Por: Frits O. Cole – Jornalista Nova Iorque, 04 de Dezembro de 2025
Num movimento pouco comum na diplomacia contemporânea, a comunidade internacional afastou-se de Fernando Dias da Costa ainda antes da divulgação oficial dos resultados eleitorais na Guiné-Bissau. Esse corte abrupto — perceptível nos corredores da CEDEAO, União Europeia, Nações Unidas e entre parceiros bilaterais — não surgiu por acaso. Foi o produto final de uma avaliação estratégica devastadora, conduzida em silêncio por capitais que não arriscam a sua credibilidade em aventuras políticas contaminadas.
A seguir, apresentam-se as cinco razões estruturais que explicam por que motivo Fernando Dias deixou de ser considerado um interlocutor aceitável e passou a ser, para os principais centros de decisão global, um fator de instabilidade e um risco geopolítico intolerável.
1. Ligações Diretas ao Narcotráfico Internacional
O elemento mais explosivo prende-se com a ligação direta e plenamente documentada entre Fernando Dias da Costa e Danilson “Nick” Gomes Ié — figura central do narcotráfico na África Ocidental. Dossiês partilhados por agências internacionais, incluindo unidades antidroga europeias e norte-americanas, apontam Nick como elo operativo entre cartéis colombianos e redes criminosas brasileiras.
A leitura dos parceiros internacionais foi inequívoca:
um eventual governo Fernando Dias significaria a entrada oficial dos cartéis no centro do poder político guineense.
Um diplomata europeu sintetizou o diagnóstico de forma crua:
> “Não podíamos apoiar uma candidatura cuja vitória implicaria a institucionalização do narcotráfico no topo do Estado.”
A partir desse momento, Fernando tornou-se politicamente radioativo.
2. Risco Elevado de Captura do Estado e Instauração de um Narco-Governo
As projeções estratégicas indicavam que uma vitória de Fernando aceleraria a captura total das instituições do Estado por redes criminosas. Para os parceiros internacionais, tratava-se do ponto de não retorno.
Os cenários eram claros:
colapso da autonomia das forças de segurança,
infiltração massiva do aparelho estatal,
multiplicação exponencial de rotas marítimas e aéreas de cocaína,
transformação da Guiné-Bissau no maior entreposto de droga do Atlântico.
A leitura em Bruxelas e Abuja foi simples:
um eventual governo Fernando Dias não seria um acidente institucional, mas um narco-regime consolidado por via eleitoral.
3. Instabilidade Militar e Risco Imediato de Fragmentação das Forças Armadas
Outra variável crítica foi a avaliação militar. A ascensão de Fernando teria gerado, segundo relatórios confidenciais, uma reação armada interna. Setores das forças armadas — historicamente sensíveis ao avanço desenfreado do narcotráfico — não aceitariam a consolidação de Nick como poder paralelo.
Os relatórios projetavam:
ruptura da cadeia de comando,
emergência de alas militares rivais,
elevado risco de golpe de Estado,
escalada de confrontos em Bissau e no interior.
Apoiar Fernando equivaleria, para a comunidade internacional, a patrocinar um conflito interno inevitável. Nenhum parceiro esteve disposto a assumir essa fatura.
4. Consequências Diplomáticas Catastróficas e Isolamento Imediato
Estados Unidos, União Europeia e Portugal deixaram claro que não reconheceriam nem dialogariam com um governo capturado por cartéis. As repercussões seriam automáticas:
congelamento de financiamento e cooperação,
sanções direcionadas,
bloqueio de ajuda técnica e securitária,
aumento de vigilância internacional sobre navios e aeronaves,
perda de credibilidade nos fóruns multilaterais.
A mensagem foi objetiva:
a Guiné-Bissau tornar-se-ia um pária diplomático caso Fernando fosse guindado ao poder.
5. Ameaça Existencial à Estabilidade da África Ocidental
Num contexto regional já saturado por golpes militares e por redes jihadistas, a CEDEAO avaliou que a vitória de Fernando funcionaria como acelerador de instabilidade em toda a região.
As projeções incluíam:
interação entre jihadismo e narcotráfico,
intensificação do fluxo de armas, drogas e capitais ilícitos,
pressão criminosa sobre Senegal, Guiné e Serra Leoa,
reorganização das rotas de cocaína com epicentro em Bissau.
A conclusão dos peritos foi categórica:
um governo Fernando Dias colidiria com os pilares de segurança coletiva da CEDEAO e colocaria toda a região em risco.
Uma Decisão Preventiva e Irreversível
Muito antes dos resultados eleitorais, os parceiros externos já haviam encerrado o dossiê Fernando Dias da Costa. A decisão de retirar apoio não foi movida por simpatias políticas, mas por cálculo estratégico.
Não se tratou de ingerência, mas de autoproteção.
Não foi idealismo, mas gestão de risco.
Não foi rejeição diplomática, mas um veto global a um projeto considerado perigoso.
A comunidade internacional enviou um aviso cristalino:
nenhum poder será reconhecido se servir como plataforma para interesses criminosos.
A Guiné-Bissau encontra-se numa encruzilhada histórica -- e desta vez, o mundo recusou-se a assistir passivamente à captura do Estado.

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