sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Bastonário de Jornalistas: “HÁ DE FATO ALGUNS ÓRGÃOS QUE TÊM ATIVISTAS, NÃO JORNALISTAS”

O Bastonário da Ordem de Jornalistas da Guiné-Bissau, António Nhaga, afirmou que alguns órgãos da comunicação social guineense têm mais ativistas e não jornalistas. Nhaga que igualmente é professor da Ciência de Comunicação e Jornalismo na Universidade Lusófona da Guiné e Editor do semanário “O Democrata” fez esta constatação esta sexta-feira, 15 de Novembro de 2019, à saída de uma audiência com o Secretário de Estado da Comunicação Social, João Baticã Ferreira, na qual analisaram também os problemas essenciais da comunicação social guineense.

Em declaração aos jornalistas aproveitou a ocasião para esclarecer que a ordem de suspensão da cobertura da campanha eleitoral, ainda em curso no país, por parte dos órgãos públicos, não saiu do Secretário de Estado da Comunicação Social. E contrariamente a esta informação “ele até está a procurar os meios necessários e suficientes para pô-los à disposição dos órgãos para fazerem a cobertura de forma independente”.

“A Ordem veio cá falar com o representante do governo de forma franca e honesta. O Secretário de Estado da Comunicação Social desta vez foi uma pessoa espetacular, porque de fato conseguimos debater os problemas essenciais de comunicação. Não é verdade que  mandou suspender os trabalhos da cobertura da campanha eleitoral. Até porque convocou todos os diretores dos órgãos públicos para analisarem o assunto”, referiu bastonário de jornalistas.

Na sequência desse esclarecimento, António Nhaga disse ter transmitido ao Secretário de Estado da Comunicação Social a necessidade urgente da existência de “um modelo de negócio”(forma de auto-financiamento) dos  órgãos comunicação social, através de programas e rubricas.

“Porque se houvesse um modelo de negócio, não haveria a necessidade e os próprios órgãos teriam condições próprias para fazer a cobertura da campanha eleitoral, sem terem que recorrer à subvenções do governo”, afirmou, sublinhando que se houvesse um fundo de financiamento da imprensa disponível cada órgão iria buscá-lo de acordo com as rubricas e programas que tivesse. Lamentou o fato de o modelo de negócio estar dependente ou assente em três variáveis fundamentais, nomeadamente: a situação económica do país, o regime político e o nível de liberdade de expressão e da imprensa.

“No nosso caso concreto, a realidade guineense, não se pode criar uma taxa de comunicação social na água ou na luz. O FUNPI, por exemplo, com cinquenta francos Cfa por quilo, angariou muito dinheiro. Mas nós dissemos ao Secretário de Estado que se isso fosse aplicado em termos de contentores que entram e saem dos portos e se por cada um se deixasse cem francos CFA, daria muito dinheiro”, precisou.

Contudo, António Nhaga sublinhou que a questão da conduta dos jornalistas na cobertura da campanha eleitoral não foi abordada durante o encontro. Porém, defendeu a definição de critérios de quem, realmente, é ou não jornalista. 

A preocupação do bastonário foi levantada justamente numa altura  em que os candidatos às presidenciais de 24 de novembro já consumiram mais de dez dos vinte e um dias previstos na lei. 

Por: Filomeno Sambú

Foto: F.S

OdemocrataGB

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