sábado, 18 de julho de 2020
METEOROLOGIA EXORTA CAMPONESES A RESPEITAR O CALENDÁRIO AGRÍCOLA E APROVEITAR A CHUVA
18/07/2020 / Jornal Odemocrata
O diretor do Serviço da Rede de Observação Meteorológica do Instituto Nacional da Meteorologia da Guiné-Bissau (INM), Cherno Luís Mendes, alertou que o país vai ter em 2020, um ano húmido e de muita chuva e com a previsão de os camponeses poderem fazer um bom ano agrícola e terem rendimento aceitável, por isso exortou os camponeses a respeitarem o calendário agrícola e aproveitarem a chuva.
O responsável fez essa observação em entrevista ao seminário O Democrata (13/07 /2020), para falar da previsão para os próximos três meses (julho, agosto e setembro) e das medidas preventivas a serem tomadas em consideração nesta época das chuvas, para se prevenir de eventuais inundações nas zonas húmidas, sobretudo em Bissau, e de eventuais danos causados até aqui pelos ventos e que eventualmente poderão fazer-se nos próximos tempos, tanto em Bissau como no interior do país.
A chuva que caiu sobre a capital Bissau nos últimos dias inundou alguns bairros periféricos (Bôr, Cuntum Madina e Jericó), tendoprovocado danos enormes. Os moradores abordados pelo nosso semanário mostraram-se preocupados com a situação e com a eventual subida de nível de água durante as chuvas, que se intensificaram nos últimos dias e clamam por medidas de segurança, sobretudo para a população que vive nos arredores da zona litoral ou zonas húmidas (bolanhas- várzeas).
Os moradores afirmam que quando chove, a água chega a atingir uma altura de dez centímetros ou mais, o que poderá deixar muitas famílias sem teto, se as chuvas se intensificaram nos próximos dias, numa altura em que o país se prepara para enfrentar o mês mais chuvoso da época, agosto.
METEOROLOGIA APELA À POPULAÇÃO A LIMPARAS VALAS ENTUPIDAS PELO LIXO E EVITAR INUNDAÇÕES
O Democrata ouviu o diretor do Serviço da Rede de Observação Meteorológica do Instituto Nacional da Meteorologia para saber se, nos próximos dias ou meses, choverá intensamente e se haverá ventos que poderão causar mais prejuízos às populações, Cherno Luís Mendes explicou que, de acordo com a previsão feita em abril e a atualização de maio deste ano, tudo indicava que o país teria um ano húmido (chuva normal) durante o mês de junho findo. Ou seja, choveria, a nível de todo o território nacional, de forma normal, mas com muita água e com tendência ainda de vir a chover mais nos próximos meses.
Relativamente à previsão trimestral de julho, agosto e setembro, Cherno Mendes sublinhou que o estudo apontava que não haveria muita alteração e que choveria normal nesses meses com tendência de vir a chover muito.
O especialista Cherno Luís Mendes informou que ter um ano húmido significa que a Guiné-Bissau terá água suficiente para os camponeses realizarem as suas atividades e ter boa colheita e as plantas poderão desenvolver-se com muita qualidade. Porém, advertiu que ter grande quantidade de água nos campos ou boa época chuvosa não significa ter um bom ano agrícola ou grande quantidade de produção, porque “tudo dependerá do solo, da injeção da água e do respeito pelo calendário agrícola e outros mecanismos que devem ser observados à volta do rendimento agrícola”.
“Se tudo for respeitado em termos de calendário cultural e a observância da gestão da água até ao final do ano, poderemos ter um bom resultado em termos de produção”, precisou.
Cherno Luís Mendes esclareceu que o que se pode esperar este ano não é a subida do nível da água do mar, mas sim as habituais inundações em alguns locais húmidos habitados de forma inadequada.
“Há violação, em termos de construção de casas. Foram construídas habitações nas zonas inapropriadas, essas zonas onde não se consegue respeitar ou isolar a passagem da água serão suscetíveis a eventuais inundações”, indicou e lembrou que essa preocupação está entre as recomendações do Instituto Nacional da Meteorologia, porque “quando se fala de um ano húmido, estamos a falar de grande quantidade da chuva e essas zonas que normalmente sofriam dessas inundações serão novamente suscetíveis a esse fenómeno”.
“Tudo tem a ver com as construções feitas nas zonas húmidas, impedem a circulação ou a passagem normal da água. Outrasituação que se verifica em Bissau está relacionada com a grande quantidade de lixo nas valas de evacuação de água e quando transbordam, a água invade as habitações próximas dessas zonas. Todos temos que ter a consciência que as valas são feitas para evacuação da água, não para vazar lixo”, criticou Cherno Mendes.
Como uma das medidas de prevenção, Cherno Luís Mendes aconselhou a população residente nas zonas húmidas a desencadear ações de limpeza das valas entupidas pelo lixo e os canais de drenagem para permitir a circulação normal da água.
Em relação a ventos fortes que se fizeram sentir nos últimos dias na Guiné-Bissau, Luís Mendes informou que os mesmos continuarão a fazer-se sentir nos meses de julho, agosto e setembro, meses mais chuvosos, com cerca de 80% da chuva que cai por época na Guiné-Bissau.
“Não podemos evitar que ventos fortes ocorram, o vento é um fenómeno natural acompanhado de deslocação de nuvens que ninguém pode travar. Se o sistema estiver a deslocar, desloca-se com o vento. O importante é tomar medidas de precaução adequadas, nomeadamente: fechar as portas sempre que se faz sentir vento e evitar ter árvores de grande porte próximo das habitações, porque representam ameaça”, aconselhou.
“Se estiverem afastadas, podem servir de proteção, porque reduzem a velocidade do vento e diminuem os danos que o vento poderá causar se atingir as nossas habitações”, insistiu.
Cherno aconselhou os pais e encarregados da educação a protegerem os seus filhos ou impedi-los de circularem próximo de valas quando chove com grande intensidade ou nadar nas zonas litorais nesta época das chuvas, porque representa grande risco à vida para as crianças.
No que concerne aos pescadores que se fazem ao mar na época das chuvas com grandes riscos, Cherno Mendes frisou que INM tem informado com frequência nos diferentes boletins meteorológicos difundidos nos órgãos de comunicação social sobre a situação do mar, sobretudo “quando vamos ter situaçõesde mar agitado e o perigo que isso representa para as pequenas embarcações e canoas de pesca artesanal”, tendo lembrado que é importante estarem atentos e seguir normalmente a difusão dos boletins meteorológicos do Instituto Nacional da Meteorologia, relativamente à situação do mar neste período.
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S/D.S
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