O ministro da Defesa BuNacional, Marciano Silva Barbeiro, afirmou esta terça-feira, 18 de abril de 2023, que o Golfo da Guiné tornou-se no centro de crime marítimo, registando uma crescente insegurança que afeta o comércio marítimo e ameaça as comunidades costeiras.
“A zona económica exclusiva da região do Golfo da Guiné, abrange cerca de 3,3 milhões de quilómetros quadrados. Apesar de imenso potencial, aquela região não dispõe de meios, por isso a sua vulnerabilidade acabou por ser profundamente assolada pela criminalidade organizada que se deslocou do Índico para o Atlântico, tornando aquela zona no centro do crime marítimo”, disse.
O governante falava na cerimónia de abertura da Conferência de Segurança Marítima no Golfo da Guiné e as suas implicações na segurança nacional da Guiné-Bissau, que decorre nos dias 18 e 19 do mês em curso numa das unidades hoteleiras de Bissau.
A conferência realizada pelo Instituto da Defesa Nacional e cofinanciada pela União Europeia, reúne cerca de 50 participantes de diferentes instituições, designadamente, dos ministérios da Defesa, das Pescas, do Instituto Marítimo Portuário, das Forças de Defesa e Segurança e alguns académicos bem como elementos das organizações da sociedade civil.
Silva Barbeiro disse que a região do Golfe da Guiné produz cerca de 70 por cento do petróleo e o gás natural de toda África e reveste-se de uma grande importância para a segurança energética ocidental, pois a sua proximidade aos dois principais consumidores mundiais da energia, América do Norte e Europa Ocidental, reduz os custos de transporte e permite-lhes uma alternativa na sua estratégia de diversificação de importações de hidrocarbonetos do Médio Oriente e da Rússia.
“Falar hoje do Golfo da Guiné é falar da geopolítica que se estende de Cabo verde a Angola, como sendo uma das mais movimentadas rotas marítimas do mundo e estima-se em mais de 1500 os movimentos diários e 6 mil quilômetros de litoral, englobando três vastas regiões geográficas, políticas e econômicas da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), da África Central e a Comissão do Golfo da Guiné, totalizando assim mais de 500 milhões de habitantes e uma diversidade étnica cultural e religiosa impressionante”, sublinhou.
Para o embaixador da União Europeia (UE), ArtisBertulis, a sua organização pretende apoiar os estados membros costeiros e organizações regionais na arquitetura de segurança marítima construída para a região.
Adiantou que é preciso atualizar a visão estratégica de forma a incluir a diversidade de riscos e ameaças à segurança das águas do Golfo da Guiné, com especial atenção à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada, bem como o aumento do narcotráfico que atinge o oeste do Golfo.
Por seu lado, o presidente do Instituto Nacional da Defesa, Braima Camará, informou que a instituição que dirige realiza uma conjugação de saberes específicos em matéria de segurança marítima e as suas implicações para a segurança nacional, já que a Guiné-Bissau é um país costeiro com mais de 80 ilhas.
Acrescentou que 70 por cento do planeta terra é coberto de água e 80 por cento da população vive a menos de 100 milhas náuticas da costa.
Por: Aguinaldo Ampa
Foto: A.A
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