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Por sicnoticias.pt 15/12/23
O Institute for the Study of War alerta que a conquista russa de toda a Ucrânia não será impossível se os EUA e a Europa cortarem a assistência militar. Sublinha ainda que os custos de permitir a vitória da Rússia "são muito maiores do que a maioria das pessoas imagina".
Uma eventual vitória russa na guerra com a Ucrânia teria enormes consequências para os Estados Unidos, que pagariam um "alto preço" que incluiria estacionar na Europa um elevado número de aeronaves furtivas, alertou um centro de análise norte-americano.
O Institute for the Study of War (ISW), um centro de análise com sede em Washington, advogou que os Estados Unidos têm um interesse muito maior na guerra da Rússia contra a Ucrânia "do que a maioria das pessoas pensa", alertando que a conquista russa de toda a Ucrânia não será impossível se os norte-americano cortarem toda a assistência militar e a Europa seguir o exemplo.
Num momento em que a ajuda militar a Kiev continua travada no Congresso norte-americano, onde os Republicanos bloquearam um pacote orçamental de emergência enviado pelo Governo de Joe Biden, o ISW observou que uma vitória de Moscovo levaria o "exército russo maltratado mas triunfante" até à fronteira da NATO, "desde o Mar Negro até ao Oceano Ártico".
"Os militares ucranianos, com apoio ocidental, destruíram quase 90% do exército russo que levou a cabo a invasão em fevereiro de 2022, de acordo com fontes de inteligência dos EUA, mas os russos substituíram essas perdas de mão-de-obra e estão a aumentar a sua base industrial para compensar as suas perdas materiais a um ritmo muito mais rápido do que a sua capacidade pré-guerra permitia", apontou o centro de análise num artigo publicado na quinta-feira.
A nível económico, o Institute for the Study of War avalia que a economia russa recuperaria gradualmente à medida que as "sanções inevitavelmente se desgastariam" e Moscovo desenvolveria formas de contornar ou mitigar as que permanecessem.
"Com o tempo, a Rússia substituirá o seu equipamento e reconstruirá a sua coerência, aproveitando uma riqueza de experiência duramente conquistada no combate à guerra mecanizada", diz o texto, assinado pelos analistas Frederick W. Kagan, Kateryna Stepanenko, Mitchell Belcher, Noel Mikkelsen e Thomas Bergeron.
Os analistas não têm dúvidas que o potencial militar global dos Estados Unidos e dos seus aliados da NATO "é tão maior do que o da Rússia que não há razão para duvidar da capacidade do Ocidente para derrotar qualquer exército russo concebível", mesmo assumindo que a Rússia absorve totalmente a Ucrânia e a Bielorrússia.
Contudo, "à medida que os americanos consideram os custos de continuar a ajudar a Ucrânia a combater os russos nos próximos anos, eles merecem uma consideração cuidadosa dos custos de permitir a vitória da Rússia, e esses custos são muito maiores do que a maioria das pessoas imagina", alertaram.
Entre os custos apontados pelo ISW para os Estados Unidos estaria o envio para a Europa Oriental de uma parte considerável das suas forças terrestres, de forma a dissuadir e defender-se contra uma nova ameaça russa após uma vitória total na Ucrânia.
Os Estados Unidos teriam também de estacionar na Europa um grande número de aeronaves furtivas, cuja construção e manutenção é intrinsecamente cara, situação que provavelmente forçaria os Estados Unidos a fazer "uma escolha terrível entre manter um número suficiente na Ásia para defender Taiwan e os seus outros aliados asiáticos e dissuadir ou derrotar um ataque russo à NATO".
"Todo o empreendimento custaria uma fortuna e o custo perduraria enquanto a ameaça russa persistisse -- potencialmente indefinidamente. Quase qualquer outro resultado da guerra na Ucrânia é preferível a este", avaliaram os analistas.
Em suma, o ISW acredita que ajudar a Ucrânia a recuperar o controlo de todo ou da maior parte do seu território seria muito mais vantajoso e, o "melhor de tudo, é que apoiar a Ucrânia na sua vitória e depois ajudá-la a reconstruir colocaria as maiores e mais eficazes forças armadas do continente europeu na vanguarda da defesa da NATO -- quer a Ucrânia acabe ou não por aderir à aliança".
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