Fonte: CNAPN - Comité Nacional para o Abandono de Práticas Nefastas
O ativista Malam Djassi e líder islâmico guineense, que lutou contra a prática da excisão feminina na Guiné-Bissau, morreu na madrugada desta quinta-feira, 03 de fevereiro de 20212, em Lisboa, Portugal. O anúncio da morte foi tornado público em comunicado, a que O Democrata teve acesso, pela direção do Comité Nacional para o Abandono às Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e da Criança (CNAPN), organização a qual pertencia até à data da sua morte.
Segundo o documento do Conté, o Professor e Imame Malam Djassi foi vítima de uma doença prolongada. O malogrado, adianta a nota, encontrava-se há quase um ano em Portugal em tratamento médico especializado.
O Imame Djassi, como era conhecido entre amigos e familiares, era o vice-presidente do Comité, função que desempenhava até à sua morte essa madrugada.
O Imame Malam Djassi foi membro fundador do CNAPN, em 1996. Foi o primeiro líder islâmico da Guiné-Bissau que se dedicou intensamente no combate à Mutilação Genital Feminina (MGF), bem como desmistificar a ligação errada que se tinha entre a prática da mutilação genital feminina e a religião muçulmana.
O malogrado participou e foi um dos principais rostos e vozes da luta contra as práticas nefastas, sobretudo no concernente à Mutilação Genital Feminina. Ao longo do exercício das suas funções no Comité, defendeu sempre a importância da luta pelo respeito dos direitos humanos, das mulheres e das crianças.
Djassi foi igualmente uma das primeiras vozes, entre líderes islâmicos nacionais, que afirmou publicamente que os casamentos forçados e precoces não fazem parte do alcorão.
Para além dessas lutas, também defendeu sempre uma boa educação para rapazes e raparigas. Segundo uma das suas teses repetida em várias ocasiões e que passamos a citar: "O Profeta Mohamed SWS defendia nas suas lutas pela islamização a educação, tanto para os rapazes como para as raparigas".
Em reação ao seu desaparecimento físico, a presidente do Comité Nacional para o Abandono às Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e da Criança (CNAPN), Fatumata Djau Baldé, disse que a organização que dirige perdeu um "Poilão" e uma figura difícil de substituir devido às suas dinâmicas no combate ao fenómeno nas sociedades que o praticam.
Contudo, diz esperar que a nova geração ou os jovens que agora trabalham no Comité estarão à altura de preencher o lugar deixado pelo Professor Malam Djassi.
Neste sentido, o Comité encoraja à população guineense em geral, e em especial aos coordenadores regionais, aos animadores, aos colaboradores, às organizações membros do Comité e parceiros nacionais e internacionais a prosseguirem com a luta contra as práticas nefastas na Guiné-Bissau, como forma de honrar o legado do malogrado professor e Imame Malam Djassi.
Paz à alma deste combatente por um Islão verdadeiro, sem mistificações.
ResponderEliminarQue repouse no Jannatul Firdawsi!