sábado, 4 de julho de 2020

GRAU ZERO DA POLITICA

Fonte: APU-PDGB-Oficial

"Em vez de fazer o jogo institucional e, por excelência, era um jogo democrático na melhor sede para o fazer (no parlamento), o PAIGC, surpreendentemente, fez "anti-jogo", primou pela năo comparência no "estádio". O árbitro - Presidente da ANP Eng. Cipriano Cassamá - registou a falta de comparência.

O PAIGC decidiu mandar os "seus" deputados fugir; desertar-se do parlamento, ficar em casa. Fugiram do debate parlamentar.

Em vez de ele próprio fazer política, o PAIGC resolveu mandar advogados falar de outra coisa bem diferente..., para entretenimento, só para tentar empatar. Mas, ainda bem que tiveram o Eng. Jorge Mandinga a ensiná-los o que é política a sério, o que é política substantiva. Foi ontem, dia 3 de julho, na RTP África, no programa "Causa e Efeito";

A pergunta-chave que o PAIGC deveria responder é esta: afinal, porque não foram à ANP transformar aritmética e automaticamente - o "pedido de confiança", apresentado pelo Eng. Nuno Gomes Nabiam, em "moção de censura" do PAIGC contra o atual governo? Repare-se que só lhes bastava votar "contra", e pronto. Porque năo o fizeram? Certamente, porque nāo tinham confiança nas suas próprias contas.

Porque é que o PAIGC não foi à sessāo parlamentar, de 29 de junho, suplantar com os seus votos (de rejeição) a votação contrária, essa votaçāo que se exprimiu claramente pela aceitação do Programa do Governo de Nuno Nabiam, por quê?

Porque não foi o PAIGC demonstrar publicamente ao povo guineense quanto ainda vale a sua propalada "maioria parlamentar"?

O PAIGC preferiu "fugir" agora, para mais tarde - como já veio prometer - atacar novamente em tribunal. Impugnar novamente! Será isso fazer política? Ou isso só tem um nome próprio: matar a política.

O PAIGC escolheu, pois, desperdiçar uma oportunidade verdadeiramente política, uma oportunidade democrática soberana, para mostrar o que ainda resta da sua pretérita maioria parlamentar. Afinal, aquela sua antiga (a inicial) maioria já deixou de ser maioria - é isso que transparentemente ficou patente, e é isso - e é só isso - que realmente conta.

O que mais dói ao PAIGC - e isso humanamente até se lhe compreende -, é o facto de ter perdido publicamente a sua antiga maioria também com os votos de cinco deputados "seus" - cinco camaradas do PAIGC - cansados de tanta guerra (desde Cacheu), cansados de tanta fadiga.

E têm razāo. Só um ingênuo, só um fulano inocentemente perigoso, pode ainda acreditar que um "novo" governo liderado pelo PAIGC saberia coabitar ordeiramente, respeitosamente com um Presidente da República que chamaram, e continuam a chamar de "golpista", de "auto-proclamado", de "impostor". Só se acontecesse um milagre, e, como sabem os crentes, os milagres só podem vir de Deus, e jamais de um partido político, ainda por cima, de um partido comprovadamente arrogante.

Como poderá este PAIGC coabitar respeitosamente com o MADEM G15 e o PRS, partidos que (o PAIGC), na sua incontida arrogância, sempre desprezou e humilhou? Quem quer, novamente, correr esse risco político? Quem quer empurrar a Guiné-Bissau para um novo ciclo politico de guerrilha institucional e de instabilidade?

Quem é que está a fingir esquecer de todos os registos de um passado recente, de politica de "terra queimada", de guerrilha institucional quase interminavel ("quase", porque, enfim, ela já terminou), que o PAIGC forçou o país a "engolir" durante mais de metade da Nona Legislatura.

Quem é que tem saudades desse tempo de tempestade política?! Dessa noite longa, quase sem madrugada? Quem gostaria de repetir a dose, essa dose "malgóss"?

Por favor, acabemos, de vez, com uma narrativa falaciosa, intensamente circulante. De que "fizeram (PAIGC incluído) o favor de reconhecer o Presidente da República para em troca, o Presidente da República devolver o governo ao seu "dono" ( o PAIGC). Este "quid pro quo" năo existiu, e dificilmente poderia ter existido.

O Presidente da República não precisou de nenhum "favor", e o PAIGC, em princípio, também não parecia precisar de reivindicar qualquer "favor", qualquer "quid pro quo".

Atenção: não foi "por favor" que o Presidente da República foi reconhecido pela CEDEAO. Foi reconhecido simplesmente porque ganhou as eleições, uma vitória reiteradamente confirmada pela Comissăo Nacional de Eleições, e cuja transparência os observadores internacionais, na sua unanimidade, năo questionaram uma única vez.

Democracia, como todos sabem, não tem propriamente um "dono". Ao contrário: ela é um teste recorrente, um desafio contínuo, um escrutínio constante, uma avaliação permanente, enfim, é uma competição ordeira em que "o povo é quem mais ordena".

E num tal entendimento, é preciso perguntar: como é que o Presidente da República haveria de devolver o governo ao seu presumido "dono", se este "dono" (o auto-convencido PAIGC) foi democrática e publicamente chumbado no teste de maioria parlamentar do dia 29 de junho?

Como pode o PAIGC reivindicar a posse da chefia do governo depois de - aos olhos de todo o mundo -, ter sofrido uma pesada derrota parlamentar no dia 29 de junho de 2020? Como?"

4 de julho de 2020

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