COMUNICADO CONJUNTA
A Comissão conjunta que integra o Conselho Nacional Islâmico e o Conselho Superior Islâmico, analisou muito atentamente o comunicado emitido pela Família Franciscana da Guiné-Bissau e constatou claramente o seu caráter político e divisionista, facto que esta nossa instituição religiosa muito preocupada, derivado do facto de se considerar o mesmo como extemporâneo e um claro convite a desunião entre as diferentes comunidades religiosas instaladas no pais.
Numa análise séria e isenta de oportunismos políticos e de uma pretensa sobranceria religiosa a Comissão Conjunta até a poderia considerar minimamente aceitável e ate justificável caso a Guiné-Bissau não se confrontasse com os graves problemas originados e consequências do COVID 19, com todas as graves incidências para países como o nosso confrontados com múltiplos problemas de ordem política, mas principalmente de índole econômica e social.
O momento actual impõe que todas as forças vivas da Nação se unam e se solidarizem em torno as instituições políticas do pais comungados pelos ideais da unidade nacional, paz e espirito de entreajuda, tanto da parte dos que podem como do lado dos que necessitam.
Levantar no presente momento questões relacionadas com agressões físicas e verbais e mistura-las com a actual política, jurídica, econômica, sanitária, entre outras, como defende o comunicado da Família Franciscana, e um claro convite a desordem e a desunião entre os guineenses, isto porque todos nos sabemos que há menos de um ano a esta parte a Guiné-Bissau realizou as suas eleições legislativas e presidências, estando-se no momento presente numa fase decisiva da sua consolidação.
Se Roma e Pavia não foram construídas num dia, muito menos um pais como o nosso poderá vencer os imensos desafios que tem pela frente senão criarmos no seio da nossa sociedade tolerância, compreensão solidariedade e responsabilidade no seio de todos os actores nacionais sejam políticos, sociais ou religiosos
Estimular recalcamentos e espíritos de vingança em nada poderá contribuir para se por fim aos problemas que a Guiné-Bissau hoje enfrenta e que numa grande medida e derivado de posicionamentos como os que a Família Franciscana acaba de exprimir, numa clara instrumentalização e apoio dos seus seguidores.
A Comissão conjunta não quer pensar que este posicionamento da família Franciscana se deve ao facto de na Presidência da Republica estar um republicano muçulmano.
Antes de terminar a Associação Islâmico Nacional quer recordar a Família Franciscana que num passado ainda recente os posicionamentos da comunidade religiosa nacional eram alvos de uma previa concertação, a fim de se evitarem interpretações controversas e totalmente contrarias ao caráter laico da sociedade guineense.
A Comissão conjunta entende que muitos dos problemas denunciados pela Família Franciscana são elementos actuais que precisam de ser analisados e discutidos de forma responsável pela comunidade religiosa nacional, de modo a poder-se encontrar soluções sustentáveis e de interesse nacional.
Outrossim, assenta no facto de hoje haver o perigo que já se vive na nossa sub-região ligada ao jihadismo, facto que nos deve impor argucia, responsabilidade e estratégia na abordagem dos problemas e na procura de soluções justas e transparentes e que não possam ser alvo de aproveitamentos de todo condenáveis e inaceitáveis numa sociedade que se bateu para se libertar e para dar a sua contribuição à liberdade e a democracia.
Feito em Bissau aos 14 dias do mês Abril de 2021
Pelo Conselho Nacional Islâmico Pelo Conselho Superior Islâmico
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