Saúdo com renovada satisfação os que aceitaram participar neste debate, com serenidade, competência e decoro, visando essencialmente a saída pacifica da crise que nos castiga, já à mais de dois anos. Porque os problemas requerem soluções, os que lhas devem encontrar não se devem agredir mutuamente, mas cooperar, como está a acontecer com a maioria dos que reagem às nossa reflexões.
Hoje proponho-me falar de uma outra via de devolução do poder ao PAIGC.
Dentre os principais protagonistas desta crise que afastou o PAIGC do poder, não há um que lhe seja estranho. Dizem-se todos, seus militantes. Como quem “pode o menos pode o mais”, admito que lhes cabe a responsabilidade de devolver o poder ao PAIGC.
Cingindo-me ao PAIGC, repito: PODE E DEVE RECONCILIAR-SE. Tem é que agir nesse sentido, fazendo recurso a abordagens mais realistas e pragmáticas.
Vedar o partido e a ANP, espaços nobres de debate, onde se poderia abrir caminhos para a saída da crise, não oferece ganhos ao PAIGC. Assim penso, pelas seguintes razões:
- Num partido ou parlamento que se pretenda democrático, as soluções se constroem pelo debate entre correntes de ideias divergentes;
- Vedar o Partido e a ANP, é recuar ao ultimo reduto. Quando assim é, evidente é, que não se progrediu no combate e se está mais próximo do desaire que do contrário;
- Outro facto decorrente destas vedações, é o PAIGC ser colocado injustamente na posição de quem está a manter em exercício um governo que considera “ilegítimo”, porque não aceita abrir as portas da ANP para se o chumbar ou legitimar. Paradoxo.
- Os que protagonizam esse estado de coisas, dizem fazê-lo em defesa do partido, quando na verdade estão em defesa das suas posições no partido e na ANP, porque o mandato é do PAIGC, cabendo aos seus dirigentes defende-lo e implementa-lo apenas;
- Quem está em posição de força na luta politica, não faz uso de bloqueio de instituições para defender as suas posições, sob pena de dar um mau sinal ao eleitorado quanto às suas reais capacidades;
- Ensinou Amílcar Cabral que “O POVO NÃO LUTA PELO QUE ESTÁ NA CABEÇA DOS DIRIGENTES. LUTA POR COISAS CONCRETAS, PARA RESOLVER OS SEUS PROBLEMAS DO DIA A DIA (COMIDA, HABITAÇÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO etc)”. Daí que, o seu militantismo não é um cheque em branco, particularmente num país em que a maioria da população vive na pobreza, para não dizer extrema pobreza;
-É missão de dirigente, estudar, compreender, conceber e trabalhar com os demais, para a resolução de problemas de todos.
Se todos agirmos de boa fé, vencerá o PAIGC e o povo guineense.
Humildemente me curvo ante a vossa sabedoria.
Fonte: Ernesto Dabo
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