segunda-feira, 26 de outubro de 2020

António Guterres apela ao diálogo na Guiné-Conacri

Antes do anúncio dos resultados, a polícia reforçou a sua presença nas ruas de Conacri. 21 de Outubro de 2020. AP Photo/Sadak Souici

Texto por: Carina Branco com RFI

O secretário-geral da ONU quer uma “solução pacífica” e “diálogo” para responder à crise pós-eleitoral na Guiné-Conacri. António Guterres pediu ao presidente reeleito Alpha Condé e ao seu adversário Cellou Dalein Diallo, que contesta os resultados,para impedirem a violência.

Face aos confrontos registados depois de a comissão eleitoral ter anunciado a reeleição de Alpha Condé, o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, pediu uma “solução pacífica” através do “diálogo”. Guterres apelou para que o presidente reeleito Alpha Condé e o seu adversário Cellou Dalein Diallo – que contesta os resultados – impeçam a violência.

“Ele lança um apelo sobretudo ao Presidente da República da Guiné e ao chefe da oposição para convencerem os seus apoiantes a acabarem imediatamente com a violência e a começarem um diálogo construtivo para encontrar uma solução pacífica à crise pós-eleitoral”, pode ler-se no comunicado divulgado este sábado.

Por outro lado, “o secretário-geral exorta os líderes de opinião e a imprensa a acabarem com todos os discursos incendiários e com os apelos à dissensão de inspiração étnica”.

Este sábado, a comissão eleitoral anunciou a vitória do Presidente cessante de 82 anos, Alpha Condé, com 59,49% dos votos, contra 33,5% para o opositor Cellou Dalein Diallo, de 68 anos. Diallo não reconhece os resultados e denuncia a “indiferença” da comunidade internacional face ao que chama de “repressão selvagem”.

Depois do anúncio dos resultados, houve novos confrontos e, pelo menos, três pessoas morreram, elevando para 18 o número de vítimas da violência pós-eleitoral depois do escrutínio de 18 de Outubro. Porém, a oposição fala em cerca de 30 vítimas mortais.

Entretanto, uma “missão de diplomacia preventiva” é aguardada em Conacri para tentar acalmar os ânimos e deve ser composta por membros da CEDEAO, da União Africana e das Nações Unidas.

A decisão de Alpha Condé se candidatar a um terceiro mandato de cinco anos, depois de uma reforma constitucional em Março, foi altamente criticada pelos seus adversários. A reforma acabou com a limitação de dois mandatos sucessivos dos presidentes e os adversários denunciaram um "golpe de Estado constitucional". No ano passado, já a possibilidade de Alpha Condé se candidatar a um terceiro mandato gerou uma grande contestação e várias dezenas de pessoas também morreram.

Alpha Condé foi o primeiro chefe de Estado eleito democraticamente em 2010, após décadas de regimes autoritários na Guiné-Conacri. Cellou Dalein Diallo foi derrotado por Condé nas presidenciais de 2010 e de 2015, tendo proclamado a sua vitória a 19 de Outubro com base nos dados recolhidos pelos seus partidários nas assembleias de voto.

1 comentário:

  1. Organizações de vergonha, manipuladas... Triste, so mandam em Guiné-Bissau...

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