Empresa estatal que fornece eletricidade e água aos guineenses enfrenta período de dificuldades, mas direção descarta falência e garante que o fornecimento à população está assegurado.
Sede da EAGB, em Bissau
A Empresa de Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB), estatal guineense de Eletricidade e Água, passa por momentos de grandes dificuldades. Mas o diretor-geral da empresa, Mamadu Baldé, acredita que o pior período já lá vai, a partir do momento em que a empresa começou a pagar as dívidas aos fornecedores com a subida gradual das receitas mensais.
"Apesar desta situação, há vários sinais de melhoria nos últimos dois meses. Por exemplo, no que tange às receitas, as vendas de maio à junho cresceram 10,5% e de junho a julho cresceram 6,2%. Portanto, há uma tendência de aumento das receitas, que é uma das condições para o saneamento financeiro da empresa", afirma.
Agora, com um novo sistema com contador pré-pago montado na casa dos clientes, os guineenses são mais exigentes no que diz respeito às falhas de fornecimento de energia e questionam uma eventual falência da empresa - já que pagam para ter luz e água em casa.
O diretor-geral admite que a EAGB tem um avultado passivo, mas garante que, paulatinamente, tem estado a cumprir com os seus compromissos.
"A EAGB tem um passivo que corresponde a 36 milhões de euros. Esse passivo tem como credores principais o tesouro público, Orabank, o Instituto Nacional de Segurança Social e os próprios trabalhadores com alguns atrasados salariais e subsídios", relata.
Mamadu Baldé disse ser preciso "muita coragem" para tomar medidas urgentes para permitir que a empresa continue a funcionar. Desde logo, obrigar que todos os funcionários e dirigentes da EAGB passem a pagar a eletricidade e a água que consomem.
Reestruturação da dívida
Segundo o diretor, as reformas em curso vão permitir que cerca de 100 trabalhadores na idade legal de reforma possam auferir pensão. Mamadu Baldé deixou de ter aquela que é a principal preocupação: o pagamento atempado das faturas à empresa turca Karpower que produz e fornece energia elétrica que a empresa vende aos clientes em Bissau. O diretor Mamadu Baldé vê sinais encorajadores sobre o futuro da EAGB.
"O que fizemos foi assinar com o banco uma convenção de restruturação e reescalonamento da dívida para um prazo de oito anos, o que vai permitir diminuir a prestação mensal de 150 milhões para 90 milhões [de francos CFA]. Ou seja, apesar do passivo, não estamos em incumprimento com os nossos credores", afirma.
Garantia de fornecimento
Baldé garante aos guineenses que, neste momento, o fornecimento de eletricidade e água em Bissau está assegurado e que a empresa não está tecnicamente falida.
O Governo da Guiné-Bissau nomeou Mamadu Balde diretor-geral da EAGB depois de ter suspendido temporariamente, a1 de junho, o contrato de gestão da empresa, que estava a ser assegurado por um consórcio liderado pela Energias de Portugal (EDP), no âmbito de um programa do Banco Mundial.
O consórcio é integrado pelas empresas portuguesas EDP, Águas de Portugal e LCBS (Leadership Business Consulting) ao abrigo de um contrato de três anos financiado pelo Banco Mundial no valor de 3,9 milhões de euros.
Fonte: DW.COM
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