sábado, 1 de agosto de 2020

COLAPSO DA SUSTENTABILIDADE DOS BIJAGÓS


Fonte: IBAP - Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas

COLAPSO DA SUSTENTABILIDADE DOS BIJAGÓS

A exploração de recursos haliêuticos poderia ser uma das três fontes renováveis naturais para alavancar a economia nacional. Entretanto, o setor pesqueiro está em colapso. 

Os nossos recursos costeiros e marinhos estão em mãos alheias, os verdadeiros donos são pescadores vindos do Senegal, da República da Guiné, da Serra-Leoa, e do Gana. Depois de um enorme esforço feito pelas autoridades nacionais no domínio da conservação da natureza no Arquipélago dos Bijagós na primeira década de 2000 para acabar com os acampamentos nas áreas marinhas protegidas, de onde em vários lugares, foram expulsos pescadores e migrantes ilegais praticantes de atividades ilegais e ilícitas contrárias a boas práticas sustentáveis de pesca e de exploração florestal, ainda prevalece a vontade dos que veem de fora para dizimar os nossos recursos.

As nossas ilhas estão em poder dos estrangeiros. 
Os residentes bijagós, segundo os testemunhos por eles deixados não têm como reagir por considerarem ser o Estado guineense o principal responsável por esta situação catastrófica. O Estado é que faz assentamentos de pescadores e não estabelece regras nenhumas. Por falta de regras, os pescadores ilegais fazem dos nossos recursos o que lhe bem apetece, desmatando as florestas para a fumagem do pescado, onde nem a palmeira e o tarrafe escapam, capturando e vendendo carne de tartarugas marinhas nos acampamentos, crime no qual também se envolve a população local; usando indiscriminadamente artes de pesca proibidas, onde prolifera a rede de nylon. 

Hoje pode-se afirmar que as comunidades locais são tomadas como reféns pelo fato do Estado estar ausente e incapaz de fornecer os serviços mínimos a sua própria gente.

As autoridades locais têm consciência do risco com os quais nossos recursos se confrontam, mas, todavia, estão sem capacidades de reação por estarem elas próprias, também a mercê do facilitismo que encontram quando vão ao encontro desses estrangeiros malfeitores. Há uma espécie de conivência institucionalizada das autoridades locais em que muitos agentes se disponibilizam para fornecer informações confidencias para que os ilegais continuem a sair impunes para, em troca, receberem somas irrisórias em dinheiro, saco de arroz ou grade de cerveja.

Os ilegais falam de boca cheia que já cá estão há vários anos, sobre tudo no ramo da pesca artesanal, numa fileira que envolve pescadores, fumadores de pescado, transportadores e vendedeiras do pescado e comerciantes, dos quais muitos até fizeram filhos cá. No geral do tempo, eles não tentam melhorar as suas condições de vida cá, construindo casas boas e investindo na economia nacional, levaram e continuam a levar para fora não só os produtos de pesca para ganhar milhões, fugindo ao fisco, assim como a mais-valia que possam ganhar do negócio que possam fazer no mercado nacional.

Por essas e mais interrogações, as autoridades como a Guarda Costeira, o Instituto Marítimo Portuário, a Direção-geral das Florestas e Fauna, a Direção-geral da Pesca Artesanal e da Fiscalização das Atividades de Pesca devem sair da situação de letargia institucional para poderem olhar e encarar de frente a problemática de gestão integrada da zona insular e dos recursos costeiros e marinhos desta importante zona com potencialidades económicas ao nível das pescas, turismo e biodiversidade, apoiando o Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas na sua luta.

 




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