quarta-feira, 12 de junho de 2024

Um total de 4.808 imigrantes morreram entre janeiro e maio a tentar chegar a Espanha em embarcações precárias ao longo da Rota das Canárias, quase 32 mortes por dia, segundo números da organização Caminhando Fronteras.

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Por Lusa  12/06/24 
 Mais de 4.800 pessoas morreram a tentar chegar a Espanha por mar este ano
Um total de 4.808 imigrantes morreram entre janeiro e maio a tentar chegar a Espanha em embarcações precárias ao longo da Rota das Canárias, quase 32 mortes por dia, segundo números da organização Caminhando Fronteras.


Embora as Nações Unidas há muito que apontem as diferentes rotas marítimas que levam às Ilhas Canárias a partir da costa de África como as mais mortíferas do mundo, os números apresentados hoje pela Caminando Fronteras não têm precedentes: em apenas cinco meses os números estão mais próximo das 6.007 mortes contabilizadas em 2023, segundo a organização.

Se cruzarmos estes dados com os números de chegadas publicados pelo Ministério do Interior - 17.117 pessoas até 31 de maio -, observa-se que nestes cinco meses morreu ou desapareceu um imigrante nos barcos com destino às Ilhas Canárias por cada 3,5 que foram resgatados. Em 2023, quando todos os recordes de chegada foram quebrados (39.910), a mesma taxa foi de uma morte para cada 6,6 sobreviventes.

A nova edição do relatório "Monitorização do direito à vida na fronteira ocidental euro-africana", da organização, aponta para 5.054 mortes de imigrantes nas rotas marítimas que levam a Espanha nos primeiros cinco meses do ano, o que equivale a 33 por dia.

Às 4.808 mortes registadas na Rota das Canárias, a Organização Não-Governamental (ONG) acrescenta mais 175 na Rota da Argélia (da Argélia às Ilhas Baleares e à costa do Levante), 47 no Mar de Alborão e 24 no Estreito de Gibraltar.Os números incluem pelo menos 154 mulheres e 50 rapazes e raparigas.

Há ainda registo de 47 barcos desaparecidos com ocupantes a bordo.

Os dados recolhidos pela Caminando Fronteras, através do contacto com os próprios migrantes e suas famílias, indicam que nos primeiros cinco meses do ano desapareceram 47 barcos com pessoas, sendo abril o mês mais mortífero, com 1.197 vidas perdidas.

Na Rota das Canárias, esta ONG já vinha alertando desde o início do ano para o grande número de embarcações que desapareciam no Atlântico depois de saírem da costa da Mauritânia, uma delas foi encontrada no dia 15 de abril, do outro lado do oceano, na costa do Brasil, com nove corpos a bordo.

Os dados indicam que a maioria das vidas perdidas no Atlântico este ano corresponde a embarcações precárias que partiram de Nouakchott, Nouadhibou ou outros pontos da costa mauritana: 3.600.

Outras 959 pessoas morreram quando seguiam em pequenas embarcações vindas do Senegal ou da Gâmbia e mais 249 em barcos ou botes insufláveis que partiram do Sahara e de Marrocos, na faixa de quase mil quilómetros de costa entre Guelmim e Dakhla.

A Caminando Fronteras afirma que, nos últimos meses, diminuíram as saídas de canoas do Senegal e da Gâmbia, extremo sul da Rota das Canárias.

No entanto, as provenientes da Mauritânia dispararam, com cidadãos de diferentes nacionalidades, mas principalmente de países da faixa do Sahel, o que fez com que a Rota da Mauritânia se mantivesse muito ativa mesmo no pior período do inverno.

Na contagem dos primeiros cinco meses de 2024, há vítimas de 17 países: Argélia, Burundi, Burkina, Camarões, Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné Bissau, Guiné Conacri, Ilhas Comores, Mali, Marrocos, Mauritânia, República Democrática do Congo, Senegal, Serra Leoa, Sudão e, fora de África, também Paquistão.

A ONG espanhola chama também a atenção para o que se passa na Rota da Argélia, sublinhando que o número de mortos nestes meses duplica os de igual período do ano passado.

As vítimas também estão a aumentar (+50%) no Mar de Alborão e no Estreito de Gibraltar. Todas as mortes correspondem a pessoas que tentaram atravessar a nado a fronteira marítima de Ceuta.

A organização defende que este aumento de mortes nas rotas migratórias é influenciado por fatores como a falta de meios de busca e salvamento em locais como a Mauritânia ou a demora com que, na sua opinião, os meios de salvamento são por vezes ativados a partir de Espanha.


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