Por SIC Notícias 13/10/2025
As sondagens apontavam para uma noite eleitoral renhida nas principais cidades do país, mas os resultados trouxeram a vitória do PSD nas duas maiores câmaras: Lisboa e Porto. Carlos Moedas foi reeleito presidente da câmara de Lisboa e o ex-ministro Pedro Duarte venceu a eleição no Porto.
No total, o PSD conseguiu conquistar 136 autarquias e o PS 127. Os socialistas perdem, por isso, a presidência da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
O Chega, embora tenha conseguido - pela primeira vez - três câmaras (Albufeira, Entroncamento e São Vicente), não atingiu todos os objetivos a que se propôs, foi pelo menos o que disse André Ventura ao fechar da noite.
Destaque ainda para outras mudanças de cor importantes: Sintra, que deixa de ser PS, com a vitória de Marco Almeida; Viseu, que passa a ser socialista, após anos de governação do CDS e do PSD; Bragança, que também deixou de ser ‘laranja’; Gaia, com o regresso de Luís Filipe Menezes, 12 anos depois; Coimbra, conquistada para o PS (em coligação com o Livre e PAN) por Ana Abrunhosa; Guimarães, que o PS perde para o PSD e o CDS, Faro, com a coligação de direita a perder para os socialistas, e Setúbal, onde a CDU perde a câmara para a ex-autarca, agora a concorrer como independente.
Nestas eleições, perderam-se ainda sete bastiões autárquicos. Dos 24 concelhos que nunca haviam mudado de cor política, ficaram apenas 17. O PS perdeu três câmaras históricas, enquanto o PSD e o PCP perderam, cada um, duas.
Moedas mantém 'reinado' em Lisboa, Leitão assume derrota
A luta foi renhida, mas a coligação de direita PSD/CDS/IL acabaria por triunfar sobre a fente de esquerda PS/Livre/BE/PAN. Carlos Moedas esperou pelo final da noite, já quando os votos estavam quase todos contados, para cantar vitória. Foi reeleito presidente da câmara da capital com mais 30 mil votos do que nas últimas eleições. No discurso da noite, pediu "responsabilidade" à oposição e que o "deixe governar" Lisboa.
Antes de Moedas discursar, já Alexandra Leitão tinha concedido a derrota. A socialista que encabeçava a coligação de esquerda assumiu "inteiramente a responsabilidade" por um resultado que, admitiu, não era o que queria. Deixou como promessa "lealdade a quem ganhou as eleições", mas também uma "oposição rigorosa, firme e prepositiva".
Pedro Duarte bate Pizarro na corrida ao Porto, mas deixa-lhe "saudação especial"
E se no Porto as sondagens também apontavam para um empate técnico, que se manteve ao longo de grande parte da noite, foi mesmo Pedro Duarte, a encabeçar a coligação PPD/PSD/CDS-PP/IL, a conquistar o lugar. Conseguiu mais 2.008 votos que Manuel Pizarro e sucede ao independente Rui Moreira.
No discurso de final de noite, Pedro Duarte agradeceu à cidade do Porto a "generosidade e civismo" e por "de forma tão sábia, saber aquilo que quer para o seu futuro". Sem esquecer o adversário, a quem deixou uma "saudação especial".
Pizarro não quis deixar lugar para dúvidas e já declarava derrota quando passavam cerca de 20 minutos da meia-noite: “Nós perdemos as eleições”. Destacou, no entanto, que o PS duplicou o número de vereadores, obtendo seis lugares na Câmara Municipal, igualando assim o número da coligação vencedora.
Como os líderes veem o novo mapa autárquico
No final da noite, Luís Montenegro era um líder mais do que satisfeito. "Somos, efetivamente, objetivamente, os grandes vencedores. Não sei dizer isto de outra maneira", declarou. O presidente do PSD festejou a conquista do título de partido com maior número de autarquias - e, com ele, da tomada da Associação Nacional de Municípios -, assim como de freguesias. Mas ter mais câmaras não significa que se consiga governar em todas. Para isso, é preciso fazer acordos - e Montenegro não mostrou pudor em dialogar com o Chega para alcançar condições de governabilidade nas autarquias. "A democracia deve conviver com isso, com naturalidade", defendeu.
Apesar de ter perdido a liderança da Associação Nacional de Municípios, o PS não encarou esta noite como uma derrota. José Luís Carneiro declarou mesmo o regresso do partido, após o desastre das últimas eleições legislativas. “Para aqueles que entendiam que o PS estava numa perda definitiva de representatividade, o PS mostrou vitalidade e voltou”, afirmou. O secretário-geral socialista festejou a conquista de cinco capitais de distrito e declarou-se, "de novo", o "grande partido de alternativa política democrática" à AD.
E se ao início da noite eleitoral André Ventura cantava vitória, ao declarar o Chega “um partido de vitórias autárquicas” - com a conquista de três câmaras municipais -, a noite terminou com o líder do partido a reconhecer que, apesar de tudo, não atingiu todos os objetivos. “Hoje não vencemos, mas vamos lutar para vencer”, disse.
Numa noite de vencedores e vencidos, Paulo Raimundo não tem dúvidas de que ‘lado’ colocar a CDU: o resultado do partido neste ato eleitoral foi “em geral negativo”. Algo que, admitiu, reflete um “quadro particularmente exigente” durante a campanha. Não há, no entanto, lugar para “vaticínios”. É pelo menos o que ditam os quatro novos municípios que passam para as mãos da CDU (Mora, Sines, Montemor-o-Novo e Aljustrel).
O presidente do CDS, Nuno Melo, classificou a noite como "muito feliz" e fala num "ciclo de crescimento" para os centristas. O partido manteve todas as câmaras que já liderava e elegeu autarcas em várias regiões do país, incluindo continente, Açores e Madeira. "Para aqueles que dizem que o CDS já acabou: desenganem-se, o CDS está aqui", atirou.
Para o Livre, os resultados destas autárquicas foram "moderamente positivos". Rui Tavares destacou a vitória das coligações que o partido integrava nos municípios de Coimbra e Felgueiras. Contudo, lamentou as derrotas em Lisboa e Sintra. O objetivo do partido era, pelo menos, triplicar os seus eleitos nestas autárquicas.
Mariana Mortágua foi ‘cautelosa’ ao avaliar os resultados do partido: classificou-os como “modestos”. Não reconhece, no entanto, erros na estratégia do partido, que considera “correta” e com um “rumo para o futuro” num contexto de “viragem à direita”. Se podem ter sido resultado da sua ausência? Não acredita, até porque considera que o Bloco tem “muitas pessoas muito qualificadas para o representar”.
À direita, a presidente da Iniciativa Liberal destaca o “resultado extraordinário” do partido, decisivo para “fechar as portas à esquerda radical”. Naquela que foi a primeira campanha de Mariana Leitão enquanto líder, prometeu e cumpriu: triplicar o número de eleitos em 2021. Para futuras autárquicas, espera ver "um mapa um pouco mais diferente", com "mais presença da Iniciativa Liberal".
Inês Sousa Real congratulou-se com a vitória das coligações das quais o PAN faz parte, garantindo que o partido “vai ter oportunidade de fazer a diferença” e continuará a trabalhar em prol das causas que defende. Deixou ainda um alerta: “As pessoas não querem saber se os partidos são de esquerda ou direita para resolver os seus problemas - querem que estejam abertos a dialogar.”
As imagens que marcaram a noite eleitoral
A mudança no mapa político local pinta-se também de imagens. Entre vitórias tradicionais e surpresas inesperadas nas câmaras, há outro tipo de câmaras a capturar a emoção de cada momento. Estas são as fotos mais marcantes destas eleições autárquicas. 👈

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