter realizado ataques aéreos e enviado tropas terrestres para o Benim, a pedido daquele país vizinho, visando "salvaguardar a ordem constitucional" e impedir uma tentativa de golpe de Estado.

Por LUSA 

Num comunicado hoje divulgado, citado pela agência France-Presse, a presidência indica que o chefe de Estado nigeriano, Bola Tinubu, ordenou que aviões de combate entrassem no espaço aéreo beninês para ajudar a "expulsar os golpistas da televisão nacional e de um acampamento militar onde se tinham reunido", bem como o envio de tropas terrestres "agora para o Benim".

Um grupo de militares anunciou hoje de manhã a destituição do presidente beninês e a instauração de uma junta militar liderada pelo tenente-coronel Pascal Tigri, sob o nome de Comité Militar para a Refundação (CMR).

No entanto, pouco depois começaram a surgir mensagens do Governo do Benim, com o ministro do Interior, Alassane Seidou, a dar o golpe como abortado.

O presidente do Benim, Patrice Talon, apareceu num discurso emitido pela televisão para declarar falhada a tentativa de golpe de Estado de hoje de manhã e prometer que os seus executores responderão perante a justiça.

"Gostaria de vos garantir que a situação está totalmente sob controlo e, por isso, convido-vos a prosseguirem serenamente com as vossas atividades a partir desta noite, pois a segurança e a ordem pública serão mantidas em todo o território nacional", declarou o chefe de Estado a partir do palácio presidencial, em Cotonou.

Patrice Telon disse ainda que "esta traição não ficará impune".

Entretanto, o Governo de França pediu aos seus cidadãos no Benim que "tenham a maior prudência" e "permaneçam confinados", referindo "um contexto ainda volátil".

O ministério dos Negócios Estrangeiros francês, num comunicado citado pela France-Presse, refere que França "condena a tentativa de golpe de Estado" no Benim e "está mobilizada para garantir a segurança da comunidade francesa" naquele país, para o qual a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental anunciou o envio de soldados para apoiar "o governo e o exército republicano".

A força da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental será composta por militares da Nigéria, Serra Leoa, Costa do Marfim e Gana.


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Cem estudantes de uma escola católica no oeste da Nigéria, sequestrados em 21 de novembro por homens armados não identificados, foram libertados, anunciaram hoje uma fonte das Nações Unidas e a presidência nigeriana, sem especificar as circunstâncias.


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O presidente do Benim, Patrice Talon, apareceu num discurso emitido pela televisão para declarar falhada a tentativa de golpe de Estado desta manhã e prometer que os seus executores responderão perante a justiça.