Quase 300 trabalhadores da organização das eleições indonésias de 17 de abril morreram devido sobretudo a exaustão e cerca de 2.000 ficaram doentes depois de mais de 24 horas a contar votos, disse hoje o porta-voz da Comissão Eleitoral.
Pelo menos 296 trabalhadores morreram e 2.151 ficaram doentes depois de mais de 24 horas a contar votos à mão ou a exercer tarefas de supervisão nos 800 mil colégios eleitorais do país, adiantou Arief Priyo Susanto à agência espanhol Efe.
A situação está a criar uma onda de apoio às vítimas e muitas críticas ao sistema eleitoral da Indonésia.
"Heróis das eleições indonésias" ou "mártires da democracia" são algumas das declarações divulgadas por milhares de cidadãos locais nas redes sociais que criticam o trabalho esgotante e as condições de calor extremo dos mais de sete milhões de trabalhadores temporários contratados para a organização das eleições.
Pela primeira vez na história da terceira maior democracia do mundo, os indonésios elegeram, num só dia, o Presidente, vice-presidente, deputados da câmara baixa e da câmara alta e representantes das províncias e dos municípios entre 245 mil candidatos.
O próprio vice-presidente, Jusuf Kalla, pediu que não se volte a fazer coincidir tantas eleições numa mesma jornada.
Com mais de 17 mil ilhas e uma extensão de cerca de 5.000 quilómetros, os comícios apresentam-se como um autêntico desafio logístico na Indonésia.
Os resultados eleitorais oficiais serão divulgados a 22 de maio, sendo que a provável vitória pertence ao atual Presidente, Joko Widodo, e ao seu partido, de acordo com as contagens não oficiais.
Estima-se que 80% dos quase 193 milhões de indonésios chamados a votar puseram cruzes em cinco papéis cada um, que depois foram contados à mão pelos elementos das mesas, em alguns casos até à manhã seguinte.
"Estavam extenuados porque tiveram de assumir as suas responsabilidades, em alguns casos, durante mais de 24 horas seguidas", disse o porta-voz da Comissão Eleitoral.
Ishak Sarawiajo liderou o grupo de trabalho numa mesa eleitoral no norte da capital, onde um dos seus companheiros, Hamid Baso, de mais de 50 anos, esteve em coma durante dois dias a seguir às eleições, estando agora a tentar recuperar num hospital do norte da cidade.
Para Sarawiajo, os que morreram merecem ser chamados de "heróis da democracia", já que estavam no cumprimento do seu dever.
As famílias dos mortos vão receber 36 milhões de rupias (cerca de 2.270 euros), os incapacitados receberão 30 milhões de rupias (1.890 euros) e os doentes ou lesionados terão direito ao equivalente a 1.040 euros para os casos graves e 520 euros para os ligeiros, divulgou a Comissão Eleitoral.
NAOM
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